ABCS alerta: Plano Safra 2025/2026 não acompanha a crescente demanda da suinocultura por modernização
A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) acompanhou, em 1º de julho, o lançamento oficial do Plano Safra 2025/2026 no Palácio do Planalto, em Brasília. O novo ciclo contará com R$ 516,2 bilhões destinados à agricultura empresarial, o maior valor da história do programa, representando uma elevação tímida de 1,5% em relação à safra anterior. A entidade, no entanto, chama atenção para limitações que podem comprometer o avanço da suinocultura brasileira.
Segundo o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, as linhas voltadas à modernização da produção, como o Inovagro e o Moderagro, não acompanharam o crescimento das necessidades do setor. “Os valores praticamente se mantiveram em relação à safra passada, enquanto a demanda segue crescente. Isso acende um sinal de alerta para os produtores que buscam investir em eficiência, bem-estar animal e sustentabilidade”, afirma.
A preocupação é reforçada pelo aumento significativo das taxas de juros. No caso do Inovagro, por exemplo, a taxa subiu de 10,5% para 12,5% ao ano. Mesmo o crédito de custeio empresarial, essencial para o dia a dia da produção, teve aumento: passou de 12,0% para 14,0% ao ano. Para o consultor de mercado da entidade, Iuri Machado, o reajuste já era esperado diante da trajetória da Selic, mas representa um entrave adicional. “Houve aumento no valor por tomador, mas o custo do dinheiro ficou mais alto. Isso pode inibir investimentos importantes”, analisa.
Outro ponto crítico apontado pela ABCS é a falta de participação efetiva do setor produtivo na construção do plano. A gerente de relações governamentais da entidade, Ana Paula Cenci, destacou que o desenho das políticas públicas foi feito sem diálogo com representantes da produção. “Num momento de restrição fiscal, o produtor rural precisa de previsibilidade e condições reais de acesso ao crédito. Sem isso, perdemos competitividade”, pontua.
A ABCS reiterou seu compromisso em seguir acompanhando a execução do plano, dialogando com o governo e propondo ajustes que assegurem condições adequadas de financiamento aos suinocultores. A entidade reforça a importância de políticas públicas que priorizem inovação, eficiência e segurança sanitária para sustentar o crescimento do setor.