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Aplicação prática da biosseguridade na produção de suínos

Escrito por: Cândida Azevedo - Doutorado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"

O conceito de biosseguridade na suinocultura faz referência de se manter o meio ambiente livre de micro-organismos ou com uma carga mínima que não interfira na saúde e na produção. Podemos definir o conceito de biosseguridade como a aplicação de um conjunto de práticas de manejo  para reduzir a entrada e transmissão de agentes patogênicos e seus vetores no sistema de produção. As medidas de biosseguridade são descritas para prevenir e evitar a entrada de patógenos que podem afetar a sanidade, o bem-estar e o desempenho produtivo dos suínos.

O meio mais fácil de ocorrer patógenos em um rebanho é a partir da introdução de suínos infectados. Os protocolos de biosseguridade devem considerar os diversos fatores de risco e sua redução a níveis aceitáveis. Infelizmente, não há risco zero.

Em termos práticos, o objetivo de toda granja é ser livre do maior número possível de doenças. Essa preocupação inicia-se na localização da granja e depois nas operações de rotina, que incluem:

A condição de estar livre do maior número de doenças é o principal fator de eficiência e rentabilidade das granjas.

Adicionalmente, as possíveis fontes de contaminação da granja são:

Protocolos de boas práticas de biosseguridade em sistemas de produção de suínos

  1. Visitas técnicas e staff, vazio sanitário, banhos/livro de registros/entrada de materiais para coleta de material.
  2. Compatibilidade sanitária da fonte externa de suínos, sêmen e embriões.
  3. Quarentenário – localização, pessoal exclusivo, avaliações clínicas diárias, testes sorológicos, necropsias, coleta de material para exames.
  4.  Fonte de reposição – reduzir ao máximo o número de animais e que tenham estado de saúde compatível.
  5. Inseminação artificial – controle de qualidade da água, sêmen e cuidados com os varrões.
  6.  Estacionamentos, embarcadouro e desembarcadouro.
  7.  Sequência de carregamento e descarregamento da área limpa para suja, da maternidade para creche e depois para terminação.
  8. Estabelecimento de áreas limpas e contaminadas.
  9. Lavagem e desinfecção de veículos e instalações. Cuidado especial com caminhões que vão ao frigorífico ou transportam suínos de baixo estado sanitário. Preocupação especial com a parte interna dos caminhões (controle microbiológico).
  10. Remoção diária de resíduos e dos mortos para destino adequado.
  11. Fluxo interno de materiais, pessoas e equipamentos e rações.
  12. Hospital, ambiente, mão de obra exclusiva, sacrifício dos irrecuperáveis.
  13. Vacinações, medicações, sorologias, exames laboratoriais, necropsias, remessa de material, monitoramentos clínicos.
  14. Descarte de refugos e doentes e abates de emergência.
  15. Programa de controle de roedores, moscas e pássaros dentro das instalações.
  16. Qualidade e quantidade da água.
  17. Salas de necropsia e forno crematório.
  18. Vestiários, macacões, botas, luvas, uniformes, banhos.
  19. Rações – produto de origem animal, produção interna ou externa, transporte.
  20. Fluxo de pessoal dentro da granja – pedilúvios entre salas.
  21. Farmácia – medicamentos de uso de rotina, geladeiras com monitoramento da temperatura.
  22. Pedilúvios na entrada de galpões e entre setores.
  23. Avisos de proibições de entrada. Uso de cadeados etc.
  24. Programas emergenciais.
  25. Esterilização diária de seringas, bisturis, tesouras e desinfecção de demais materiais.

Ao avaliarmos o programa de biosseguridade de uma granja, é importante relacionar uma lista completa de todos os itens que entram nas granjas e saem. Isso deve ser feito com a participação de todos os responsáveis pelos setores e não apenas pelos gerentes. É recomendável especificar onde cada evento ocorre, assim como a frequência.

Considerar cuidadosamente cada evento, sob o ponto de vista de biosseguridade e a habilidade do staff para controlá-los, sempre mantendo as prioridades. Não temos como controlar fatores como clima, vento, vizinhos, etc., mas podemos monitorar a movimentação de pessoas e animais, sua origem, o descarte, o carregamento e entrega de cevados, os vestiários, a chegada de matérias-primas etc. Auditorias ou revisão crítica do sistema devem ser regularmente realizadas, pelo menos uma ou duas vezes por ano, por técnico capacitado, em todos os níveis do sistema de produção. O treinamento do pessoal é essencial para sua capacitação e desenvolvimento de sistemas efetivos.

Por fim, vale ressaltar que, o custo de implantação de um programa de biosseguridade funcional é mínimo, comparado com as perdas potenciais por doenças, que são previsíveis por intermédio da biosseguridade.

Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, ABCS.

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