Tendo visto como principal objetivo da suinocultura moderna a maior rentabilidade do sistema de produção, e sabendo que a saúde animal está diretamente relacionada aos resultados obtidos, têm-se dado maior atenção a sanidade dos rebanhos e às medidas de biosseguridade. Mais do que tratar enfermidades, a prevenção de doenças é importante tanto para o bem-estar animal quanto para a produtividade econômica.
Além disso, a prevenção
também é importante para a
segurança alimentar e saúde
pública quando se trata de
patógenos zoonóticos.
A biosseguridade pode ser definida como a aplicação de medidas que visam reduzir a probabilidade de introdução e disseminação de patógenos, sendo o principal objetivo evitar a transmissão, seja entre ou dentro do sistema de produção (ALARCÓN; ALBERTO; MATEU, 2021). Dentre as medidas internas a serem tomadas podem ser citadas medidas relativas à:
Uma vez garantida as medidas internas, deve-se impedir a entrada de possíveis agentes infecciosos no sitio de produção, e para isso, são necessárias:
- medidas de controle de acesso de pessoas e veículos,
- realização de quarentena para a introdução de novos animais, garantia de qualidade do sêmen, alimentos e água e
- isolamento de outras unidades de produção a fim de minimizar a transmissão pelo ar (ALARCÓN;
ALBERTO; MATEU, 2021).
MAGALHÃES e MAGALHÃES (2017) atribuíram a mais de 95% dos casos de doenças em diferentes sistemas de produção, associação direta com a entrada de animais (suínos ou de outras espécies animais), sêmen, transporte, ração, água, entrada de visitantes, roedores, insetos e pássaros. Sendo estes fatores passíveis de correção por um bom sistema de biosseguridade na propriedade.
Ademais, sabe-se que a forma mais comum de contaminação do rebanho é através da aquisição de animais para reposição. Sendo que para minimizar estes riscos deve-se adquirir animais de uma granja GRSC (Granjas de Reprodutores Suídeos Certificadas), ou seja, um sistema de produção de suínos de melhoramento genético e multiplicação que mantêm um programa de biosseguridade com controles sorológicos e acompanhamento periódico do estado de saúde dos suínos (SOBESTIANSKY, 2002).
Além disso, animais recém-adquiridos devem ser mantidos em quarentena, por um período correspondente ao período médio de incubação conhecido para a doença objeto dessa medida e/ou pelo tempo suficiente para realização de provas e testes diagnósticos (ISHIZUKY, 2000). O quarentenário deve localizar-se do lado de fora do sítio de produção, do lado oposto aos ventos dominantes e de preferência com algumas barreiras físicas entre ambas.
Através da adoção dessas medidas de controle na inserção de novos animais ao rebanho, pode-se verificar se os animais são portadores de determinadas doenças e assim, impedir a tempo a entrada de agentes patogênicos diversos ao rebanho que poderiam resultar em grandes perdas econômicas.
Vale salientar que, a prática da
quarentena só pode ser realizada de
maneira precisa se a granja contar
com uma correta biosseguridade,
permitindo o isolamento total do sítio
de produção e com o quarentenário
corretamente posicionado.
Uma vez assegurada a entrada de animais livres de doenças que não pré-existentes na granja, deve-se trabalhar com medidas para manter um bom status sanitário no plantel.
Roedores, pássaros, moscas, animais silvestres e domésticos, e até mesmo os animais de estimação, constituem fontes de transmissão de enfermidades, devendo ser controlados e mantidos o mais afastado possível das instalações.
Adicionalmente, La, Phillips e Hampson (2016) relataram a detecção de Brachyspira hyodysenteriae em cães domésticos, roedores e pássaros e propuseram que esses animais poderiam introduzir o agente aos leitões.
Com isso, vale citar a importância de um correto manejo da composteira, o que evita que os agentes patogênicos, em alta contração na composteira, voltem a circular nos galpões, através, principalmente, dos vetores.
Em síntese, a adoção de um correto programa de biosseguridade nos auxilia no controle de doenças pré-existentes na granja e principalmente que novas doenças sejam inseridas no plantel. Por outro lado, o estado de saúde do rebanho deve ser constantemente avaliado através de monitorias sanitárias, que através de exames periódicos, avalia o status sanitário do sítio de produção e faz a vigilância de doenças (VITAGLIANO, 2002).
Uma vez conhecido o status sanitário do rebanho, é mais fácil de se detectar a inserção de novas doenças, assim como estabelecer um diagnóstico preciso sobre o quadro clinico instalado na propriedade.
Pode-se afirmar que um bom programa de biosseguridade auxilia no diagnóstico de doenças de uma unidade de produção de suínos. Além do mais, já é bem estabelecido que uma melhor biosseguridade pode ajudar a melhorar a produtividade e contribuir para reduzir o uso de antimicrobianos (ALARCÓN; ALBERTO; MATEU, 2021).
A restrição do uso de antibióticos na produção animal se dá por diversos fatores, e dentre eles pode-se citar:
- resíduos na carcaça,
- desenvolvimento de cepas bacterianas resistentes aos antimicrobianos usados na produção animal e
resistência aos usados também na medicina humana; bem como às exigências de legislações e mercados (VIEITES et al., 2020).
O estabelecimento de uma microbiota estável é um dos pilares de uma boa saúde intestinal, juntamente com digestão e absorção eficazes de alimentos, ausência de doença gastrointestinal, eficiente estado imunológico e, por fim, bem-estar animal (BISCHOFF, 2011). E estes fatores, levam o animal a expressar um melhor desempenho e estado de saúde.
Conclusão
Por fim, pode-se associar um bom programa de biosseguridade ao controle de doenças e diminuição do uso de antimicrobianos, estando diretamente relacionados a saúde animal. Com isto, o animal pode expressar seu máximo desempenho produtivo, além de estar em pleno bem estar animal, o que leva a um sistema de produção de acordo com as exigências do mercado consumidor e em máxima produtividade e lucratividade.