Comemoração dos 50 anos da Inseminação Artificial em Suínos destaca pioneiros e evolução tecnológica no Brasil
A trajetória que transformou a suinocultura brasileira em cinco décadas foi o centro do painel “Inseminação Artificial em Suínos: 50 anos de sucesso no Brasil”, realizado durante a programação do SINSUI 2025. A palestra de abertura foi conduzida pelo médico veterinário Werner Meincke, pioneiro da técnica no país, seguida por uma homenagem a personalidades que marcaram a história da IA suína, conduzida por Alexandre Marchetti, diretor da Minitube Brasil.
Em sua apresentação, Meincke relembrou a criação da primeira central brasileira de inseminação artificial em suínos, instalada em Estrela (RS), ainda em 1975. À época, a tecnologia recém importada da Holanda era cercada de incertezas, segundo ele.
“Não sabíamos se funcionaria aqui, por isso começamos de forma muito modesta, num pavilhão de exposições da ABCS – Associação Brasileira de Criadores de Suínos-, com três pessoas atendendo diretamente os produtores do Vale do Taquari”, contou.
Werner lembrou que, a partir dos primeiros resultados positivos — com taxas baixas de retorno ao cio e leitegadas numerosas —, a expansão foi possível por meio de convênios com cooperativas, sindicatos e prefeituras. Técnicos locais eram treinados na central e passavam a atender os produtores de suas regiões, lemrbou.
Quatro momentos de transformação
Meincke organizou a evolução da Inseminação Artificial em quatro fases principais:
- A introdução da técnica no Brasil, com as primeiras experiências práticas em granjas pequenas.
- A adoção de laboratórios internos por granjas maiores, que passaram a produzir suas próprias doses de sêmen.
- A formação de centrais pelas cooperativas e integradoras, ampliando o acesso à tecnologia.
- E, por fim, a fase atual, marcada por centrais modernas ligadas a empresas de genética, com alto investimento em biossegurança e automação.
“A comparação entre o que fazíamos e o que se faz hoje é quase impensável. Antes, usávamos pipetas de borracha reutilizáveis, autoclavávamos e reenviávamos junto ao sêmen. Hoje são descartáveis, com segurança sanitária. Antes, contávamos células em câmara de Neubauer; hoje, softwares como CASA fazem isso automaticamente”, destacou.
Reconhecimento
Após a palestra, Alexandre Marchetti conduziu uma cerimônia, prestando homenagens a profissionais que dedicaram décadas à difusão e ao aprimoramento da inseminação artificial em suínos no Brasil.
Entre os homenageados estiveram:
- Werner Meincke, médico-veterinário formado pela UFSM, pioneiro na introdução da inseminação artificial em suínos no Brasil. Atuou como diretor da primeira central de IA do país, em Estrela (RS), e presidiu a ACSURS entre 1983 e 1988. É sócio fundador da Planrural, Vitagri e Genetiporc do Brasil e atualmente é consultor da Agroceres PIC.
- Isabel Scheid, médica-veterinária formada pela UFRGS, com doutorado pela Universidade de Hannover. Atuou na implementação do programa de IA no Vale do Taquari e foi pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, além de docente e membro da Academia Rio-Grandense de Medicina Veterinária. Desde 2019, dedica-se a atividades de cidadania, meio ambiente e observação de aves.
- Guilherme Brandt, médico-veterinário com mestrado em reprodução animal e MBA em gestão empresarial. Atuou por décadas na Perdigão e BRF, onde implementou a central de IA de Videira (SC). Hoje é sócio da GBR Consultoria.
- Ivo Wentz, médico-veterinário com doutorado em fisiopatologia pela Escola Superior de Medicina Veterinária de Hannover e pós-doutorado na Alemanha. Atuou na Embrapa Suínos e Aves e como professor da UFSM e UFRGS. É o atual prefeito de Panambi (RS).
- Fernando Bortolozzo, professor titular da UFRGS e bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq. Formado pela UFRGS, com doutorado pela Escola Superior de Medicina Veterinária de Hannover, é referência em reprodução animal no país.
- Paulo Silveira, médico-veterinário com longa trajetória na ACCS e na Embrapa Suínos e Aves. Iniciou sua carreira como extensionista em SC e foi responsável técnico pela central de IA da ACCS em Concórdia, dedicando-se também à docência em reprodução suína.
- Gilberto Moacir da Silva, médico-veterinário com atuação como professor e inspetor da ABCS. Pela ACSURS, foi diretor técnico da Central de IA, vice-presidente e superintendente de registros genealógicos. Atualmente, dedica-se à comunidade de Estrela (RS).
“Celebrar os 50 anos da IA em suínos é reconhecer o trabalho de quem começou com quase nada e construiu um legado de excelência”, salientou Marchetti. “E também é reforçar o nosso compromisso em levar essa tecnologia adiante, com inovação, segurança e resultados para os produtores”, concluiu.