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Como o Brasil está enfrentando sua primeira crise sanitária envolvendo Influenza Aviária em granja comercial

Como o Brasil está enfrentando sua primeira crise sanitária envolvendo Influenza Aviária em granja comercial

A confirmação do primeiro foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP – H5N1) em uma granja comercial no Brasil desencadeou uma operação nacional de contenção e colocou o setor avícola em estado de alerta. Desde a detecção do vírus em uma unidade produtora de matrizes pesadas no município de Montenegro (RS), o país passou a lidar com consequências sanitárias e comerciais inéditas, incluindo a suspensão temporária de exportações por parte de mercados como China, União Europeia, Japão, Uruguai e Argentina.

O caso, oficialmente notificado à OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal) em 16 de maio, envolveu uma mortalidade abrupta de aves e foi confirmado por diagnóstico laboratorial no LFDA de Campinas. Segundo o relatório enviado à OMSA, mais de sete mil aves morreram com sinais clínicos graves, e outras foram eliminadas sanitariamente, totalizando cerca de 17 mil animais.

Imediatamente após a confirmação, o MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) decretou emergência zoossanitária por 60 dias na área afetada. A granja foi isolada, os lotes eliminados, os ovos descartados e todas as instalações submetidas a limpeza e desinfecção.

A região de Montenegro passou a ser monitorada em um raio de 10 quilômetros, com barreiras sanitárias e vigilância ativa em propriedades comerciais e de subsistência. Até o dia 18 de maio, mais de 260 propriedades haviam sido inspecionadas, com apenas uma suspeita, em criação de subsistência, permanecendo em investigação, sem impacto sobre o comércio internacional. Segundo painel oficial do MAPA, seis focos estão atualmente em investigação, com coleta de amostras em andamento.

Ações de Contenção

Como parte das ações de contenção, o governo do Rio Grande do Sul montou sete barreiras sanitárias em Montenegro, sendo cinco delas já operacionais até o sábado, 17 de maio. Os pontos de controle funcionam 24 horas, com foco em veículos de transporte de aves, ração e leite, além da desinfecção de carros de passeio no raio mais próximo ao foco.

A estimativa é de que cerca de 540 propriedades rurais sejam vistoriadas na zona de 10 km, com foco em educação sanitária e vigilância clínica. Embora a resposta técnica tenha sido imediata, a repercussão internacional foi severa.

Mercados como China e União Europeia aplicaram embargos abrangentes, enquanto Japão e Uruguai suspenderam parcialmente as importações brasileiras. Por outro lado, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita mantiveram as compras, reconhecendo a regionalização do foco.

Minas Gerais descartou 450 toneladas de ovos férteis provenientes da granja foco. Em Santa Catarina, a CIDASC emitiu restrições para o trânsito interestadual de aves vivas e ovos férteis vindos de 13 municípios gaúchos, exigindo desinfecção obrigatória nos postos de fiscalização.

O estado também mantém uma rotina ativa de vigilância. Em vídeo institucional, a presidente da CIDASC, Celles Regina de Matos, reforçou que suspeitas como a registrada em Ipumirim fazem parte do protocolo técnico.

“Em sendo positivo ou negativo, prontamente a comunidade será informada porque é assim que se trabalha”, afirmou. “É totalmente seguro, não há dado científico nenhum que demonstre qualquer risco. Podemos e devemos continuar consumindo essa proteína de alta qualidade, que é a carne de aves e os ovos.”

Parque Zoológico

Além do caso comercial, o MAPA confirmou no dia 18 de maio um segundo foco da doença, agora fora do sistema produtivo: 38 cisnes e patos morreram infectados pelo H5N1 no Parque Zoológico de Sapucaia do Sul, a cerca de 50 quilômetros de Montenegro.

O local, o maior zoológico do Rio Grande do Sul, foi imediatamente fechado para visitação e segue interditado por tempo indeterminado. A confirmação reforça o alerta para centros de fauna e ambientes urbanos, que agora também integram as zonas de risco sanitário.

FAO

Em nota oficial, a FAO classificou a confirmação brasileira como um novo estágio da circulação do H5N1 na América do Sul, recomendando atenção especial aos pequenos e médios produtores, além de uma abordagem integrada entre saúde animal, humana e ambiental.

O Ministério da Agricultura também reforça sua campanha de esclarecimento “Influenza Aviária? Aqui não”, enquanto a ABPA coordena um comitê de crise com representantes da agroindústria. A ocorrência em Montenegro tornou-se um divisor de águas para a biosseguridade do setor avícola nacional, exigindo atenção permanente e respostas cada vez mais ágeis frente ao avanço regional da doença.

Assista ao programa Estúdio agriNews sobre Atualização dos Planos de Contingência para Influenza Aviária 

 

Como o Brasil está enfrentando sua primeira crise sanitária envolvendo Influenza Aviária em granja comercial

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