Complexo de doenças respiratórias dos suínos e a teórica interação mitigante pelos posbióticos, por meio da melhoria do status imunológico.
Complexo de doenças respiratórias dos suínos (CDRS) – O que é?
O complexo de doenças respiratórias dos suínos (CDRS) é uma doença multifatorial que resulta da interação entre patógenos (virais e/ou bacterianos) e componentes não infecciosos (ambiente, manejo, idade, genética e nutrição).
Em todo o mundo, os patógenos mais relevantes no CDRS são:
- Vírus Influenza A (VIA),
- Vírus da Síndrome Reprodutiva e Respiratória Suína (PRRSV) – até o momento não diagnosticado no Brasil,
- Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) e
- Circovírus Suíno Tipo 2 (PCV2).
Outros agentes bacterianos agem como patógenos secundários, agravando o quadro respitatório, com destaque para o Actinobacillus pleuropneumoniae, a Glaesserella parasuis e a Pasteurella multocida.
Por que o CDRS tem incidência aumentada atualmente?
Devido às características atuais dos sistemas de produção em que predominam alojamentos em grandes grupos e espaços relativamente pequenos (altas densidades) e as misturas de suínos de várias origens nas diferentes fases de produção.
Estes fatores, além de estressores, favorecem a disseminação dos patógenos, agravando ainda mais os problemas respiratórios.
O que podemos observar nos animais acometidos?
Os animais acometidos pelo CDRS (especialmente animais na creche, crescimento e terminação) podem apresentar:
- Febre alta,
- Tosse,
- Dispneia (dificuldade respiratória),
- Respiração abdominal (batedeira),
- Redução no consumo de ração,
- Refugagem,
- Desuniformidade dos lotes,
- Cianose de extremidades (extremidades com pelagem azulada) e
- Até morte súbita; dependendo do agente envolvido.
Isto ocorre pois, na coinfecção de agentes virais e bacterianos, um atua favorecendo a ação do outro, agravando os sinais clínicos. Além de sinais clínicos significativamente mais severos, em coinfecções eles também são mais duradouros.
Em geral, a coinfecção promove danos ao sistema muco ciliar do trato respiratório, tornando os animais mais suscetíveis a infecções secundárias (Figura 1). Nestas situações há excessiva produção de Fatores de Necrose Tumoral, Interleucina 1 e Interferon α, citocinas pró-inflamatórias que o organismo animal produz na tentativa de combater a infecção.
A resposta imune exacerbada ocasiona febre e dor e prejudica o bem-estar e desenvolvimento dos animais.
Quais os prejuízos para o rebanho e para a granja?
Em função da pneumonia intersticial causada pelos agentes virais e da possível associação com infecções bacterianas podemos observar:
- Piora no GPD e conversão alimentar
- Aumento da mortalidade
- Maiores gastos com medicamentos
- Maior tempo de alojamento
- Condenações de carcaças relacionadas a lesões pulmonares (pneumonias, pleurites e/ou abcessos).
Como tratar e prevenir os danos provocados pelo CDRS?
Em se tratando de um complexo multifatorial de patógenos respiratórios é grande a variação de fatores predisponentes e também de agentes etiológicos entre granjas, o que faz com que o tratamento e o controle sejam desafiadores.
Porém, o que devemos preconizar em nossos rebanhos é a prevenção das manifestações clínicas, evitando os prejuízos citados. O cenário ideal é a promoção da saúde do plantel e do desenvolvimento de imunidade para que os animais superem os desafios impostos pelos patógenos juntamente com os fatores de risco.
Visando isto, devemos promover a melhora no equilíbrio da microbiota, pois esta tem papel primordial na regulação do sistema imunológico e do metabolismo.
Nesse sentido, o uso de aditivos que promovam a eubiose, contribui para que os leitões possam ser colonizados com a microbiota de suas mães e do ambiente sem que os agentes patogênicos causem a doença.
Isto pode ser obtido através da associação de boas práticas de produção e de aditivos funcionais. Os aditivos funcionais são todos aqueles ingredientes com pouco ou nenhum potencial nutricional, mas que incorporados na dieta dos animais podem melhorar a saúde e o desempenho pela regulação da resposta imunológica, pela melhoria da integridade das mucosas e pela promoção do equilíbrio da microbiota.
Há indícios de que desequilíbrios nas proporções das diferentes espécies (disbioses) que convivem nas vias respiratórias desempenham papel relevante na patogênese de diversas doenças pulmonares. Por essa razão, o desenvolvimento de compostos microbiológicos que corrijam disbiose se torna aliado no controle de CDRS.
Como a eubiose pode contribuir para a prevenção de doenças respiratórias?
Atualmente existe uma grande variedade de produtos eubióticos para uso na suinocultura, sendo que a maioria se destina a melhoria da integridade intestinal e da digestibilidade da dieta; não havendo clareza sobre os possíveis efeitos positivos em outros compartimentos do organismo, como é o caso do trato respiratório.
Neste aspecto, aditivos eubióticos que promovem o equilíbrio da microbiota intestinal podem gerar melhores efeitos no trato respiratório.
Assim, os posbióticos como o XPC e o Dia V Nursery se destacam, pois têm a capacidade de agir tanto no hospedeiro, melhorando sua resistência contra enfermidades, como na microbiota, favorecendo a eubiose e, consequentemente reduzindo a patogenicidade e a população de bactérias patogênicas.
Suas propriedades antinflamatórias, imunomoduladora e antimicrobiana certamente possuem papel essencial, permitindo que o organismo do hospedeiro tenha a resiliência necessária para enfrentar situações que geram disbiose, inflamação e a doença, quer seja no intestino ou no trato respiratório.
Como visto anteriormente, o CDRS é causado por uma série de agentes, contra os quais são empregadas vacinas comerciais e autógenas. Melhorias na eficácia destas vacinas, geram ganhos importantes nas fases de creche e engorda.
Produto fornecido via oral pode conferir imunidade ao trato respiratório?
O intestino é o maior órgão linfoide dos suínos, onde cerca de 70% das células imunes estão presentes. Isso se deve, principalmente, às grandes quantidades de material antigênico, oriundo dos alimentos.
Considerações finais
O enfrentamento convencional das enfermidades do trato respiratório não tem sido eficaz, pois os programas de controle e de prevenção das enfermidades não estão adequadamente conectados com um programa de fortalecimento da saúde dos animais.
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