O faturamento das cooperativas e agroindústrias vem sendo afetado, assim como os produtores independentes, pela crise da suinocultura brasileira.
No modelo verticalizado, agroindústrias e cooperativas fornecem os leitões e assumem todo o custo de produção, que inclui a ração, assistência técnica, medicamentos e transporte.
“A elevação do custo de produção afeta diretamente a cooperativa que, mesmo tendo abate próprio, não consegue repassar os custos para o mercado consumidor”, diz Décio Erri Leonhardt, gerente de suínos da Cooperativa Languiru, uma das maiores do Rio Grande do Sul, que possui 280 propriedades integradas e abate 1.700 suínos por dia.
O diretor diz que a cooperativa não compra suínos no mercado e só abate animais de seus produtores integrados, mas há muita oferta de suínos pelo crescimento da produção e dificuldade de escoamento. Cerca de 15% da produção da Languiru vai para o mercado externo.
O suinocultor integrado é menos afetado que o independente pela queda dos preços da carne porque recebe um valor fixo por animal que cria e devolve para o abate. O independente, além de bancar todos os custos, depende da variação de preços na hora de entregar o animal nos frigoríficos. Na região sul, a diferença atual entre o custo para produzir um quilo e o valor recebido na indústria, segundo as entidades de suinocultores, chega a R$ 3,30.
“O produtor independente está operando com margens negativas há mais de um ano e não tem saída”, diz Juliana, do Cepea.
“O produtor integrado sobrevive, mas não consegue investir”, resume Jacir José Dariva, presidente da Associação Paranaense de Suínos.
Cerca de 70% da produção anual de suínos, que atingiu 4,8 milhões de toneladas em 2021 (aumento de 8% em relação a 2020), fica no mercado interno. O consumo per capita subiu de 17,6 kg em 2020 para 18,7 kg no ano passado, segundo estimativas da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).
Fonte: Globo Rural