Os principais agentes infecciosos respiratórios dos suínos são enzoóticos na maioria das granjas, sendo que alguns deles fazem parte da microbiota normal do trato respiratório. A ocorrência de doenças é variável, no entanto, sendo influenciada pela presença, em maior ou menor grau, dos fatores de risco ambientais e de manejo que predispõem os animais às infecções (1, 2), além de se apresentar de forma clínica ou subclínica.
A pneumonia enzoótica suína é uma das principais causas de perdas na produção de suínos. O agente etiológico desta enfermidade, o Mycoplasma hyopneumoniae, não possui parede celular, fazendo com que muitos antibióticos sejam ineficientes contra esse agente e dificultando o tratamento dos animais doentes. Também é um dos principais contribuintes para o Complexo das Doenças Respiratórias de Suínos, que envolve outros agentes. A interação desses patógenos causa enormes perdas econômicas direta ou indiretamente, de acordo com suas apresentações e a gravidade das lesões.
Na associação de Mycoplasma hyopneumoniae com outros agentes secundários pode ser observada uma tosse produtiva e, em alguns casos, corrimento nasal mucoso ou muco catarral.
O Actinobacillus pleuropneumoniae, por sua vez, causa uma lesão pulmonar caracterizada por broncopneumonia fibrinosa. Na infecção por Glaesserella parasuis podemos encontrar broncopneumonia exsudativa fibrinopurulenta. Já no caso de infecção por Pasteurella multocida, a maioria das cepas atuam como agentes secundários e o tipo de lesão que produzem pode variar de broncopneumonia fibrinosa a broncopneumonia catarral purulenta.
Os sinais clínicos típicos de influenza são caracterizados por:
febre,- apatia,
- redução de consumo de ração,
- dispnéia,
- tosse crônica,
- espirro,
- conjuntivite,
- grande produção de exsudato mucopurulento o qual resulta em descarga nasal.
O curso dura entre dois e sete dias e observa-se um acometimento de muitos suínos do rebanho.
Todas estas lesões citadas anteriormente causam severa dificuldade respiratória, resultando em diminuição do desempenho e, como consequências dessas pneumonias para o sistema de produção, podemos citar o aumento da mortalidade, piora na eficiência alimentar, aumento dos gastos com medicamentos, aumento dos custos de produção, além das condenações de carcaças no frigorífico.
Como importante ferramenta no auxílio do controle dos desafios respiratórios supracitados temos a bromexina, que reduz a viscosidade do muco e ativa o epitélio ciliar, facilitando desta maneira o transporte e a expulsão de tal conteúdo junto aos agentes patogênicos. |
Essa molécula vem sendo amplamente utilizada na medicina humana e veterinária pela eficácia no tratamento de infecções do sistema respiratório. A bromexina altera as estruturas das secreções brônquicas pela fragmentação das fibras mucopolissacarídeas, proporcionando a redução da viscosidade e melhorando o processo respiratório.
Material e métodos
O experimento foi realizado em uma granja experimental nas proximidades da cidade de Río Cuarto, localizada no sul da província de Córdoba, Argentina.
Os leitões foram alojados em uma sala que tem baias separadas para cada grupo com densidade de 0,35 m²/animal, piso de plástico, comedouros automáticos que propiciam fornecimento de ração ad libitum e bebedouros tipo taça. Os animais foram identificados com brincos coloridos de acordo com o grupo experimental ao qual foram designados.
No trabalho foram utilizados leitões da genética PIC, com peso médio inicial variando entre 15 e 18 quilos, divididos em 3 grupos experimentais com 4 animais para cada tratamento e 3 repetições por tratamento.
Os lavados traqueobronquiais foram realizados nos dias zero, 2 e 4 do experimento em todos os grupos.
Todas as amostras das lavagens traqueobronquiais foram avaliadas para mensuração da viscosidade. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa StatGraphics 18, realizado para análise estatística ANOVA com nível de significância de p˂0,05 e comparação de médias com 95% de confiança.
As ações e cuidados com os animais foram regidos pelas diretrizes de bem-estar animal expressas no guia de cuidado e uso de animais experimentais do Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA), elaborado e apoiado pelo Comitê Institucional de Cuidado e Uso de Animais Experimentais (CICUAE) do Centro de Pesquisa em Ciências Veterinárias e Agronômicas do INTA.
Resultados
Os resultados de viscosidade dos lavados traqueobronquiais, assim como os pesos médios dos animais utilizados no experimento, estão expressos na Tabela 1. O que podemos observar é que:
o uso de Bromesol®, tanto via oral quanto via spray, diminuiu a viscosidade dos lavados em comparação ao grupo controle. |
No Gráfico 1, podemos observar a dispersão dos resultados de viscosidade segundo os diferentes grupos.
Os resultados dos animais do Grupo A (controle negativo) apresentaram o índice de maior viscosidade.
Em contrapartida, os animais dos Grupos B e C (tratamentos com Bromesol®) apresentaram índices de menor viscosidade, ou seja, os efeitos esperados do produto, principalmente no que tange ao efeito fluidificação do muco, foram evidenciados.
Gráfico 1. Dispersão da viscosidade segundo os diferentes tratamentos.
Conforme citado anteriormente, o Bromesol®, por ser um agente mucolítico que altera as estruturas das secreções brônquicas pela fragmentação das fibras mucopolissacarídeas, proporciona a redução da viscosidade, o que ficou evidenciado neste trabalho.
Em relação às vias de aplicação, no Grupo B (Bromesol® em água) e no Grupo C (Bromesol® em spray) não foi evidenciada diferença estatística, corroborando com a indicação do produto, que permite que ele seja utilizado por diferentes vias de aplicação.
Em suma, o Bromesol® é capaz de reduzir a viscosidade das secreções das vias aéreas de suínos após 3 dias de tratamento via água de bebida e/ou spray.