Os custos mensais de produção de suínos e de frangos de corte calculados pela CIAS, a Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa tiveram uma forte elevação em setembro. O ICPSuíno chegou aos 306,95 pontos, +6,43% em relação ao mês anterior. Já o ICPFrango fechou o nono mês de 2020 nos 301,91 pontos, +6,88% em comparação a agosto. É a primeira vez que os dois índices superam os 300 pontos desde que foram criados em 2011 (quando ambos valiam 100 pontos).
Mais uma vez, a alta do ICPSuíno foi puxada pela variação nos gastos com a nutrição dos animais (4,01% em agosto).
No ano, o custo geral de produção de suínos já subiu 25,70% e, nos últimos 12 meses, 33,21%. O custo por quilo vivo de suíno produzido em sistema de ciclo completo em Santa Catarina passou dos R$ 5,04 em agosto para um novo valor recorde de R$ 5,37 em setembro.
Já o ICPFrango acumula agora 27,44% de alta em 2020 (e +31,29% nos últimos 12 meses). A nutrição das aves (5,47%) e os pintos de um dia (0,98%), foram os itens que mais subiram no mês passado. Com isso, o custo de produção do quilo do frango de corte vivo no Paraná passou dos R$ 3,65 em agosto para R$ 3,90 em setembro.
Os índices de custos de produção foram criados pela equipe de socioeconomia da Embrapa Suínos e Aves e Conab. Santa Catarina e Paraná são usados como estados referência nos cálculos por serem os maiores produtores nacionais de suínos e de frangos de corte, respectivamente.
Custos de produção: insumos da alimentação
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas, SP) de milho está em alta consecutiva desde o encerramento de setembro. Nesta parcial de outubro (até o dia 23), o Indicador já subiu expressivos 23,87%, fechando a R$ 78,82/saca de 60 kg na sexta-feira, 23, o maior valor nominal da série do Cepea e próximo do recorde real, de R$ 81,4/saca de 60 kg, registrado no dia 30 de novembro de 2007 (os valores diários foram deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2020). Segundo pesquisadores do Cepea, o forte avanço das cotações está atrelado à retração de vendedores, às aquecidas demandas externa e interna e à maior paridade de exportação.
O baixo excedente interno, o cultivo tardio no Brasil e a valorização externa elevaram os preços da soja no mercado doméstico nos últimos dias. Ainda assim, as negociações estão em ritmo lento, devido à retração de produtores, que não têm interesse em negociar o restante da safra 2019/20. O pouco volume disponível no spot está sendo disputado por indústrias locais, que oferecem preços acima dos da paridade de exportação, algo incomum de se observar. Indústrias sinalizam não ter estoques longos, o que deixa avicultores e suinocultores em alerta quanto ao consumo de farelo de soja no primeiro bimestre de 2021, especialmente diante da possibilidade do atraso da colheita da safra 2020/21, devido ao atual semeio tardio. Nos últimos dias, os trabalhos de campo foram intensificados, favorecidos por chuvas.
Quanto aos preços, o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná avançou expressivos 4,2% entre 16 e 23 de outubro, a R$ 164,50/sc de 60 kg na sexta-feira, 23 – na parcial do mês, este Indicador registra a segunda maior média real da série do Cepea, inferior apenas à verificada em outubro/2002 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de out/20).
Inclusive, o Indicador Paraná está superior ao Indicador ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá (PR) – porto de referência de formação de preços de soja no Brasil –, que, por sua vez, fechou a R$ 164,23/sc de 60 kg na sexta, aumento de 3% frente à sexta anterior.
Fonte: Cias Embrapa e CEPEA.