Gastroenterite Transmissível dos Suínos (TGE) é uma doença viral entérica aguda, de alta transmissibilidade, que acomete suínos de todas as idades.
A TGE é caracterizada por vômito, diarreia severa e alta mortalidade (100%), acometendo leitões com menos de 2 semanas de idade, em áreas endêmicas, e animais de todas as idades, quando de surto em área indene.
Epidemiologia e profilaxia da Gastroenterite Transmissível dos suínos (TGE)
Os suínos são os únicos hospedeiros da TGE/PRC. Em rebanhos endemicamente infectados, embora suínos de todas as idades sejam suscetíveis ao vírus TGE e/ou ao vírus PRC (coronavirus respiratório dos suínos), a mortalidade ocorre principalmente em leitões com menos de 5 semanas de idade. Em suínos com mais de 5 semanas, a mortalidade é muito baixa.
Etiologia
O agente etiológico é um vírus RNA envelopado, do gênero Alphacoronavirus, subfamília Alphacoronavirus e espécie Alphacoronavirus 1, que apresenta reação cruzada com coronavírus de outras espécies animais.
Características do vírus e importância epidemiológica
Infectividade
Corresponde à capacidade que um agente etiológico apresenta ao entrar no organismo de um novo hospedeiro, tempo estimado para instalação e multiplicação. A literatura consultada não menciona a DI50 (capacidade que o vírus apresenta em infectar animais suscetíveis, e é medida pela dose capaz de infectar 50% dos animais inoculados/DI50), mas as evidências epidemiológicas permitem inferir pela observação da frequência de animais que adoecem, imediatamente, após a introdução do vírus TGE em um rebanho.
Patogenicidade
É a capacidade de um agente etiológico provocar aparecimento de sinais clínicos. O vírus da Gastroenterite Transmissível dos suínos apresenta patogenicidade que varia de baixa a alta, o que pode ser compreendido pela elevada prevalência de infecções. Mas, apenas a TGE endêmica apresenta elevada prevalência de casos clínicos, que podem se manifestar sob forma de surtos. Sorotipos podem variar quanto à patogenicidade.
Virulência
É a gravidade de um caso de doença. É elevada em decorrência da intensidade dos sinais clínicos, assim como em função da elevada letalidade (número de mortos entre doentes). Sorotipos podem variar quanto à virulência. A virulência também varia com a idade dos animais acometidos, sendo maior entre animais jovens, em áreas endêmicas, mas não varia em caso de surtos epidêmicos.
Resistência
É a capacidade que o agente apresenta em sobreviver na ausência de parasitismo.
- À temperatura de congelamento – estável.
- À temperatura ambiente – apresenta certa labilidade à temperatura ambiente, permanecendo viável em dejetos líquidos nas seguintes proporções: por 8 semanas a uma temperatura de 5°C; por 2 semanas a uma temperatura de 20°C; e por 24 horas a uma temperatura de 35°C. Mantem a infectividade na água e esgoto por vários dias em uma temperatura de 25°C, e por várias semanas a uma temperatura de 4°C.
- À ação da luz solar – sendo altamente fotossensível é destruído em aproximadamente 6 horas.
- À ação de desinfetantes – inativado pela formalina (0.03%), Fenol + aldeído (1%), beta-propiolactona (0.01%), hipoclorito de sódio, NaOH, iodo, compostos derivados da amônia.
Profilaxia e medidas de prevenção
- Biosseguridade – medidas rigorosas de biosseguridade reduzem a probabilidade de introdução do vírus da Gastroenterite transmissível dos suínos em um plantel livre. Destacam-se medidas de aquisição de animais reprodutores registrados, com origem reconhecida e provenientes de granjas certificadas (GRSC) como livre de TGE; limitar entrada de visitantes; mitigar o risco entrada de aves de vida livre; e quarentena na propriedade.
- Comércio internacional de suínos – requer que esses sejam negativos para TGE comprovados por testes sorológicos e medidas de quarentena, conforme estabelecido pelo Serviço Veterinário Oficial aos suínos que ingressam no país. Após passar por todas as análises clínicas e sorológicas, podem ser transportados e povoarem as granjas.
Medidas inespecíficas de controle de foco
- Após ocorrência de surto no estabelecimento – depopular a granja e adotar demais medidas de saneamento do foco e instituir vazio sanitário.
- Reposição do plantel – introduzir animais de reposição oriundos de rebanhos livres de TGE (sorologicamente negativos) e/ou mantidos segregados (quarentena) por 2-4 semanas antes de serem incorporados ao rebanho.
- Após o início do surto de TGE e nos casos de TGE endêmica.
Medidas específicas de prevenção e controle – imunoprofilaxia
- Vacinas: existem inúmeras vacinas inativadas e vivas modificada (VVM) contra TGE com indicação para fêmeas prenhas e leitões neonatos no mercado mundial.
- Para reprodutoras não infectadas (soro negativas) existem vacinas virulentas, VVM, inativadas e recombinante (contendo proteína S, M e N).
- Vacinação de reprodutoras não infectadas: somente vacina virulenta por via oral tem revelado proteção ativa e passiva.
- Vacinação de reprodutoras infectadas: aplicação parenteral suscetíveis induz baixa e inconsistente imunidade sérica contra TGR/PRC e além deste fato, IgA está ausente no colostro.
Não tem sido demonstrado bons resultados com o uso de vacinas em animais já infectados, exceto quando ocorre aplicação de dose de reforço (booster) em fêmeas prenhas. Eficácia de vacinas vivas ou inativadas aplicadas por via oral ou nasal é inconsistente e frustrante. A vacinação pode ser útil em rebanhos endemicamente infectados.
- Vacinação de neonatos e recém desmamados: pode ser importante em casos de TGE endêmica e principalmente em rebanhos com mortalidade devido à infecção pelo vírus TGE. São utilizadas vacinas inativadas ou VVM. Nos recém-nascidos há recomendação de vacinação imediatamente após o nascimento, desde que as mães não tenham anticorpos séricos.
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Fonte: Doenças Virais de Importância na Produção de Suínos – Capítulo 6.