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Epidemiologia e profilaxia da Gastroenterite Transmissível dos suínos (TGE)

Escrito por: Dra. Masaio Mizuno Ishizuka - Profa. Titular Senior da FMVZ/USP Especialista em Epidemiologia Veterinária, Compartimentação, Bioestatística, Vigilância Ambiental, Epidemiologia das Doenças Infecciosas e Planejamento e Gerenciamento de Programas de Saúde Animal, Educação Sanitária. Trabalha na área de Análise de Risco, ministra cursos de emergência sanitária em aves e suínos, ministra disciplina de Epidemiologia básica e aplicada, bioestatística, Educação Sanitária, Biosseguridade. Realiza planejamento experimental, análises estatísticas e redige trabalhos científicos.

Gastroenterite Transmissível dos Suínos (TGE) é uma doença viral entérica aguda, de alta transmissibilidade, que acomete suínos de todas as idades.

A TGE é caracterizada por vômito, diarreia severa e alta mortalidade (100%), acometendo leitões com menos de 2 semanas de idade, em áreas endêmicas, e animais de todas as idades, quando de surto em área indene.

Epidemiologia e profilaxia da Gastroenterite Transmissível dos suínos (TGE)

O mutante natural do vírus TGE é o coronavírus respiratório de suínos, agente etiológico da Coronavirose respiratória dos suínos (PRC), que apresenta baixa patogenicidade, com baixo impacto econômico, e de ocorrência endêmica em rebanhos com imunidade parcial contra a TGE, ou concomitantemente infectados. Os sistemas atingidos são o digestivo, mamário e respiratório. A TGE e PRC apresentam reação cruzada frente ao teste de soro de neutralização, e são distinguíveis por provas que se valem de anticorpos monoclonais (AcMo).

Os suínos são os únicos hospedeiros da TGE/PRC. Em rebanhos endemicamente infectados, embora suínos de todas as idades sejam suscetíveis ao vírus TGE e/ou ao vírus PRC (coronavirus respiratório dos suínos), a mortalidade ocorre principalmente em leitões com menos de 5 semanas de idade. Em suínos com mais de 5 semanas, a mortalidade é muito baixa.

O vírus TGE é intimamente relacionado com coronavirus de felinos e cães, e pode se replicar, sem manifestação clínica, em gatos, cães e raposas.

Pesquisas realizadas na Europa Central, têm detectado presença de anticorpos em aproximadamente 30% de suídeos asselvajados.

 

Etiologia

O agente etiológico é um vírus RNA envelopado, do gênero Alphacoronavirus, subfamília Alphacoronavirus e espécie Alphacoronavirus 1, que apresenta reação cruzada com coronavírus de outras espécies animais.

Figura 1 – Imagem do vírus da TGE por meio da microscopia eletrônica (esquerda) e a ilustração da forma em coroa (direita).

Características do vírus e importância epidemiológica

Infectividade

Corresponde à capacidade que um agente etiológico apresenta ao entrar no organismo de um novo hospedeiro, tempo estimado para instalação e multiplicação. A literatura consultada não menciona a DI50 (capacidade que o vírus apresenta em infectar animais suscetíveis, e é medida pela dose capaz de infectar 50% dos animais inoculados/DI50), mas as evidências epidemiológicas permitem inferir pela observação da frequência de animais que adoecem, imediatamente, após a introdução do vírus TGE em um rebanho.

Patogenicidade

É a capacidade de um agente etiológico provocar aparecimento de sinais clínicos. O vírus da Gastroenterite Transmissível dos suínos apresenta patogenicidade que varia de baixa a alta, o que pode ser compreendido pela elevada prevalência de infecções. Mas, apenas a TGE endêmica apresenta elevada prevalência de casos clínicos, que podem se manifestar sob forma de surtos. Sorotipos podem variar quanto à patogenicidade.

Virulência 

É a gravidade de um caso de doença. É elevada em decorrência da intensidade dos sinais clínicos, assim como em função da elevada letalidade (número de mortos entre doentes). Sorotipos podem variar quanto à virulência. A virulência também varia com a idade dos animais acometidos, sendo maior entre animais jovens, em áreas endêmicas, mas não varia em caso de surtos epidêmicos.

Resistência

É a capacidade que o agente apresenta em sobreviver na ausência de parasitismo.

Profilaxia e medidas de prevenção

Medidas inespecíficas de controle de foco

Medidas específicas de prevenção e controle – imunoprofilaxia 

Não tem sido demonstrado bons resultados com o uso de vacinas em animais já infectados, exceto quando ocorre aplicação de dose de reforço (booster) em fêmeas prenhas. Eficácia de vacinas vivas ou inativadas aplicadas por via oral ou nasal é inconsistente e frustrante. A vacinação pode ser útil em rebanhos endemicamente infectados.

Clique aqui para ler o capítulo completo.

Fonte: Doenças Virais de Importância na Produção de Suínos – Capítulo 6.

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