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Exportações crescentes e custos em queda amenizam retração do preço pago ao produtor

Exportações crescentes e custos em queda amenizam retração do preço pago ao produtor

A retração dos preços pagos ao suinocultor iniciada em março persiste no mês de abril (gráfico 1). Porém, ao contrário do frango e da carne bovina, que experimentam queda mais acentuada este ano, o preço do suíno ainda supera os patamares do início de 2022.

Gráfico 1. Preço da carcaça especial (R$/kg), em São Paulo (SP) nos últimos 2 anos. Média de abril/23 até dia 17/04. Fonte CEPEA

As exportações de carne suína in natura têm superado os volumes de 2022 (tabela 1) com recorde histórico para o período. Em relação aos 3 primeiros meses do ano passado, o aumento já acumula mais de 32 mil toneladas (+15,04%), destacando que o crescimento dos embarques para a China é ainda mais expressivo, com aumento de quase 23 mil toneladas no período (+28%).

Tabela 1. Volumes exportados totais e para a China de carne suína brasileira in natura no primeiro trimestre em 2021, 2022 e 2023 (em toneladas) e comparativo da diferença percentual entre 2023 e 2022. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex. Exportações crescentes

Neste primeiro trimestre a China representou 42,7% dos volumes exportados pelo Brasil, contra 38,3% do mesmo período do ano passado, confirmando uma retomada do crescimento das importações do gigante asiático. Isoladamente no mês de março/23, a China representou somente 36% dos nossos embarques, um indicativo de que a busca de novos mercados tem compensado as oscilações da demanda chinesa.

Ao se analisar a evolução de nossas exportações por destino em comparação com os anos anteriores (tabela 2), observa-se que o movimento de expansão de novos mercados ocorrido em 2022 não está acontecendo no primeiro trimestre de 2023, onde somente o Chile aumentou suas compras significativamente. Entre os países não especificados na referida tabela, estão a Rússia, que ano passado importou mais de 7 mil toneladas neste período, e a Tailândia que comprou 4 mil. Ambas somadas neste início de ano não chegam sequer a 1 mil toneladas.

Tabela 2. Volumes exportados pelo Brasil (em toneladas) de carne suína in natura para os principais destinos no primeiro trimestre de 2021, 2022 e 2023, ordenados por 2023. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex. Exportações crescentes

 

Dados parciais do mês de abril/23 indicam a continuidade do crescimento dos embarques totais de carne suína in natura, com uma média diária (até dia 14/04/23) de quase 5.500 toneladas exportadas, contra 4.143 toneladas diárias em março/23 e 4.300 toneladas/dia em abril de 2022.

Com relação aos insumos a CONAB publicou no último dia 13, o sétimo levantamento da safra 2022/23 sem alterações significativas nas projeções de colheita recorde de milho e confirmando a supersafra de soja em fase final de colheita. Milho e soja apresentam as cotações mais baixas dos últimos dois anos (gráficos 2 e 3), sendo que a segunda safra brasileira de milho ainda se encontra em fase de desenvolvimento.

Gráfico 2. Preço do milho (R$/SC 60kg) em CAMPINAS-SP, de março/21 a abril/23 (até dia 17/04/23). Fonte: CEPEA Exportações crescentes

Gráfico 3. Preço da soja (R$/SC 60kg) no Paraná, de março/21 a abril/23 (até dia 17/04/23). Fonte: CEPEA Exportações crescentes

 

Esta redução dos principais insumos da suinocultura resultou em queda nos custos, como demonstra o levantamento da EMBRAPA na tabela 3.

Tabela 3. Custos totais (ciclo completo), preço de venda e lucro/prejuízo estimados nos três estados do Sul (R$/kg suíno vivo vendido), em 2021, 2022 e primeiro trimestre de 2023. OBS: A EMBRAPA revisou os coeficientes técnicos a partir de jan/23 e as principais mudanças foram a redução da conversão alimentar de rebanho em 12%, o aumento do peso final em +14% e o aumento na produtividade das matrizes em 13%. Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos) e Cepea (preço).Exportações crescentes 

A tão esperada recuperação do preço de venda do suíno, que chegou a se manifestar no mês de fevereiro ainda não se consolidou. Porém, as exportações em crescimento e as perspectivas de contínua redução de custo dos insumos ao longo dos próximos meses garantem um cenário bem melhor que dos últimos dois anos.

“A crise foi muito longa e profunda, deixando como sequela o alto nível de endividamento dos produtores, um mercado doméstico estagnado e juros elevados. Não há a curto prazo, expectativa de recuperação da saúde financeira do setor. Resta aguardar o tradicional crescimento da demanda que ocorre com a chegada dos meses mais frios e, dentro do possível, aproveitar as oportunidades de baixa no mercado de insumos”, explica o presidente da ABCS, Marcelo Lopes.

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