Ícone do site suino Brasil, informações suino

Indústrias suinícolas do RS buscam ampliar corredores de importação de milho

Indústrias suinícolas do RS buscam ampliar corredores de importação de milho

As indústrias suinícolas gaúchas empenham esforços para ampliar os corredores de importação de milho dos países lindeiros ao Brasil. A mobilização tem como foco a utilização da fronteira entre o município gaúcho de Porto Mauá, ao Noroeste do Estado, e a cidade argentina de Alba Posse. “Enviamos uma solicitação formal à Superintendência do Ministério da Agricultura do Rio Grande do Sul para que um profissional seja lotado no local para viabilizar a entrada de cargas de milho”, afirma o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (Sips), Rogério Kerber.

“Trabalhamos para alfandegar o porto de Porto Mauá. É preciso ter um técnico do Ministério da Agricultura para fazer vistoria na entrada das cargas lá. Já temos em Porto Xavier, São Borja e Uruguaiana, mas, para algumas empresas, é melhor que as cargas ingressem em Porto Mauá”, justifica o dirigente.

A solicitação tem como respaldo a previsão otimista às safras de milho da Argentina e do Paraguai, de onde, segundo Kerber, já está vindo milho para o Estado. Com uma demanda superior a 6 milhões de toneladas, ante uma produção que, em 2024, pode não ultrapassar as 5 milhões de toneladas, a expectativa é de ampliação das aquisições de outros países e de outros estados.

Indústrias suinícolas do RS buscam ampliar corredores de importação de milho

Indústrias suinícolas do RS buscam ampliar corredores de importação de milho

“Para nós, (o cenário) é frustrante. Não houvesse o problema de clima, a safra de milho seria realmente boa. Mas, infelizmente, não temos, de novo, uma perspectiva que imaginávamos alcançar”, diz Kerber.

  • Conforme a Radiografia Agropecuária do RS de 2023, a Argentina enviou ao Estado 218 milhões de toneladas de milho em 2022, enquanto o Paraguai, 189,1 milhões de toneladas. De outros estados, vieram 2,96 milhões de toneladas, totalizando 3,37 milhões de toneladas de milho importadas pelas indústrias gaúchas no período. O número foi 40% maior do que o volume importado em 2021, de 2,4 milhões de toneladas, e responde à quebra de 55% na colheita do grão em 2022, que somou 2,75 milhões de toneladas. Em 2020, foram importadas 2,6 milhões de toneladas do grão pelo RS.

A previsão sobre a quantidade da matéria-prima que virá de cada estado ou país, neste ano, ainda é incerta. Isso porque, da mesma forma que o excesso de chuva afetou a produtividade do milho do cedo no Estado, a escassez hídrica diminuirá a produtividade das lavouras no Centro-Oeste.

  • Segundo relatório de Oferta e Demanda do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgado em 15 de janeiro, a produção de milho do Mato Grosso deve ser 17% menor do que no ano passado. Nos estados do Sul, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a redução é estimada em 11,4% no Paraná e em 6,6% em Santa Catarina. Em Mato Grosso do Sul, a projeção é de que a colheita seja 14,4% inferior à do ano passado, redução que chega a 13,7% em São Paulo e a 14,3% em Minas Gerais.

O analista da Safras & Mercado Paulo Molinari, entretanto, ressalta que o abastecimento local de milho não será afetado. A consultoria estima que a produção gaúcha, mesmo que abaixo de 7 milhões de toneladas, atenda à demanda.

“Safras & Mercado tem o número atual em 7,2 milhões de toneladas e deverá reduzir para 6 a 7 milhões de toneladas na sua próxima atualização. A questão é a área plantada, bem como os níveis de produtividade, que já vão sendo registrados no Estado, na média de 80 a 90 sacos por hectare”, explica.

O especialista alerta que, nos últimos três anos, houve exageros nas estimativas de cortes da safra gaúcha. Como exemplo, cita que, em 2023, a quebra levou a produção para pouco mais de 4 milhões de toneladas e foi suficiente para atender a demanda do estado todo. “Mas algumas estimativas locais mostraram safras bem abaixo disso, a exemplo do que esta sendo feito com a safra 2024”, avalia.

As exportações do milho gaúcho também ditarão sobre a real necessidade de adquirir o grão em outras localidades. “Vamos ter que ver quanto será exportado e quanto Santa Catarina irá adquirir do Rio Grande do Sul. Há produtores gaúchos integrados em Concórdia e Chapecó, por exemplo”, condiciona Kerber, ao garantir que “não vai faltar milho”.

Molinari diz que o Rio Grande do Sul exportou 560 mil toneladas do cereal em 2023. Para 2024, estima que a Argentina, com safra recorde, deva abocanhar a maior parte da demanda internacional, principalmente no primeiro semestre.

 “Os preços externos estão se reenquadrando mais próximos da sua média histórica. Isso deixa o Brasil menos competitivo na exportação. O porto e o interior têm diferenças de preços fortes em 2024 devido ao preço externo muito baixo neste momento”, evidencia.

Conforme boletim da Safras & Mercado de 24 de janeiro, o milho foi comercializado entre R$ 67 e R$ 70 a saca no Porto de Paranaguá. No Rio Grande do Sul, o preço ficou entre R$ 59 e R$ 62 a saca em Erechim. E, no Mato Grosso, entre R$ 45 e R$ 50 a saca em Rondonópolis.

Indústrias suinícolas do RS buscam ampliar corredores de importação de milho

Fonte: Correio do Povo

Sair da versão mobile