Insensibilização de suínos: os diferentes métodos e suas particularidades
A produção de suínos pode ser considerada uma cadeia de processamento longa, considerando que entre o período de concepção dos leitões até o abate há um intervalo de 9,5 meses.
Este é somente um dos motivos elencáveis que demonstram que todas as fases de produção, inclusive o abate propriamente dito, devem ser cuidadosamente geridas para que a eficiência produtiva, o bem-estar animal e a qualidade do produto final sejam atingidos com êxito, sendo a insensibilização uma das últimas etapas cruciais para a produção animal.
O abate de suínos no Brasil, no ano de 2023, atingiu a marca de 46,5 milhões de cabeças em estabelecimentos registrados no Serviço de Inspeção Federal, conforme divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), produzindo assim 5,156 milhões de toneladas de carne suína. Cabe lembrar que todos os suínos abatidos no país, obrigatoriamente, são submetidos a um procedimento para promover o estado de inconsciência e insensibilidade ou até mesmo a morte instantânea.
Esse procedimento é conhecido como insensibilização e pode ser realizado através de diferentes métodos autorizados pelo MAPA. A eficácia da insensibilização inclui a imediata perda da consciência e
sensibilidade, bem como a duração desta perda até a morte do animal por meio da sangria, a qual é realizada através de:
Uma incisão no peito, seccionando o tronco braquiocefálico, interrompendo o fornecimento de sangue para as artérias carótidas e, consequentemente, cessando a irrigação sanguínea ao cérebro, causando hipóxia cerebral e subsequente morte.
- O Brasil teve sua primeira legislação regulamentando os métodos de insensibilização no ano 2000, a Instrução Normativa Nº 03 de 17 de janeiro de 2000, a qual permaneceu vigente por mais de 20 anos, tendo sido revogada em 2021 após a publicação da Portaria Nº 365, de 16 de julho de 2021, que também dispõe em seu anexo os métodos de insensibilização permitidos para cada espécie animal, sejam eles métodos mecânicos, elétricos ou de atmosfera controlada.
Para a espécie suídea há opções nos diferentes tipos de métodos supracitados. Os métodos mecânicos (Figura 1) consistem em sistemas que ocasionam a concussão ou laceração cerebral, ou seja, o tecido cerebral é lesionado causando a perda da consciência.
Os equipamentos normalmente utilizados são as pistolas de dardo cativo penetrante ou não penetrante, as quais possuem êmbolos retráteis que causam laceração e lesão irreversível quando penetrativos ou somente uma contusão nas situações em que não há a penetração do êmbolo.
Em linhas de abate de suínos a insensibilização mecânica não é considerada um método ideal, devido aos fortes reflexos involuntários como, por exemplo, os movimentos de pedalagem. Entretanto, para a realização de eutanásia de suínos nas propriedades rurais ou em situações emergenciais, como acidentes de trânsito, é uma excelente alternativa pela facilidade da utilização do equipamento e eficácia.
Os métodos elétricos implicam na transmissão de corrente elétrica através do cérebro do animal, associado ou não, de aplicação do eletrodo no coração. Diante disso, podemos descrever os dois métodos existentes: eletronarcose e eletrocussão.
A eletronarcose é um método reversível que consiste na aplicação de dois eletrodos na cabeça, os quais promovem imediatamente a despolarização das células neuronais. Como o efeito é temporário, deve-se garantir uma boa eficácia para que a duração dos efeitos persista até o momento da morte, que ocorrerá somente após a sangria (choque hipovolêmico).
A eletrocussão (Figura 2), por sua vez, é o método que utiliza, além dos dois eletrodos na cabeça, um terceiro eletrodo aplicado na região cardíaca, normalmente posicionado atrás da paleta esquerda.
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