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Lideranças apresentam medidas para dar fôlego ao suinocultor em 2022

Escrito por: Cândida Azevedo - Doutorado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"

Na última quarta-feira (09) a SuínoBrasil reuniu com lideranças governamentais e do setor da cadeia produtiva de suínos para discutir medidas para dar fôlego ao suinocultor em 2022.

O mercado externo se manteve firme no consumo de carne suína no ano de 2021, confirmando o que o setor produtivo já vinha especulando. Tal fato resultou em um novo recorde na exportação desta proteína brasileira. No entanto, em território nacional, mesmo com o aumento no consumo de carne, o desempenho não atingiu os índices desejados por agentes do setor.

Lideranças apresentam medidas para dar fôlego ao suinocultor em 2022

Com o baixo poder de compra da população brasileira, as vendas de carne suína no mercado doméstico tiveram forte volatilidade ao longo de 2021. Ainda que o mercado sinalize aumento no consumo, na maior parte do ano, as vendas estiveram desaquecidas e abaixo do esperado pelo setor, segundo agentes consultados pelo Cepea, fator que, somado ao aumento do número de animais abatidos, pressionou as cotações do suíno vivo, dos cortes e das carcaças.

Os valores do suíno vivo registraram forte queda no mês de janeiro, devido à combinação de maior oferta de animais e de carne suína e de demanda enfraquecida pela proteína. Assim, conforme indicam dados do Cepea, os preços estão no menor patamar real desde agosto de 2018 na maioria das regiões. Quanto aos principais insumos utilizados na atividade, milho e farelo de soja, os valores têm tido alta expressiva em janeiro, devido à combinação de baixa disponibilidade e procura elevada.

E para esclarecer esse cenário nebuloso, reunimos líderes governamentais e do setor para discutir medidas para reverter esse cenário da suinocultura nacional em 2022.

Estiveram conosco em nosso canal do Youtube AgriNews TV Brasil, o atual Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, Guilherme Soria Bastos Filho; o Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes e o Gerente Executivo do SINDICARNE / ACAV / AINCADESC, Jorge Luiz de Lima.

 

Indo direto ao ponto do nosso tema, no último dia 26, lideranças da suinocultura reuniram com a Ministra Tereza Cristina e durante audiência foram discutidas medidas emergenciais para minimizar os efeitos causados pelo alto custo de produção e baixos preços pagos aos suinocultores. E eu gostaria que o senhor comentasse sobre as medidas que estão sendo encaminhadas pelo governo federal, por meio do MAPA:

De acordo com o Secretário de Política Agrícola, Guilherme de Bastos, a medida provisória do milho balcão foi convertida em um projeto de lei 28/2021 que autorizou a compra de milho de até 200 mil toneladas, que serão disponibilizadas para o atendimento aos pequenos produtores de proteína animal.

Atualmente, pensando na região sul do país serão destinados até 15 mil toneladas. Essa demanda é gerenciada de acordo com as vias regionais da CONAB, cuja aquisição é realizada de acordo com a dotação orçamentária.

Segundo o Secretário, o Presidente da CONAB confirmou a compra de mais 82 mil toneladas de milho.

O Programa de Milho Balcão disponibiliza o milho que seria acessado apenas por grandes produtores e fraciona para os pequenos produtores, ressalta Guilherme Bastos.

É necessário que seja realizada a prorrogação da MT 1071/2021 que estabeleceu a isenção do PIS e Cofins, cuja vigência é datada para 02 de março de 2022 e atualmente  aguarda votação na Câmara dos Deputados.

O Secretário ressalta que a isenção dos impostos ajuda a equalizar o preço, havendo uma paridade de importação.

Outra medida estendida é a Resolução GECEX 290/2021 que corresponde à isenção da alíquota de importação de milho até 31 de maio, ou seja, antes da colheita do milho 2ª safra, permitindo a importação de outras origens. Vale ressaltar que o milho oriundo da Argentina e Paraguai já é isento das alíquotas de importação.

O Secretário ressaltou o trabalho realizado pelo MAPA juntamente ao CTNBio para liberar ingredientes transgênicos para a alimentação animal.

Havia uma insegurança das empresas em importar o milho transgênico, o assunto foi trabalhado pelo ministério, permitindo assim, a ampliação para importação desse produto, pontua Gilherme Bastos.

O secretário destacou que há problemas com relação a espaços orçamentários e ressaltou que o MAPA está trabalhando com a equipe da Economia e do Banco Central para a liberação orçamentária.

O MAPA está trabalhando diuturnamente, articulando com parlamentares para auxiliar no trâmite rápido para conseguir a suplementação. E espera-se a equalização orçamentária em um prazo de três semanas.

 

No Plano Safra anterior o Ministério já havia enviado a pauta “retenção de matrizes”, que geraria um capital de giro ao produtor, para manutenção do rebanho.

Entendemos que é uma possível medida de apoio com o intuito de abatimento precoce admitir até 30 de junho de 2022 a contratação de um crédito de custeio de com prazo de até dois anos, sendo que o prazo vigente atualmente, é de um ano. E isso será realizado, exclusivamente para o suinocultor independente. O tema já está no pleito junto à área de Financiamento de Produção e no Departamento de Comercialização e Abastecimento), conclui. 

 

Além disso, a Presidente da ABCS, destacou a reunião com o Ministro da Economia, Paulo Guedes em que foi apresentado todo o cenário da suinocultura nacional e as medidas para reduzirem os custos de produção que causam prejuízos de até R$ 400,0 0 por animal em algumas praças.

Segundo Marcelo,

as medidas podem dar um prazo para amenizar os custos de produção e dar um folego para os suinocultores. A expectativa é que em um futuro próximo a economia comece a girar, para então melhorar o preço pago ao produtor, conclui.

O Gerente Executivo do SINDICARNE/ACAV/AINCADESC Jorge Luiz de Lima explanou sobre a situação da agroindústria nesse momento de crise:

A que a agroindústria reputa o não cumprimento das exportações dentro das expectativas que haviam sido traçadas? Qual o cenário do suinocultor independente e do integrado? 

Dentro da indústria também foi observado uma dificuldade devido à retração do mercado externo. Além disso, acompanhamos a grande dificuldade da cadeia dos produtores independentes que possuem mais obstáculos para a aquisição dos insumos, haja vista que as grandes agroindústrias, integradoras, cooperativas conseguem adquirir um determinado volume que pelo menos garanta o volume em estoque.

Jorge ressalta:

Tivemos o crescimento das exportações em janeiro, mas sabemos que a retomada leva tempo. E o que nos preocupa é o cenário de preço dos insumos.  E uma das estratégias que estão sendo analisadas é a possibilidade de importação de variedades de milho geneticamente modificadas. Tal fato abre uma fronteira que é a importação de milho dos EUA. Essa é uma nova oportunidade para o equilíbrio do mercado interno, apesar do câmbio elevado e do frete não convidativo.

 

Outro tema discutido com as lideranças foi o desenvolvimento de políticas estratégicas para fomentar o consumo de carne suína. Dentre as principais estratégias destaca-se:

Se conseguir reduzir os pesos nas granjas é possível reduzir a oferta”, pontua Marcelo Lopes.

É necessário o aumento de 1 kg per capita para reduzir o excesso de oferta, conclui o Presidente da ABCS.

Existe alguma política para inserir a carne suína nas escolas e hospitais públicos de todo o país?

O Presidente da ABCS ressalta que essa estratégia já está sendo trabalhada pela equipe técnica da Associação juntamente com as pastas responsáveis no Ministério da Agricultura. Após, os trâmites no MAPA as propostas serão encaminhadas para o Ministério da Educação e Cultura (MEC).

Posterirormente, esse trabalho será repassado para os estados para a escolha dos fornecedores, liberação de licitações, elaboração de cardápios com nutricionistas.

“É uma ação complexa que já estamos trabalhando!”

Sobre o tema, o Secretário de Política Agrícola Guilherme Bastos ressalta:

Aqui é uma possibilidade para transformar os programas sociais e reduzir a responsabilidade do governo em administrar estoques físicos, mas podemos evoluir para uma administração tecnológica e virtual, a partir da criação de um cartão permitindo acesso da população a uma cesta que contemplaria os produtos de origem animal, conclui o Secretário.

 

Para acessar a entrevista completa, clique aqui! 

 

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