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Manejo do colostro: o cuidado que faz a diferença

Escrito por: Gefferson Almeida da Silva - Médico Veterinário, MsC em Ciência Animal
colostro

A mortalidade pré-desmame é hoje um dos principais desafios da suinocultura. Os índices de perdas nessa etapa variam entre 5 e 15% e, em alguns casos, podem comprometer o fluxo produtivo das unidades de produção.

O colostro é fonte de nutrientes, auxilia na termorregulação, fornece fatores de crescimento e protege os leitões contra doenças.

Parte da defesa fornecida pelo colostro é transferida apenas pela ingestão do colostro da mãe biológica, sendo recomendado que os leitões fiquem de 12h a 24h com suas mães e, no mínimo, 6h.

Para aumentar as chances de sobrevivência dos leitões, é importante intensificar práticas que assegurem maior assistência, principalmente nos três primeiros dias de vida. Entre elas, o manejo do colostro ocupa lugar de destaque, por elevar a viabilidade dos neonatos e potencializar seu desenvolvimento.

TÉCNICAS

Existem diferentes técnicas para o manejo do colostro e a escolha de qual delas implementar deve considerar a realidade da unidade de produção e o perfil dos colaboradores.

Conheça neste artigo as principais estratégias usadas para reduzir a mortalidade pré-desmame e veja qual melhor se adequa às características de sua granja.

1) Amamentação Fracionada

A amamentação fracionada é um dos métodos mais simples. A técnica consiste em:

Dividir a leitegada em grupos de até 8 leitões, por ordem de nascimento, com objetivo de permitir que todos os leitões tenham uma ingestão de colostro uniforme.

Os grupos devem ficar separados por 30 minutos, sendo que o manejo se inicia quando o número de leitões nascidos vivos ultrapassa o número de tetos viáveis.

Os leitões de baixo peso (<1 kg) não devem entrar no rodizio, para que tenham maior acesso à fêmea, enfrentando menor competição.

A amamentação fracionada é utilizada, geralmente, em unidades de produção com fêmeas de grandes leitegadas.

É uma técnica indicada também para fêmeas que produzem leitegadas heterogêneas, com grande variação de peso entre os leitões, e nas quais os pequenos e médios têm desvantagem para encontrar uma teta e mantê-la, devido à forte concorrência com os leitões mais pesados.

O sucesso da amamentação fracionada depende da organização e do engajamento dos colaboradores da maternidade.

A equipe deve estar atenta às leitegadas que estão sendo manejadas, uma vez que a restrição de ingestão de colostro por períodos prolongados de contenção tem impacto direto sobre viabilidade e mortalidade pré-desmame.

Uma forma prática de garantir que não haverá falhas é utilizar marcações por cores (figura 1).

Figura 1. Ilustração de manejo de ingestão de colostro. 1- Leitão marcado em azul deve estar mamando. 2- Leitão marcado em amarelo deve estar contido em ambiente limpo, seco e aquecido. Os leitões sem marcação (baixo peso), não devem entrar no rodízio.

TREINAMENTO NO ÚBERE

Por meio desse método, os leitões neonatos são ensinados a se alimentar nas tetas da fêmea.

De maneira geral, é preciso:

auxiliar o leitão na mamada, até que o comportamento de sucção se estabeleça;

esse exercício deve ser feito em até 30 minutos após o parto;

Os leitões precisam receber o colostro o mais rápido possível, já que é ele que fornece a imunidade passiva necessária para sua proteção e a energia para sua termorregulação.

caso seja necessário, o procedimento deve ser repetido 30 minutos após a primeira tentativa;

é importante, também, que o intervalo entre o nascimento e o treinamento no úbere seja o mais curto possível;

marque os neonatos que mais necessitam de atenção (nascidos com <1 kg) e escolha uma teta adequada.

O objetivo é o de que os leitões consumam, sozinhos, o colostro após essa intervenção.

COLETA E ADMINISTRAÇÃO MANUAL DO COLOSTRO

Trata-se de um método mais trabalhoso e que exige maior comprometimento dos colaboradores, mas que traz resultados efetivos.

A coleta do colostro deve ser realizada, preferencialmente, em fêmeas de ordem de parto de 3 a 5, entre 1 e 3 horas após o nascimento dos leitões, em frascos com cone largo para facilitar a coleta e evitar desperdício.

Os leitões hipotérmicos, inanes e os nascidos entre 0,9 e 1,2 kg, que apresentem dificuldades para começar a se alimentar, devem ser identificados para receber esse manejo (garantir que os leitões estejam sendo aquecidos).

Promover uma administração correta do colostro ao leitão é outro ponto a ser observado.

Para isso, geralmente, utiliza-se:

a sonda orogástrica, que deve possuir tamanho e maciez apropriados;

ou uma seringa levando o colostro à boca para os leitões que possuem reflexo de sucção;

a sonda deve ser conduzida por colaborador experiente e bem capacitado para que seja introduzida com sucesso no estômago do animal;

Este manejo deve ser realizado nas primeiras horas de vida com o objetivo de promover aporte suficiente para permitir que os leitões procurem o teto e iniciem a amamentação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Reduzir a mortalidade pré-desmame é uma meta importante para o aumento da eficiência e da lucratividade nas unidades de produção de suínos.

O manejo do colostro tem se mostrado um recurso eficaz por contribuir para o aumento do número de leitões desmamados.

São técnicas simples, que dependem da capacitação, organização e empenho da equipe, mas cuja correta execução garante bons resultados, pois permite elevar a viabilidade dos leitões de baixo peso, potencializando seu desenvolvimento nas fases subsequentes de seu ciclo produtivo.

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