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Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche 

Escrito por: Lucas Bonagurio - Formulador AGRONUTRI

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche

 

Na produção de suínos, a fase de maternidade e creche são desafiadoras, pois, os leitões necessitam superar fatores adversos, à exemplo do desenvolvimento do sistema gastrointestinal, imune e antioxidante.

Na fase de desmame, ocorre a troca da dieta líquida para sólida, mistura de lote, transporte e troca de ambiente, fatores que intensificam o estresse e o desenvolvimento de bactérias nocivas que podem causar diversas enfermidades.

Estes são fatores bem conhecidos pelos produtores e nutricionistas. A fim de minimizar estes problemas, foram desenvolvidos diversos manejos, soluções ambientais e nutricionais.

Os produtores ou integradores buscam soluções que se adequem melhor ao seu sistema e que maximizem a produção.  

 

Nas primeiras semanas de vida dos leitões, a enzima com maior atividade é a lactase devido ao consumo de leite materno.

Após o desmame, a atividade da lactase reduz, enquanto a atividade das enzimas protease, amilase, lipase e maltase aumentam (Figura 1), devido ao fornecimento de ingredientes proteicos oriundos de fontes vegetais e de origem animal, à exemplo de derivados da soja e milho, farinhas de sangue, plasma sanguíneo, farinha de peixes etc.

Figura 1. Adaptado de Manners et al. (1972) and Kitts et al. (1956).

Na fase de maternidade os leitões têm como a principal dieta o leite materno, que tem a seguinte composição físico-química:

Um manejo nutricional comum é o fornecimento de uma dieta (creep-feeding) dos 5 dias de vida até o desmame, também há a possibilidade de fornecer sucedâneos lácteos aos leitões.

A dieta creep-feeding e os sucedâneos lácteos devem apresentar composições semelhantes ao leite materno.

Considerando a proporção sólida do leite, a dieta creep-feeding e sucedâneos lácteos devem apresentar aproximadamente:

Nos sucedâneos e creep-feeding devem ser utilizados ingredientes com alta digestibilidade, à exemplo de:

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche

A seleção genética na suinocultura resultou no aumento de fêmeas hiperprolíferas. No entanto, em certas situações a produção de leite não é suficiente para que todos os leitões nascidos expressem seu máximo potencial genético.

O fornecimento de sucedâneos lácteos se mostra um manejo nutricional eficaz em suplementar este déficit de produção de leite nas matrizes suínas hiperprolíferas, resultando em maior peso ao desmame e uniformidade de lote ao desmame.

O consumo da dieta de creep-feeding aumenta a atividade enzimática das enzimas digestivas (protease, amilase, lipase e maltase), secreção biliar, integridade intestinal, entre outros fatores, promovendo o desenvolvimento da saúde intestinal desde os primeiros dias de vida dos suínos e o desempenho produtivo na maternidade.

O leitão na fase de desmame com a saúde intestinal mais robusta, consome mais água e a dieta sólida em menor tempo em comparação aos que não receberam creep-feeding, fatores importantes para o bom desenvolvimento dos leitões na primeira semana de creche e índices produtivos de creche (Sulabo et al., 2010).

Para auxiliar na redução do estresse pós desmame e aumentar o consumo dos leitões nos primeiros dias de vida pós desmame, os seguintes manejos podem ser adotados:

 

Nos programas nutricionais devem ser considerados:

Os programas nutricionais para a fase de creche podem ser compostos de três a seis fases e podem considerar diversos fatores, como os expostos abaixo:

A maioria dos sistemas de produção de suínos utiliza um programa nutricional de quatro fases para leitões de creche (pré-inicial 1, pré-inicial 2, inicial 1 e inicial 2).

Um programa nutricional em fases permite combinar as exigências nutricionais, as capacidades digestivas dos leitões de creche com a dieta mais econômica possível, e alcançar o desempenho máximo na creche.

Os leitões recém-desmamados têm alta capacidade de deposição proteica em relação à quantidade da ração consumida. Portanto, as dietas precisam ser formuladas com ingredientes proteicos de alta digestibilidade.

Ingredientes com baixa digestibilidade aumentam a disponibilidade de nitrogênio para as bactérias patógenas, e a possibilidade da incidência de doenças e síndrome de diarreia pós-desmame.

Como a ingestão de ração após o desmame é baixa, fornecer dieta com composição semelhante à do leite materno é uma estratégia sensata.

É interessante a inclusão de 15 a 20 % de lactose na ração pré inicial 1, fontes energéticas de alta digestibilidade, plasma sanguíneo de 6 a 8 %, 1,6 a 1,7 % de lisina, obviamente a inclusão destes ingredientes devem considerar o preço de mercado da produção do kg de suínos vivos, o sistema de produção do cliente e o preço dos ingredientes.

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche

À medida que os leitões ficam mais pesados ou mais velhos no desmame, a quantidade das dietas mais complexas (Fases pré-inicial 1 e pré-inicial 2) fornecidas após o desmame pode ser reduzida.

No entanto, é interessante usar os mesmos ingredientes na fase pré-inicial 1 e pré-inicial 2 e reduzir gradativamente a inclusão de lactose e plasma sanguíneo entre as fases de produção.

A descrição de alguns detalhes sobre as dietas das fases pré-inicial 1, pré-inicial 2, inicial 1 e inicial 2, serão resumidas abaixo:

 

 

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche

 

Manejo nutricional de leitões na fase de maternidade e creche

O consumo de ração após o desmame é um elemento-chave para impulsionar o desempenho de crescimento em leitões desmamados. Embora as dietas complexas desempenhem um papel crucial no aumento da ingestão de ração nas primeiras semanas pós-desmame, é igualmente importante reconhecer que a complexidade da dieta pode e deve ser reduzida rapidamente.

Isso deve ser ajustado em função do avanço da idade e ganho de peso, na gestão dos custos da ração por unidade de ganho e nas condições das granjas.

Um programa nutricional bem estabelecido é fundamental para garantir não apenas o desempenho ideal dos suínos, mas também a viabilidade econômica da produção suína.

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Referências bibliográficas

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