Mercado de grãos – um ano de desafios, porém com preções ainda controlados
O mercado de grãos se depara com um momento de definição para o restante do ano. O segundo trimestre é o período do ano em que a safra norte-americana ganha ainda mais relevância, com o mercado acompanhando com proximidade as questões climáticas que envolvem o desenvolvimento das lavouras, o famoso Weather Market.
De uma maneira bastante resumida, em casos de problemas graves de produtividade média no Meio Oeste norte-americano haverá espaço para recuperação dos preços do milho e/ou da soja. Logicamente esse movimento está atrelado ao clima.
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Chuvas ocorrendo dentro do esperado tendem a resultar em boas produtividades e um viés mais baixista em relação aos preços. As variáveis de oferta são tipicamente mais relevantes para a formação dos preços e das tendências do que as variáveis relacionadas a demanda.
Uma série de fatores conjunturais ofereceram maior firmeza para os preços do milho e da soja durante o segundo trimestre, podemos elencar aqui algumas variáveis:
- Falta de chuvas no Centro-Oeste brasileiro, em especial no Oeste do Paraná e no Mato Grosso do Sul. O mês de maio foi pautado por inexpressivo volume pluviométrico, o que resultou em algum estresse, com produtividades inferiores as previstas inicialmente. Mesmo assim, a dinâmica de mercado ainda aponta para um abastecimento relativamente confortável durante o segundo trimestre;
- Greves na Argentina. As greves na Argentina acabaram travando as exportações de farelo e óleo de soja, o que também promoveu sustentação momentânea aos preços desses produtos no mercado internacional. De qualquer maneira esse fator é momentâneo, uma vez que a Argentina precisa de um bom resultado de suas exportações em meio as graves dificuldades macroeconômicas, somado ao fato de que a safra de soja na Argentina se aproxima das 50 milhões de toneladas, ou seja, uma safra de excelente proporção;
- Tragédia no Rio Grande do Sul-BR. Simultaneamente as greves na Argentina uma tragédia sem precedentes atingiu o Rio Grande do Sul, que até então tinha uma posição destacada em relação a produção de soja e se preparava para a maior produção de sua história. As chuvas muito acima do normal geraram prejuízos a soja que deveria ser colhida, da mesma maneira que também incorreu em prejuízos a soja que já estava armazenada em silos. Também precisa ser mencionado que não se tem a dimensão do tamanho das perdas, em torno de 5 milhões de toneladas de soja estão ameaçadas.
Os elementos citados acima promoveram recuperação dos preços do milho no mercado interno brasileiro e dos produtos do complexo soja no mercado internacional. Este movimento é efêmero, a grande variável para a formação dos preços dos grãos no curto e no médio prazo está agora na safra norte-americana e nas suas nuances.
Observar a evolução do trabalho de campo e dos modelos climáticos nos Estados Unidos é a chave para compreender a formação de preço e de tendência dos grãos no restante do ano.