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Mercado de suínos reage e volta a subir com melhora no cenário interno e externo

Mercado de suínos reage e volta a subir com melhora no cenário interno e externo

Os últimos 30 dias foram de apreensão no setor de proteínas, em função da ocorrência de Gripe aviária em granja comercial no Rio Grande do Sul. Como era esperado, houve impacto direto na redução temporária das exportações de frango do país, o que levou a um movimento especulativo em todo mercado de carnes, pressionando os preços para baixo. Especificamente na cadeia de suínos, cuja oferta está muito ajustada com a demanda, foi possível perceber o impacto rapidamente, pois já na semana seguinte à notificação do foco (feita dia 16/05), as cotações nas principais praças recuaram (tabela 1 e gráfico 1).

Tabela 1. Preço semanal da Bolsa de suínos Belo Horizonte (BSEMG) desde o segundo semestre de 2024 (R$/kg vivo), até a reunião de 12/06/2025. Destaque em azul para movimento de alta e amarelo para movimento de baixa Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da BESEMG.

Gráfico 1. Indicador SUÍNO VIVO – CEPEA/ESALQ (R$/kg) em MG, PR, RS, SC e SP, diário, nos últimos 30 dias úteis, até dia 13/06/2025. Preços indicados no gráfico referentes ao dia 23/05/2025, quando iniciou a queda nas cotações recentes. Fonte: CEPEA

Enquanto o frango experimentou um recuo de mais de 17% nos volumes exportados em maio (comparado com abril), o suíno continua batendo recordes históricos de embarques, mês a mês, quando comparado com os anos anteriores; no acumulado de janeiro a maio, em relação ao mesmo período de 2024, já foram pouco mais de 73 mil toneladas (16,8%) de incremento nas exportações de carne suína in natura brasileira (tabela 2), mesmo com a China perdendo posições no ranking de nossos compradores (tabela 3).

Tabela 2. Volumes exportados de carne suína brasileira in natura (em toneladas), mês a mês, em 2021, 2022, 2023, 2024 e de janeiro a maio de 2025. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Tabela 3. Exportação brasileira de carne suína in natura por destino em maio de 2025 (em toneladas e em US$) comparado com maio de 2024. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

O IBGE divulgou os números definitivos de abate do primeiro trimestre de 2025, confirmando a retomada, ainda que tímida, crescimento da produção de suínos do Brasil. Também foram divulgados os dados de abate por estado, com destaque para alta do Rio Grande do Sul e Minas Gerais e queda em São Paulo e Mato Grosso do Sul, quando comparado com o mesmo período do ano passado (tabela 4).

Tabela 4. Abate de suínos do primeiro trimestre de 2025 por unidade federativa, comparado com o mesmo período do ano passado. Destaque para alta do Rio Grande do Sul e Minas Gerais (azul) e queda em São Paulo e Mato Grosso do Sul (laranja). Ranking estabelecido sobre toneladas de carcaças em 2025 Elaborado por Iuri P Machado sobre dados definitivos do IBGE

Obviamente que, com a produção de suínos crescendo muito pouco e as exportações em alta considerável, a oferta no mercado doméstico fica limitada e presumivelmente menor que nos primeiros cinco meses do ano passado, o que, certamente, contribuiu para a retomada do viés de alta das cotações do suíno vivo e das carcaças nos últimos dias (gráfico 1 e gráfico 2), já sem a pressão dos embargos parciais e temporários das exportações de frango e na iminência do Brasil retomar o status sanitário de antes da notificação de do foco de gripe aviária no RS.

Gráfico 2. Indicador CARCAÇA SUÍNA ESPECIAL – CEPEA/ESALQ (R$/kg) em São Paulo/SP, diário, nos últimos 30 dias úteis, até dia 13/06/2025. Fonte: CEPEA

Início da colheita da “safrinha” de milho e farelo de soja ainda em queda, determinam margens positivas na atividade

A CONAB divulgou, no último dia 12, o nono levantamento da safra 2024/25, com acréscimo, agora de pouco mais de 1 milhão de toneladas de milho, em relação ao levantamento anterior, sendo que só para a segunda safra (safrinha), cuja colheita já começou na região Centro-oeste, a entidade projeta um volume de 101 milhões de toneladas, totalizando mais de 128 milhões de toneladas no somatório das três safras nacionais do período 2024/25. Esta expectativa de boa safra brasileira, aliada a expectativa de safra de milho norte-americano superior a 400 milhões de toneladas contribuiu para a queda contínua das cotações do cereal nas últimas semanas (gráfico 3).

Gráfico 3. Preço médio diário do MILHO (R$/SC 60kg) em CAMPINAS-SP, nos últimos 30 dias úteis, até dia 13/06/2025. Fonte: CEPEA

O farelo de soja, outro insumo importante para atividade suinícola, continua em queda, sendo comercializado em algumas praças, próximo a R$ 1.600 a tonelada (gráfico 4).

Gráfico 4. Preço médio diário do FARELO DE SOJA (R$/tonelada) em GOIÁS e média nacional, nos últimos 24 meses, até dia 13/06/2025. Fonte: https://www.agrolink.com.br

Esta queda no valor dos principais insumos, mesmo com recuo temporário dos preços do suíno, tem permitido boa relação de troca do suíno vivo com o MIX de milho + farelo de soja (gráfico 5) e determinado margens financeiras melhores que no ano passado (tabela 5).

Gráfico 5. Relação de troca SUÍNO : MIX milho + farelo de soja (R$/kg) em São Paulo, de julho/23 a junho/25 (até dia 13/06/25). Relação de troca ideal, acima de 5,00 Composição do MIX: para cada quilograma de MIX, 740g de milho e 260g de farelo de soja. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do CEPEA – preços estado de São Paulo. Mercado de suínos

Tabela 5. Custos totais (ciclo completo), preço de venda e lucro/prejuízo estimados nos três estados do Sul (R$/kg suíno vivo vendido) de janeiro a maio de 2024 e 2025, e a média anual de 2023 e 2024. Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos), Cepea (preço do suíno). Mercado de suínos

Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, nem a gripe aviária, nem o tarifaço do Trump afetaram significativamente a suinocultura brasileira.

“Por enquanto a nossa produção navega em águas calmas, às portas do segundo semestre, que promete ser ainda melhor com o tradicional aquecimento sazonal da demanda por carnes e a disponibilidade relativamente abundante de milho e farelo de soja”, conclui.

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