Nova radiografia do IBGE destaca força da suinocultura diante da queda agrícola. Nova publicação reúne 12 bases estatísticas e revela que abate de suínos atingiu recorde em 2024, impulsionado pela resiliência do consumo e pela capacidade de resposta da cadeia frente à retração agrícola
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) lançou, pela primeira vez, uma publicação única reunindo os principais indicadores econômicos conjunturais do país. Intitulado Indicadores Econômicos do Brasil – 2024, o relatório integra dados de 12 pesquisas, permitindo uma visão mais ampla e articulada da economia nacional — e evidencia a força da suinocultura em um ano marcado pela queda da agricultura e por eventos climáticos extremos.
Enquanto a produção nacional de grãos caiu 7,2% em 2024, reflexo do El Niño e das enchentes no Sul, a pecuária registrou desempenho positivo, com destaque para o abate recorde de 57,9 milhões de suínos, segundo a Pesquisa Trimestral do Abate de Animais. O volume de carcaças produzidas chegou a 5,3 milhões de toneladas, crescimento de 1,2% em relação ao ano anterior.
Embora os percentuais não sejam expressivos, o que chama atenção é o contexto: produção em alta diante da instabilidade climática, dos custos elevados e da retração agrícola. Em termos estruturais, o resultado reforça o papel da suinocultura como pilar de sustentação do agro em um período de assimetria entre os segmentos da cadeia.
“O abate de bovinos, suínos e frangos alcançou os maiores níveis da série histórica iniciada em 1997 […]. Mesmo com os efeitos do clima sobre as lavouras, a produção animal teve bom desempenho”, destaca o relatório do IBGE.
Outro fator que ajudou a sustentar o consumo foi o avanço do mercado de trabalho. O país atingiu a menor taxa de desocupação da série histórica (6,6%) e a maior massa de rendimento real mensal já registrada (R$ 340,7 bilhões). Isso favoreceu a demanda interna por proteínas, inclusive a carne suína — historicamente mais sensível ao poder de compra da população.
A publicação também revelou que o setor de transporte e armazenagem — estratégico para a logística da cadeia suinícola — teve o maior crescimento entre todas as atividades econômicas em número de ocupados (+7,8%), o que pode indicar maior movimentação de insumos e produtos mesmo em um ano desafiador.
“A consolidação desses dados em um único documento amplia a transparência, a análise integrada e o acesso a informações que podem apoiar o planejamento de políticas públicas e estratégias setoriais”, afirma João Hallak, da Diretoria de Pesquisas do IBGE.
O Indicadores Econômicos do Brasil – 2024 está disponível em formato digital e será publicado anualmente, segundo o Instituto.