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Nutrição que entrega eficiência e sustentabilidade: lições práticas da Prof. Ines Andretta

Nutrição que entrega eficiência e sustentabilidade: lições práticas da Prof. Ines Andretta

No estúdio agriNews Play, iniciativa da suínoBrasil e estúdio oficial do 21º Congresso Nacional da Abraves, a pesquisadora Ines Andretta (UFRGS) sintetizou o que já é possível fazer amanhã para alinhar custo, desempenho e pegada ambiental na suinocultura: alimentação de precisão, ajuste fino de aminoácidos e verificação contínua de variabilidade.

Docente e referência em nutrição de não ruminantes, Andretta lembra que a régua da sustentabilidade, na prática, passa pelo mesmo indicador que move a economia da granja: a ração.

“Nas análises de ciclo de vida, a alimentação responde por algo próximo do que já vemos no custo — 60% a 80%. Quanto mais eficiente for o uso da ração, menor será a pegada ambiental por kg produzido”, explicou.

Assista a entrevista completa:

Por isso, conversão/eficiência alimentar e kg de N excretado por kg de ganho tornam-se métricas-chave para provar, cedo, que a estratégia funcionou.

Baixa proteína com aminoácidos: onde está o limite seguro

A redução estratégica de proteína bruta com suplementação de aminoácidos industriais é um caminho maduro — desde que respeite o perfil de aminoácidos e o ponto de partida de cada granja. Em sistemas ainda com poucas fases de terminação, há margem expressiva para reduzir proteína e modular “degraus” de exigência ao longo do lote.

“Não existe um número mágico que sirva para todos. O limite depende do seu baseline e da capacidade de acompanhar sinais simples: padrão de consumo e fezes, uniformidade de lote, deposição de carne e gordura na carcaça”, disse.

Na UFRGS, aplicações de esquemas diluídos e formulação on-target renderam reduções de 6%–8% na excreção estimada de nitrogênio (e queda equivalente na pegada), sem perda de desempenho em cenários bem ajustados. O ganho ambiental anda junto do ganho econômico.

Alimentação de precisão que cabe na rotina

A pesquisadora diferencia o “ideal de laboratório” do factível na granja: usar os equipamentos já disponíveis (dosadores, robôs de terminação, estações de gestação) para incrementar fases ou aplicar diluições pré-definidas, aproximando a dieta da exigência real por idade/peso. “Fazer melhor o que já fazemos bem” resume a abordagem: mais fases, curvas de fornecimento bem parametrizadas e travamento de mínimos (AA essenciais, vitaminas e minerais) evitam performance em montanha-russa.

Variabilidade: medir para controlar

Andretta enfatiza dois focos: variabilidade do animal (resposta individual à mesma dieta) e variabilidade de ingredientes (inclusive milho e soja). O antídoto é conhecer e registrar: monitorar micotoxinas, digestibilidade aparente, teores de PB/AA por fornecedor/lote e manter margens de segurança na formulação.

“As indústrias brasileiras já fazem muita coisa certa — precisamos medir e comunicar melhor”, reforçou.

Assista a entrevista completa:

Sanidade + nutrição + aditivos: pacote sob medida

Desafios sanitários amplificam a variabilidade. O pacote “nutrição + aditivo” não é receita única: depende do cenário (contaminantes, desafio entérico, qualidade de água/cama/ambiente). Antimicotoxínicos, moduladores e ajustes de fibra podem estabilizar consumo e desempenho, desde que ancorados em diagnóstico e em parâmetros mínimos de qualidade de insumos.

O que implementar amanhã (e como provar que deu certo)

  • Mapeie o que já faz: bioseguridade, manejo de partos/colostragem, controle de água/ração, auditorias de formulação.
  • Defina 3–5 KPIs por fase: conversão, variância de peso, mortalidade, N excretado estimado e pegada por kg (modelo simples de LCA interno).
  • Teste A/B curto (2–4 semanas/lote): uma fase extra ou diluição AA-suportada vs. padrão; registre consumo, ganho e variação.
  • Travas de formulação: perfis de AA essenciais garantidos e mínimos vitamínico-minerais para não “economizar caro”.

Por fim, a professora deixa um recado que extrapola a nutrição: comunicar ciência.

“A suinocultura brasileira já opera com alto nível técnico. Medir, documentar e contar essa história fora da nossa bolha é parte da sustentabilidade.”

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