O prolapso do tecido retal e vaginal tende a ocorrer esporadicamente em suínos, frequentemente associado ao parto, e a verdade é que normalmente não damos mais importância a isso. Às vezes aumenta o número de casos, comportando-se como um surto e aí passamos um pouco mais de tempo procurando a causa.
Quando falamos sobre as possíveis causas do prolapso, a seguinte lista vem à mente:
LEITÕES
Em leitões, o prolapso retal é geralmente o resultado de:
AMBIENTE
TRANSTORNOS DIGESTIVOS
TRANSTORNOS RESPIRATÓRIOS
Também pode ocorrer devido a uma condição do trato respiratório com tosse intensa.
PORCAS
O prolapso vaginal e/ou retal às vezes ocorre como consequência da flacidez e relaxamento do canal do parto em porcas próximas ao parto. Os partos distócicos também podem ser acompanhados de prolapso.
A presença de micotoxinas está associada a uma possível causa de prolapso vaginal.
A zearalenona, uma micotoxina encontrada em vários grãos utilizados na produção ração, pode causar edema e irritação vulvovaginal em porcas ou porcas pré-púberes. O esforço frequentemente leva ao prolapso da vagina e talvez do reto.
Foi relatado que fatores genéticos contribuem para o prolapso da vagina e do útero em algumas raças, embora, mais uma vez, mais estudos são necessários para comprovação.
Embora esse problema não deva ultrapassar 1% do número total de mortalidade em porcas, nos EUA eles detectaram um aumento nos últimos 5 anos. Isso levou diferentes equipes de pesquisa a analisar possíveis covariáveis.
1 Iowa Pork Industry Center da Iowa State University
O Iowa Pork Industry Center da Iowa State University iniciou uma pesquisa em toda a indústria suinícola comercial dos EUA. O objetivo era identificar fatores de risco potenciais que seriam usados para gerar hipóteses e estratégias de teste para mitigação para prevenir o prolapso na porca.
Participaram do estudo 104 propriedades distribuídas geograficamente, com diferentes sistemas de produção e, evidentemente, diferentes taxas de incidência de prolapso. Semanalmente, eles enviaram dados sobre mortalidade e prolapso.
Também foram feitas visitas presenciais nas propriedades para mensuração do comprimento da cauda e condição corporal, além da avaliação da área perianal.
Foram estudadas as possíveis causas associadas ao número de prolapsos semanais em 1.000 porcas, aplicando-se vários métodos estatísticos a esses dados, para avaliar os fatores de risco associados à taxa de incidência de prolapso.
A mortalidade anual por prolapso foi de 2,7% com uma oscilação entre propriedades de 0,3% -10,3% entre aquelas com menor e maior incidência. De acordo com os pesquisadores, essa grande variabilidade entre as propriedades foi fundamental para ajudar a entender as possíveis causas do prolapso.
PRINCIPAIS DESCOBERTAS
1. Magras
2. Normais
3. Gordas
O presente estudo relacionou a adoção da estratégia de alimentação conhecida como “Bump feed” ou aumento da alimentação fornecida no último terço da gestação. A adoção do Bump diminuiu a incidência de prolapso, principalmente em propriedades com porcas magras.
Um sistema de escalonamento foi desenvolvido para a região perineal anteparto de acordo com seu aspecto (inchaço e protrusão da vagina e / ou reto) e o risco de prolapso futuro:
1. Risco de prolapso baixo
2. Intermediário
3. Risco elevado
A maioria dos prolapsos ocorreu em animais classificados como 3.
Não houve diferença no total de leitões nascidos entre as porcas que prolapsaram ou não. As porcas prolapsadas tiveram menos leitões nascidos vivos em comparação às porcas que não prolapsaram.
O manejo durante o parto também foi levado em consideração e o impacto da inspeção manual no subsequente aparecimento de prolapso foi observado. Não foram observadas diferenças significativas entre porcas assistidas e não assistidas, determinando que a assistência ao parto não foi um fator desencadeante de prolapso.
2 Mariola Grez and Thomas Crenshaw, University of Wisconsin-Madison
A hipocalcemia (baixa concentração sérica de cálcio) é frequentemente considerada um fator de risco no desenvolvimento de prolapso em porcas. No entanto, os dados disponíveis são limitados para demonstrar que as porcas no periparto sofrem de hipocalcemia.
Este experimento, conduzido no Centro de Ensino e Pesquisa Suína da Universidade de Wisconsin-Madison entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, teve como objetivo avaliar a relação entre uma alta concentração de cálcio em dietas para porcas multíparas e o desenvolvimento de hipocalcemia durante a lactação.
Inesperadamente, as porcas alimentadas com uma dieta rica em cálcio durante o terço final da gestação mostraram uma concentração sérica de cálcio total constante, mas ligeiramente maior do que as porcas alimentadas com uma dieta controle (10,93 vs 9,75 mg / dL). Ou seja, uma dieta rica em cálcio no período pré-parto não foi associada à hipocalcemia pós-parto.
Seria essa uma estratégia em porcas para minimizar o aparecimento de prolapsos? Mais estudos são necessários para comprovação dos dados.
As conclusões e hipóteses desses estudos marcam um ponto de partida para futuras pesquisas para testar e validar, ou não, os fatores de risco detectados.
As informações sobre as possíveis causas de prolapso, bem como quais estratégias utilizar, são escassas. Portanto, faz-se necessário o investimento em pesquisas para investigar causas e estratégias para mitigar prolapso em suínos.