A cadeia produtiva da carne suína brasileira pela posição global que ocupa tanto em volume produzido quanto a extensão de mercados e consumidores que alcança, é constantemente desafiada a sofisticar seus programas de autocontrole e garantia da qualidade.
O espectro de responsabilidade se amplia além da mitigação dos riscos diretos ao consumidor, pelas doenças transmitidas por alimentos, para a dimensão ambiental e comunitária. É neste cenário que está posta a discussão do papel da agropecuária na seleção e disseminação de bactérias resistentes aos antimicrobianos (ATM), que podem atingir o homem pela via alimentar e também pela exposição ao ambiente.
Soma-se aos óbitos a dificuldade de controle das doenças, o que impacta sobremaneira no custo dos tratamentos, tempo de hospitalização e recrudescimento das infecções (Tanwar et al., 2014).
O uso de ATM na produção animal e vegetal é um fator de risco potencialmente importante para seleção de microrganismos resistentes, disseminação de determinantes de resistência e transmissão para humanos via consumo de alimentos. Assim se cristaliza o conceito da resistência antimicrobiana transmitida por alimentos (Fooborne AMR).
Da perspectiva da saúde animal, já em 2009, a Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH antiga OIE) introduziu recomendações para o controle da resistência antimicrobiana no Código Sanitário para Animais Terrestres, que na sua versão atual possui cinco subcapítulos abordando o tema.
Além de um capítulo sobre uso prudente de ATM na medicina veterinária, os demais propõem:
- Critérios para desenvolvimento de programas nacionais de vigilância e monitoramento da resistência antimicrobiana,
- Monitoramento do padrão e quantidade de uso e animais de produção e finaliza com
- Análise de risco para o aumento da resistência antimicrobiana a partir do uso de ATM em animais (WOAH, 2022).
A força tarefa elaborou dois guias, um que estabelece práticas para redução da necessidade do uso de ATM e o outro que propõe uma estratégia de vigilância tanto do uso de ATM quanto da resistência aos antimicrobianos. Estes novos guias junto ao de análise de risco da resistência antimicrobiana transmitida por alimentos, previamente adotado em 2011, compõe o documento publicado em 2022 “Foodborne Antimicrobial Resistance Compendium of Codex Standards”.
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