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Pesando o sucesso: O impacto do desempenho durante a fase creche sobre o peso ao abate de suínos

Escrito por: César Augusto Pospissil Garbossa , Fabrício Faleiros de Castro - Animalnutri , Gustavo Gattás - Animalnutri , Maíra Resende - Animalnutri , Rhuan Filipe Chaves - Animalnutri , Vinícius de Souza Cantarelli - Professor e Pesquisador no departamento de Zootecnia da UFLA Coordenador da linha de pesquisa Animal Science and Intestinal Health (ASIH)

Pesando o sucesso: O impacto do desempenho durante a fase creche sobre o peso ao abate de suínos

O desempenho dos suínos ao longo de sua vida está intrinsecamente ligado ao desempenho durante a fase de creche. Um fator crítico a ser considerado é a variabilidade no peso corporal (PC), que compromete a eficiência das granjas e o tempo de ocupação, especialmente nas instalações de crescimento e terminação, sendo um fator limitante para os sistemas de produção.

Diversas variáveis podem afetar o desempenho dos suínos, e, geralmente, suínos com crescimento retardado são resultado de fatores como:

É importante ressaltar que, a fase de crescimento e terminação é o período mais caro da vida do suíno, representando 65% do custo total de um suíno.

Esse custo pode ser ainda mais afetado se o animal tiver um desempenho insatisfatório durante a creche, refletindo em um pior desempenho nas fases subsequentes.

Portanto, identificar potenciais fatores de risco associados ao crescimento retardado dos suínos é uma estratégia valiosa para reduzir os custos de produção, especialmente se parte desses fatores puderem ser modificados para melhorar a homogeneidade e a eficiência de crescimento dos lotes.

Reduzir a variabilidade do PC aumentará a eficiência geral, reduzindo o tempo de ocupação das instalações de creche e de crescimento-terminação.

Este artigo aborda como o peso dos suínos durante a fase de creche impacta o peso dos animais ao abate, explorando a relação entre dietas, crescimento compensatório e práticas de manejo.

A fase de creche pode representar até 30% do desempenho subsequente dos animais, sendo o período mais desafiador dentro do sistema de produção.

O desmame, nos sistemas de produção atual, ocorre geralmente na terceira semana de vida dos leitões e uma das principais consequências do desmame precoce é o baixo consumo de ração nos primeiros dias de creche.

Essa anorexia transitória leva à baixa ingestão de energia e nutrientes na primeira semana, causando danos estruturais no intestino, que podem intensificar distúrbios do trato gastrointestinal (TGI).

Todas estas alterações no início da vida dos leitões podem afetar o desempenho até o abate. Por esse motivo, à medida que aumenta a idade de desmame, mesmo que em poucos dias, os impactos negativos desse manejo podem ser minimizados.

Existem diversas pesquisas comparando diversas idades de desmame e seus efeitos no desempenho e na saúde intestinal e, como conclusão geral, há uma melhora no desempenho na fase de creche e, consequentemente, nas fases subsequentes.

Ao deslocar a média de idade ao desmame, desloca-se também a curva normal dos pesos, retirando um grupo de animais da zona sensível de idade e peso, que por sua vez favorece maior capacidade imunitária e reduz altas dispersões nos lotes, resultando em melhor resposta a nutrição e, consequentemente, melhor desempenho na fase de creche.

 

O leitão lactente consome diariamente um alimento rico e complexo, capaz de suprir sua necessidade nutricional e fisiológica.

Um claro exemplo do desafio enfrentado pelos leitões desmamados, está no consumo de energia, que só é atingido em níveis compatíveis com o pré-desmame duas semanas após o desmame. Portanto, o estímulo do consumo de ração nos primeiros dias pós desmame é a principal meta a ser atingida na creche.

Com isso, lançamos mão de inúmeras estratégias nutricionais para garantir o GPD e mitigar os efeitos do pós-desmame, tais como, apostar em matérias primas palatáveis e digestíveis, além de ingredientes funcionais que auxiliam na manutenção da saúde intestinal dos leitões.

As dietas pré-iniciais de alto desempenho, devem conter conceitos que vão além dos níveis nutricionais. Nesta fase, deve-se considerar:

São parâmetros importantes para a garantia de consumo e saúde.

Outros ingredientes que compõem uma boa dieta de creche, são o plasma spray-dried e produtos de levedura.

São compostos que possuem fornecimento de fração proteica, que auxilia na redução da utilização do farelo de soja nas dietas pré-iniciais, mas também destacam-se por sua atividade funcional, e que utilizados nas condições ideais, garantindo um binômio entre custo e resultado, são excelentes ferramentas de manutenção da saúde intestinal com excelente retorno em desempenho na creche.

Outras tecnologias incorporadas nas formulações e que não possuem efeito nutricional direto, mas auxiliam na manutenção da saúde geral, além dos medicamentos, são os aditivos, destaque para os ácidos orgânicos e óleos essenciais, que utilizados estrategicamente auxiliam na redução da pressão de infecção, além de relação direta com a saúde intestinal e, consequentemente, melhoria de desempenho.

A utilização correta dos ingredientes e níveis nutricionais adequados são primordiais, entretanto ganhamos mais eficiência com estratégias de manejo.

A forma em que a ração é fornecida, seca ou líquida, pode contribuir com 150% de aumento de consumo nas primeiras semanas após o desmame, independentemente da idade de desmame, a utilização de ração líquida tem retornado melhores resultados.

 

Em uma análise de dados realizada pelo centro de pesquisa da Animalnutri, utilizando um banco de dados com mais de dois mil animais, foi possível observar o impacto da melhoria do peso na saída de creche associado a melhora no coeficiente de variação (CV) dos pesos.

Na tabela apresentada a seguir, foram realizadas três análises onde o CV entre os pesos de creche reduzia em cada uma delas, assim como a média de peso aumentava.

Ao explorar a relação entre a diferença dos pesos, foi nítido que aumentar o peso e a homogeneidade do lote, permite que a diferença de peso inicial não tenha efeito multiplicatório no peso final.

Essa análise é importante para motivar a busca por menor variabilidade de lote e impulsionar o peso na saída de creche, através de estratégias de garantia de desempenho durante a fase de creche.

Tabela 1. Análise de dados explorando a relação entre diferentes classes de peso e coeficiente de variação na saída e creche com o peso ao abate de suínos. [Pesando o sucesso: O impacto do desempenho durante a fase creche sobre o peso ao abate de suínos]

Um adequado desempenho durante a fase de creche depende de um conjunto de fatores, considerando a qualidade do leitão desmamado como um fator primordial.

O equilíbrio entre sanidade, nutrição e bem-estar deve ser adicionado a essa equação para garantir a redução de fatores estressantes e favorecer o máximo desempenho dos animais na creche e, consequentemente, no crescimento e terminação.

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