Pode a nutrição auxiliar na hiperprolificidade das fêmeas suínas gestantes?
Anualmente, estamos observando os resultados positivos da suinocultura referentes à produtividade das nossas matrizes. Como demonstrado no Congresso Agriness (2022), resultados apontam para 37,22 desmamado/fêmea/ano, evidenciando a hiperprolificidade das atuais fêmeas suínas.
Porém, muitas vezes esta alta prolificidade vem associada a uma grande variabilidade de pesos na leitegada; ou um maior número de leitões, porém de baixo peso; ou ainda leitões de baixa viabilidade.
Quando pensamos nessa situação, surge os seguintes questionamentos:
- Pode, a nutrição, ajudar a amenizar este cenário de desafios?
- Se trabalharmos de forma específica na nutrição da fêmea gestante, podemos reduzir esse impacto negativo observado a campo?
Já existem investimentos por parte do melhoramento genético na busca de soluções para essa situação. No entanto, as empresas de nutrição animal devem atuar para apoiar os produtores na conquista dos melhores resultados, minimizando esse desafio para a fase de gestação.
Trabalhos científicos e revisões de literatura indicam que o uso de determinados aditivos, ou ingredientes, em diferentes momentos do período de gestação, ou no período integral, podem ajudar a minimizar os impactos negativos mencionados acima.
Alguns desses trabalhos indicam que, via nutrição durante a gestação, podemos interferir de forma positiva na redução do número de leitões de baixa viabilidade, melhorando a uniformidade das leitegadas e
trabalhando para que tenhamos leitões mais vigorosos.
Ao pensarmos em fêmeas gestantes, é possível observar melhorias em taxas de partos, redução de retorno ao cio e uma fêmea mais bem preparada para o período de lactação.
- ARGININA
Dentre os aditivos nutricionais e ingredientes com resultados positivos e promissores apresentados, podemos citar alguns como:
-
- Glutamina
- Arginina
- Ácidos graxos essenciais (DHA e EPA)
- Nucleotídeos
- Minerais orgânicos
- Prebióticos
- Probióticos
- Óleos essenciais, entre outros.
Dentre estas possibilidades, um exemplo que podemos citar seria a arginina.
- (P<0.05) do número total de leitões por leitegada;
- número de nascidos vivos por leitegada;
- peso total da leitegada e
- peso total de nascidos vivos por leitegada.
Além disso, a suplementação de arginina aumentou (P<0.05) o peso total da placenta, indicando que esta diferença pode estar associada a mecanismos bioquímicos e fisiológicos responsáveis pelos efeitos da suplementação da arginina na gestação (Tabela 1).
De acordo com os autores, os efeitos positivos da suplementação da arginina estão associados com aumento do peso da placenta, como também com os elevados níveis de estrógeno e de aminoácidos da família da arginina na circulação sanguínea materna.
No entanto, temos que levar em consideração que, na prática e dentro de nossas granjas comerciais, podemos não obter resultados positivos com o uso destes aditivos/ingredientes trabalhados. Isso pode estar relacionado a:
- Diferentes manejos e alimentações na fase de gestação
- Qualidade de ingredientes
- Micotoxinas
- Questões de ambiência, instalações
- Desafios sanitários
Fica aí uma sugestão a ser avaliada em nossos trabalhos e recomendações diárias dentro das granjas comerciais. Lembrando que a literatura nos mostra alguns caminhos e cabe a nós, nutricionistas, tomar as melhores decisões para nutrir de forma adequada essa fêmea suína em gestação, para explorar todo o seu potencial genético.