Reunião anual do GT Suínos foca em biosseguridade
A biosseguridade em granjas de suínos foi o tema principal de um ciclo de apresentações promovido pelo Grupo Técnico Suínos do Programa Nacional de Sanidade Suídea no RS (PNSS-RS), vinculado à Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). A reunião anual do GT ocorreu nesta quarta-feira (26/11), na Casa do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. O encontro teve a participação dos setores público e privado.
Vigilância em PRRS
O médico veterinário João Pedro Frizzo, do Departamento de Medicinal Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresentou informações sobre a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS), abordando sua importância global, características do vírus, epidemiologia, vigilância e estratégias de controle.
Em circulação no mundo desde os anos 1980, a PRRS tem alta disseminação global, com poucos países que permanecem livres da enfermidade, como o Brasil. “O impacto econômico é significativo, chegando a bilhões de dólares em perdas anuais. Até 80% das introduções em granjas com boa biosseguridade podem ocorrer por transmissão aérea”, contou Frizzo.
Os sinais clínicos variam, de acordo com a idade do animal. Em maternidade, ocorrem abortos no terço final, nascimento de leitões fracos e alta mortalidade pré-desmame. Já em leitões e animais de terminação, os principais sinais são apatia, falta de ar, tosse, cianose (coloração azulada), redução de apetite e emagrecimento.
Entre as estratégias de controle, estão a biosseguridade e biocontenção rigorosas, com rígido controle na entrada de animais suscetíveis. Embora livre da doença, o Brasil deve manter vigilância constante para prevenir a introdução do vírus.
Mudanças na certificação de granjas de reprodutores
A auditora fiscal federal agropecuária Rojanna Girardi apresentou as principais mudanças trazidas com a publicação da Portaria SDA/MAPA nº 1.358/2025, que substituiu a Instrução Normativa 19/2002. O novo ato administrativo estabelece os procedimentos e requisitos para certificação de Granjas de Reprodutores Suídeos Certificadas (GRSC), além de regulamentar o alojamento temporário e o trânsito de reprodutores.
A vigência da Portaria é imediata, passando a valer a partir da data de sua publicação, 19 de agosto de 2025. “Porém, as granjas que já foram certificadas pela IN 19/2002 têm até fevereiro de 2027 para fazer as adequações necessárias”, complementou Rojanna.
O processo de certificação mudou para granjas novas e povoadas, com auditorias documentais e in loco, podendo ter validade variável de 12 a 24 meses, conforme o nível de biosseguridade. Os requisitos estruturais e de biosseguridade foram ampliados, incluindo barreira física, telas, áreas específicas para necropsia/lixo e proibição de fábrica de ração dentro da barreira. “Há também a exigência do Plano de Biosseguridade da Granja, assinado por responsável técnico. O plano deverá ser específico para a realidade de cada granja”, destacou a auditora.
Os estabelecimentos de alojamento temporário devem seguir regras rígidas: “todos dentro/todos fora”, vazio sanitário de três dias, permanência máxima de 60 dias e autorização válida por 12 meses. A Portaria também regula transferências entre estabelecimentos não certificados e a participação em eventos.
Módulo de biosseguridade na PDSA
O professor Glênio Descovi, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), demonstrou o novo módulo de biosseguridade dentro da Plataforma de Defesa Sanitária Animal (PDSA). O sistema oferece painéis específicos: o Dashboard de Suínos, com um panorama geral das granjas atendidas, e o Dashboard de Biosseguridade, que mostra os checklists preenchidos pelo Serviço Veterinário Oficial e os Responsáveis Técnicos.
Os checklists possuem várias abas que devem ser totalmente preenchidas e o sistema alerta automaticamente quando algum campo obrigatório estiver faltando. O trâmite é totalmente digital, com assinaturas pelo login Gov.Br ou pelo acesso na PDSA.
“Dessa forma, facilitamos o acesso do produtor, tornando o processo de biosseguridade mais eficiente. Também temos a padronização dos registros, evidências e relatórios de vistoria, garantindo a rastreabilidade e a organização das informações”, conclui o professor.
As apresentações foram transmitidas pelo canal da Seapi no Youtube e podem ser assistidas a qualquer tempo neste link.
Fotos: Thais D’Avila/Fundesa
