Suinocultores do RS, em prejuízos desde o início do ano, podem ver o cenário mudar com aumento de preços e vendas ao exterior; baixa nos preços do milho; e aumento do consumo interno, como diz o presidente da Associação de Criadores de Suínos no Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador.
De acordo com levantamento da entidade, publicado na última sexta-feira (29), o preço por quilo do suíno vivo para o produtor independente do RS ficou em R$ 6,53, demonstrando aumento em relação ao mês anterior, quando foi de R$ 6,46. Enquanto isso, o custo de produção, de acordo com a Embrapa, é de R$ 7,58.
“O que a gente tem acompanhado hoje é que o produtor continua fechando com margem negativa, durante todo o primeiro semestre de 2022 o produtor fechou com margem negativa”, comenta Folador. Mas essa perda vem diminuindo. “No último mês o preço do suíno teve força para subir em função de que melhorou um pouquinho a questão da demanda das exportações em relação a volumes e também as exportações começaram a pagar um pouco melhor em preços, então isso possibilitou que houvesse um aquecimento no mercado interno”, comenta o presidente.
Outro fator para a melhora foi a baixa no valor do saco de milho, em R$ 86,50 nesta sexta-feira (29), R$ 88,67 há um mês e R$ 93,67 um ano atrás. “A partir da entrada da safra de milho no centro-oeste o grão tem baixado um pouco de preço e essa baixa do milho vai contribuir não agora, mas para os próximos meses, mais para o final do segundo semestre, também ajudando a baixar o custo de produção dos suínos”, comenta Folador. “O suíno que está sendo entregue aos frigoríficos é um suíno que comia um milho caro ainda”, explica.
Enquanto isso, a produção continua estável e a projeção de crescimento para este ano é de 6%, de acordo com o presidente. “Nós temos a situação também de que o segundo semestre é sempre melhor que o primeiro quando olhamos historicamente os preços dos anos anteriores. Sempre tem uma melhora nas vendas”, diz.
O produtor independente Mauro Antônio Gobbi, da Suinocultura Gobbi, no município de Rondinha-RS, relata que o prejuízo tem sido observado desde o quarto trimestre de 2021 e que, nesses primeiros sete meses de 2022, o produtor ficou no negativo. Segundo ele, entre janeiro e maio o cenário estava pior e vem melhorando a partir de junho, com aumento de preços. “Mas ainda não fecha a conta”, observa.
Gobbi relata que a oferta de milho aumentou, o que reduziu os custos, mas não o suficiente. “A dificuldade que nós temos é para o milho chegar. Em função do custo do diesel e logística, o custo não caiu o que se imaginava”, comenta o produtor. Gobbi espera que os preços do suíno subam a partir de agosto, com uma perspectiva de aumento nas exportações. Ele cita, em especial, a abertura de mercados para o Canadá. “Tem uma série de exigências, por isso não enviamos para lá ainda, mas acreditamos que a partir de agosto vai ser embarcado mais e o preço deve subir no mercado interno”, diz.
Fonte: Correio do Povo