ustentabilidade e Rentabilidade na Produção de Suínos: Nutrição e manejo para maximizar desempenho e longevidade das matrizes
A sustentabilidade e a rentabilidade da produção de suínos são impactadas pelo desempenho produtivo das matrizes, que pode ser avaliado pelo:
- Número de leitões nascidos
- Peso da leitegada
- Uniformidade da leitegada
- Peso ao desmame
- Intervalo desmame-cio
- Idade e longevidade das matrizes
A longevidade das matrizes está associada ao tempo de produção com bons índices produtivos, reposição voluntária e descarte das matrizes.
Entretanto, taxas de reposição acima de 50% por mais de dois ou três anos, podem causar problemas de bem-estar e reduzir a viabilidade econômica.
Os autores Mote et al. (2020), reportaram que para recuperar o investimento realizado na matriz, é necessário que a mesma produza ao menos três leitegadas, mas a reposição de matrizes com dois ou três partos é considerada precoce.
Segundo Hadas et al. (2015), a taxa de descarte no primeiro ou segundo parto é de aproximadamente 22%.
A permanência da matriz no rebanho produzindo com bons índices produtivos até ao 5 ou 6º parto, é economicamente desejável.
De acordo com diversas pesquisas realizadas, as principais razões para a reposição do plantel de matrizes pouco se alteraram ao longo dos anos (Balogh et al., 2015; Engblom et al., 2007; Wang et al., 2019). Os principais motivos para a reposição das matrizes são:
- Distúrbios reprodutivos
- Problemas nos membros locomotores
- Baixos índices de desempenho produtivo
- Condição de saúde e idade.
O percentual de matrizes eutanasiadas e as razões para o descarte de acordo com as pesquisas citadas acima estão listadas na Tabela 1. Estas taxas e razões para o descarte indicam aos produtores áreas de melhorias, bem como a condição de bem estar das matrizes e treinamento da equipe.
A fim de reduzir a taxa de reposição e descartes precoces e aumentar a produtividade e longevidade das matrizes, é essencial realizar manejos adequados e proporcionar uma nutrição balanceada para as fêmeas de reposição, nulíparas e matrizes.
- Problemas nos aparelhos locomotores e suplementação de minerais
A má formação óssea, baixa síntese de colágeno e queratina, ocasionam problemas nos aparelhos locomotores, à exemplo de lesões nos cascos, má formação da unha, inflações nos joelhos, etc.
Além do descarte ocasionado diretamente pelas lesões nos aparelhos locomotores, se deve considerar também que as lesões estão relacionadas com os descartes por baixo desempenho produtivo e problemas reprodutivos.
Em estudo conduzido por Grandjtot (2007), foi reportado que as matrizes que apresentavam lesões nos aparelhos locomotores produziram menos de três leitegadas, enquanto, as matrizes sem presença de problemas nos aparelhos reprodutores produziram 5 leitegadas.
Em relação aos requerimentos nutricionais, as dietas compostas principalmente por milho e soja não são capazes de suprir à quantidade necessária de cálcio, fósforo, sódio, cloro, zinco, iodo e selênio para as matrizes, portanto, é necessário que as vitaminas e minerais sejam suplementados nas dietas.
A suplementação de vitaminas e minerais é essencial para garantir adequada formação óssea e produção de cartilagem nas fêmeas de reposição e nulíparas, bem como da prole em desenvolvimento (Quinn et al., 2015).
A suplementação de cálcio (Ca) e fósforo (P) nas dietas de fêmeas de reposição, nulíparas e matrizes, devem ocorrer em maiores níveis do que os normalmente encontrados em dietas de crescimento e terminação, a fim de evitar que as fêmeas tenham problemas de locomoção.
Em dietas para fêmeas de reposição, é recomendada uma proporção mínima de Ca:P digestível de 1:1, que varia de acordo com o nível de P.
Por exemplo, pode ser 1,25:1 se o P atender às recomendações para 50 a 80 kg de peso vivo (Lagos et al., 2018). Além disso, as recomendações de Ca para maximizar a mineralização óssea são maiores do que para o crescimento (1,35:1 Ca:P).
Embora as marrãs em crescimento geralmente recebam acesso ad libitum à ração, as taxas de crescimento rápido nas linhas genéticas atuais e a alta incidência de problemas nas pernas podem levar à claudicação.
Avaliando a suplementação de microminerais orgânicos (cobre, manganês e zinco a 10, 20 e 50 mg/kg, respectivamente) em dietas de marrãs, os autores Fabà et al. (2021) reportaram que a suplementação de microminerais orgânicos aumentou a resistência e densidade óssea, reduzindo os escores de lesões nos aparelhos locomotores, resultando no aumento dos índices reprodutivos e longevidade das matrizes.
Na mesma linha de pesquisa, Quinn et al. (2015) reportaram que a suplementação de cobre, zinco e manganês acima do requerimento nas dietas de marrãs proporcionou maior densidade mineral óssea e menores pontuações de lesão de cartilagem.
Para garantir um bom desenvolvimento ósseo de fêmeas em reposição e nulíparas, bem como uma reposição de vitaminas e mineiras para as matrizes após a fase de aleitamento, é essencial a suplementação de vitaminas e minerais em suas dietas, o que promove a redução de matrizes descartadas em função de lesões locomotoras, beneficia o desenvolvimento da prole e aumenta concentração de minerais no colostro e leite que os leitões consomem.
- Desenvolvimento da glândula mamária
Outro fator importante que influencia o desempenho reprodutivo e a longevidade, é o desenvolvimento das glândulas mamárias.
O número de células mamárias presentes no início da lactação tem um grande impacto na produção de leite da matriz.
Avaliando a restrição alimentar de 20% no período pré-púbere, foi observado que a massa do parênquima mamário diminuiu em 26,3%, enquanto, a alimentação ad libitum durante o período pré-púbere aumentou o peso do parênquima mamário em 36% a 52% (Farmer et al., 2004).
A suplementação de determinados extratos de plantas com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias também pode ser benéfico para estimular o desenvolvimento mamário dentro de períodos fisiológicos específicos.
Farmer et al. (2014) suplementaram o extrato vegetal denominado de silimarina (de Silybum marianum), e observaram o aumento na concentração de prolactina após quatro dias de consumo.
Os autores Liangkai et al. (2022) também avaliaram a inclusão de silimarina na dieta de matrizes, e reportaram que a inclusão de 250 a 500mg/kg de silimarina da metade ao final da gestação promoveu aumento nos índices reprodutivos das matrizes, principalmente por seu caráter antioxidante.
Conclusões
A nutrição é uma ferramenta essencial para maximizar o potencial genético das matrizes. A suplementação de vitaminas, minerais e nutrientes com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes nas dietas de fêmeas de reposição, nulíparas e matrizes auxiliam no desenvolvimento e funcionalidade de diversos órgãos e metabolismo, resultando no aumento de índices produtivos e redução na taxa de reposição e descartes de matrizes.