Tecnologia europeia de liberação dirigida de zinco chega ao Brasil, adaptada às dietas e desafios locais
No pós-desmame sem óxido de zinco farmacológico, o “x” do problema deixou de ser apenas qual fonte usar e passou a ser onde e quando o zinco realmente age no trato gastrointestinal.
Em entrevista no estúdio agriNews Play Brasil, durante o 17º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, a TIMAB Magnesium apresentou uma abordagem de liberação dirigida que nasceu na Europa – já sob o banimento do ZnO – e agora chega ajustada às formulações, matérias-primas e pressões sanitárias e ambientais do Brasil.
Quem falou, sobre o quê
A conversa reuniu Zoé Garlatti, gerente de Produto – Suínos da TIMAB Magnesium, e Juliana Réolon Pereira, gerente comercial da TIMAB Magnesium no Brasil (PhD em Nutrição Animal).
Ambas detalharam o racional técnico de uma matriz de magnésio que protege o zinco e modula sua solubilização ao longo do trato, buscando maximizar a absorção no local de maior eficiência e reduzir a excreção do metal – ponto sensível para passivos ambientais e para mercados exigentes.
“A discussão não é ‘trocar o óxido por outra etiqueta, mas controlar a entrega para que o zinco não se perca em interações indesejáveis antes de ser aproveitado”, afirma Zoé.
Segundo ela, a matriz atua como uma barreira físico-química que retarda e regula a liberação do mineral, mitigando complexações com fitatos e outros antinutricionais e ajudando a preservar a fração efetivamente biodisponível.
“Com liberação dirigida, o produtor ‘usa melhor o mesmo zinco’ – e isso tende a aparecer tanto no desempenho, como (na redução de excreção) no ambiente”, acrescenta.
Diferencial técnico
Enquanto fontes inorgânicas ou quelatadas dependem fortemente do pH, da matriz da dieta e de interações com outros componentes, a proposta da TIMAB foi desenhar a cinética de solubilização. Em termos práticos, a empresa descreve:
- Proteção do zinco por uma matriz magnésica, evitando complexação precoce e precipitação;
- Liberação gradual até atingir o ponto de maior absorção;
- Apoio à saúde intestinal, com menor irritação luminal e melhor ambiente para bactérias benéficas.
“Nosso alvo é o pós-desmame, fase em que a estabilidade digestiva é mais frágil. A lógica europeia foi o ponto de partida, mas os ensaios e ajustes foram feitos com dietas brasileiras, avaliando desempenho, integridade intestinal e excreção de metais,” explica Juliana.
Evidências
As entrevistadas relatam que a tecnologia foi validadada em bancada e em campo. Em modelos de absorção celular e ensaios controlados, a empresa observou aumento de biodisponibilidade quando comparada a referências inorgânicas e quelatadas específicas, com sinais de menor excreção fecal de zinco.
No campo, sob condições brasileiras (matérias-primas locais, diferentes níveis de desafio sanitário e esquemas nutricionais usuais), os lotes com a liberação dirigida mantiveram desempenho frente a programas que utilizavam ZnO em níveis elevados ou fontes alternativas.
“Quando o zinco chega no ponto certo, vemos menos perda por fezes e mais resposta zootécnica. Isso é desempenho, mas também é conformidade ambiental,” resume Zoé.
Essa combinação – desempenho + menor excreção – é apresentada pela companhia como o elo entre a necessidade produtiva imediata e a pressão de médio prazo: mercados importadores mais rígidos, fiscalização ambiental, exigência de rastreabilidade e transparência sobre uso de microminerais.
Pós-desmame sem ‘muletas’
Na prática, o produtor brasileiro passa a lidar com o pós-desmame sem a “muleta” das doses farmacológicas de ZnO. A proposta europeia que chega ao país não é só “mudar a fonte”, e sim reprogramar o destino do mineral dentro do animal:
- Menos flutuação de pH e menos perdas por precipitação/complexação antes do sítio de absorção;
- Resposta intestinal mais consistente, favorecendo o equilíbrio da microbiota e a recuperação de vilosidades no período mais crítico;
- Programa de inclusão pensado para dietas locais, considerando níveis de fitato, fibras, proteína e uso de aditivos comuns no Brasil.
“O objetivo é atravessar as primeiras semanas com menos solavancos clínicos e sem abrir mão de ganho e conversão. A tecnologia nasceu da urgência europeia, mas foi recalculada para as realidades do Brasil,” diz Juliana.
Por que isso importa agora
Mesmo sem um banimento nacional do ZnO no Brasil, duas forças apertam o cerco:
-
Ambiente/regulatório — a tendência global de reduzir a carga de metais pesados nos dejetos e de rastrear insumos críticos;
-
Mercado — cadeias exportadoras mais sensíveis a resíduos e a parâmetros de sustentabilidade.
A liberação dirigida se posiciona, portanto, como ferramenta de transição, permitindo manter o foco em desempenho e saúde intestinal, mas reduzindo o zinco perdido no ambiente, antecipando-se a demandas comerciais e normativas.
Para além do rótulo, as entrevistadas enfatizam que a saída da “era do ZnO” requer coerência de programa:
- Formulação (nível proteico, fibras, fitato)
- Manejo de transição
- Sanidade e
- Metas realistas de desempenho
Entrevistadas
Zoé Garlatti — Gerente de Produto – Suínos, TIMAB Magnesium.
Juliana Réolon Pereira — Gerente Comercial Brasil, TIMAB Magnesium; PhD em Nutrição Animal.
Quem é a TIMAB Magnesium?
A TIMAB Magnesium integra o Groupe Roullier e é dedicada a soluções à base de magnésio para nutrição animal e vegetal, com P&D associado ao ecossistema de inovação do grupo (CMI, Saint-Malo, França). No Brasil, atua com portfólio e suporte técnico voltados às realidades locais da produção de aves, suínos e ruminantes.
Assista a entrevista completa: