Os leitões recém-nascidos nascem sem proteção imunológica devido à natureza epiteliocorial da placenta suína, que não permite a transferência de grandes moléculas durante a interface materno-fetal. A defesa imunológica é adquirida a partir da ingestão de colostro que é rico em imunoglobulinas, adquirindo, assim, a imunidade passiva, antes de produzirem adequadamente suas próprias imunoglobulinas com 3-4 semanas de idade.
Nos últimos 30 anos, tem havido um aumento constante no número de leitões nascidos, com o tamanho da leitegada aumentando em média de 11 para 14 leitões, com alguns países atingindo uma média de 16 leitões.
As leitegadas grandes também podem afetar diretamente os leitões ao nascer.
Quanto maior o número de leitões nascidos na leitegada, menor será o seu peso médio ao nascer e maior será a variação do peso dentro da leitegada.
Um maior número de leitões nascidos do que o número de tetos disponíveis no úbere da porca, um menor peso ao nascer e uma maior variação do peso ao nascer aumentam a competição dos leitões pela ingestão de colostro.
Da mesma forma, o baixo peso ao nascer e o tempo de parto prolongado estão associados a uma menor vitalidade do leitão ao nascimento, o que pode atrasar o acesso ao úbere.
Proteção por imunoglobulinas
A presença constante da imunoglobulina A secretória materna (sIgA) no leite garante a proteção da mucosa intestinal dos leitões.
Ao ingerir quantidades suficientes de leite, a sIgA fornece proteção localizada ao intestino, permitindo que desenvolvam gradualmente seus próprios mecanismos de resposta imunológica.
Outras imunoglobulinas, como IgG, são mais concentradas no colostro, e a maior parte do colostro é produzida antes do parto e logo após o parto.
No colostro, o nível de IgG pode ser quatro vezes maior do que o nível de IgA e IgG no soro da matriz suína.
O fechamento das junções intestinais em leitões ocorre entre 24 e 36 h após o nascimento, impossibilitando a absorção das imunoglobulinas presentes no colostro.
A quantidade recomendada de colostro necessária por leitão é de pelo menos 200 g para minimizar a mortalidade e 250 g para um bom ganho de peso corporal.
Tendo em vista que a quantidade de colostro oferecida é limitada em tempo útil pela própria produção da porca, existe a possibilidade de que em leitegadas maiores alguns dos leitões possam não ingerir a quantidade de colostro adequada.
PROBLEMAS COM LEITEGADAS MAIORES
Essas condições podem induzir efeitos de curto e longo prazo em suínos sobre sua imunidade. O estresse psicossocial pode alterar as mudanças nas respostas imunes inatas e adaptativas, como distribuição de leucócitos, secreção de citocinas, proliferação de linfócitos, produção de anticorpos e respostas imunes à infecção viral ou vacinação.
Além disso, o estresse social pode induzir ou promover doenças gastrointestinais a partir da desregulação dos processos inflamatórios e da resistência dos linfócitos aos glicocorticóides, sendo o cortisol o principal glicocorticóide induzido pelo estresse em suínos.
O baixo peso ao nascer pode afetar negativamente a ingestão de colostro, aumentando o risco de mortalidade.
Estudos relatam que a ingestão tardia de colostro após o nascimento afetou negativamente a absorção de imunoglobulinas pelos leitões e a maturação de suas vilosidades intestinais, possivelmente prejudicando seu processo de digestão a longo prazo.
Fonte: Oliviero, C., Peltoniemi, O. Troubled process of parturition of the domestic pig. 2020. Animal reproduction in Veterinary Medicine.