Uso de multicarboidrase para redução de custos na suinocultura
Diversas ferramentas e estratégias têm sido estudas com o objetivo de reduzir os custos da alimentação de suínos. Mesmo representando a maior parte do custo de produção, o alimento oferecido aos animais não é totalmente aproveitado, pois normalmente cerca de 20 a 25% deste alimento é indigestível.
Grande parte desta fração indigestível está associada aos componentes da parede celular vegetal, que são compostos de polissacarídeos não amiláceos (PNAs). Esses fatores antinutricionais reduzem a digestibilidade geral dos alimentos de quatro maneiras principais:
- Aprisionamento de nutrientes na célula vegetal com parede celular intacta (efeito jaula), deixando os nutrientes fisicamente inacessíveis para a ação das enzimas endógenas;
- Aumento da viscosidade intestinal pela presença de PNAs solúveis, diminuindo a ação de enzimas endógenas;
- Aumento das perdas endógenas por maior produção de enzimas e inflamação do trato intestinal;
- Modificação dos substratos que atingem o intestino grosso, que por sua vez afetam a microbiota intestinal.
Os suínos são capazes de fermentar parte da fração indigestível dos alimentos vegetais no intestino grosso, mas este mecanismo pode ser mais eficiente.
A utilização estratégica de diferentes grupos de enzimas como xilanases e arabinofuranosidases (que intensificam a ação da xilanase em dietas milho e soja), é essencial para minimizar os efeitos negativos dos PNAs encontrados em ingredientes vegetais.
Esta capacidade de melhorar a digestibilidade de diversas frações do alimento de maneira eficiente gerando ganhos em energia metabolizável e em digestibilidade de aminoácidos é conhecida como efeito FEEDASE.
Além dos efeitos econômicos positivos diretos, a multicarboidrase traz benefícios ao meio ambiente devido à menor excreção de nitrogênio, carboidratos e gorduras.
Nesse sentido, foi realizado um experimento em uma granja comercial (Leme, SP) para mensurar a redução do custo alimentar em suínos alimentados com dietas formuladas com uma multicarboidrase nas fases de crescimento e terminação.
Um total de 3840 suínos (cruzamento PIC – Macho 337 e Topigs – Fêmeas TN70) foram utilizados ao longo de quatro períodos experimentais.
Machos inteiros imunocastrados e fêmeas foram alojados aos 64 dias e criados até 147 dias de idade.
Cada um dos quatro períodos experimentais teve dois tratamentos e dois sexos, com oito repetições de 30 animais cada por período.
A dieta controle foi formulada a base de milho/sorgo, farelo de soja, farinha de carne e ossos e gordura suína, sendo a dieta com a multicarboidrase formulada considerando sua matriz de energia metabolizável aparente, proteína bruta e aminoácidos digestíveis.
Os resultados de desempenho foram analisados estatisticamente por análise de variância com 5% de significância, considerando o período experimental como bloco.
Animais alimentados com ambas as dietas apresentaram mesmo ganho de peso diário, assim como conversão alimentar semelhantes (P>0,05, Gráfico 1). Como esperado, os machos apresentaram melhores valores de ganho de peso e conversão alimentar que as fêmeas (P<0,01).
Quando os parâmetros econômicos foram avaliados ficou evidente o efeito da multicarboidrase na redução de custos. Observou-se uma redução de R$ 52,33 por tonelada de ração produzida e uma redução de R$ 105,40 por tonelada de animal vivo (Gráfico 2).
- CONCLUSÃO