Influenza Aviária e riscos para a suinocultura: alerta da pesquisadora Janice Zanella
Janice Zanella explicou que o suíno é considerado um “mixing vessel”, ou seja, uma espécie com capacidade de replicar vírus de origem aviária e de mamíferos
Influenza Aviária e riscos para a suinocultura: alerta da pesquisadora Janice Zanella
Durante o 17º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, a pesquisadora Janice Zanella, referência em virologia animal da Embrapa Suínos e Aves, fez um alerta sobre os impactos potenciais da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5) para a cadeia de suínos. Em entrevista no estúdio agriPlay, iniciativa da suínoBrasil em parceria com o Nucleovet, Janice explicou que o suíno é considerado um “mixing vessel”, ou seja, uma espécie com capacidade de replicar vírus de origem aviária e de mamíferos, incluindo humanos. Isso cria o risco de rearranjos genéticos capazes de gerar variantes mais transmissíveis.
Segundo a pesquisadora, o vírus já está presente em todos os continentes, inclusive na Antártica, e a proximidade das cadeias de aves e suínos no Brasil aumenta a exposição. Ela destacou que a biosseguridade é a principal barreira para evitar problemas maiores, ressaltando que cada “elo” do sistema precisa funcionar: controle do acesso de pessoas, transporte, fontes de água, contato com aves migratórias e animais domésticos como gatos, que já se mostraram altamente suscetíveis.
Assista a entrevista completa:
“O vírus da influenza é grudento, ele resiste no ambiente e encontra oportunidades para escapar. A defesa começa nas rotinas diárias”, afirmou.
Janice lembrou que surtos recentes em bovinos de leite nos Estados Unidos reforçam a importância do uso de equipamentos de proteção individual por trabalhadores do campo, já que houve relatos de infecções humanas subclínicas. Ela também destacou que a vigilância no Brasil é mais estruturada para a influenza aviária, mas ainda limitada no caso da influenza suína, que não é de notificação obrigatória.
“Informação é ferramenta de defesa, e é fundamental acompanhar os painéis oficiais de vigilância para entender as rotas migratórias e os riscos regionais.”
Sobre vacinação, a pesquisadora apontou que ainda há muitas discussões envolvendo eficácia, status sanitário e impactos comerciais. Alguns países utilizam, outros evitam justamente para não perder mercados. No Brasil, ela reforça que a prioridade deve ser antecipar medidas de biosseguridade e preparar as granjas para cenários de maior pressão sanitária, evitando que produtores deixem ajustes para a última hora.
Para Janice, a resposta precisa ser integrada e envolver a lógica de Saúde Única, conectando saúde animal, humana e ambiental.
“O maior risco é o rearranjo entre o vírus aviário e os vírus endêmicos de suínos. É por isso que precisamos redobrar a biosseguridade, fortalecer a vigilância e abrir a cabeça para novas formas de monitoramento”, concluiu.
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