Interpretação de laudos laboratoriais na suinocultura: Critérios essenciais para chegar ao diagnóstico e tomada de decisão
Controle Sanitário
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Interpretação de laudos laboratoriais na suinocultura: Critérios essenciais para chegar ao diagnóstico e tomada de decisão
Ao longo das últimas décadas, a suinocultura intensificou sua produção e em contramão observou-se um aumento tanto da transmissão de patógenos quanto presença de fatores estressantes que acarretaram maiores desafios sanitários.
Dessa forma, se fez necessária uma boa gestão sanitária associando informações zootécnicas e mapeamento dos desafios sanitários para controle estratégico das enfermidades.
O diagnóstico correto tem papel importante no controle das doenças, no uso prudente dos antimicrobianos e rentabilidade do sistema. O processo diagnóstico pode ser complexo, porém com eficiência na coleta de dados e escolha das ferramentas é possível ser mais assertivo na tomada de decisão. O primeiro passo provém de uma boa anamnese que irá direcionar a conduta diagnóstica.
As técnicas de diagnóstico podem ser utilizadas para:
Para cada finalidade existe uma análise laboratorial mais adequada, pois nem sempre com a técnica de diagnóstico mais moderna obtém-se a melhor resposta.
A seleção correta dos animais é imprescindível para um bom resultado, dependendo da prevalência da doença, tamanho do rebanho, tipo de teste realizado, o número de amostras pode se alterar. É sempre importante escolher animais em quadro agudo não submetidos à terapia antimicrobiana.
Dependendo da natureza dos sinais clínicos e da origem da amostra, o procedimento de colheita e submissão para diagnóstico laboratorial podem ser diferentes.
Em caso de dúvida, é importante conversar com o laboratório responsável.
Figura 1. Conduta diagnóstica à campo para determinação de Possíveis diagnósticos diferenciais e coleta de material para envio ao laboratório.
Abaixo serão descritas algumas técnicas de diagnóstico utilizadas para diagnóstico na suinocultura:
A necropsia auxilia no direcionamento de prováveis diferenciais.
Algumas enfermidades são determinadas na macroscopia, porém em sua maioria são necessários exames complementares para diagnóstico definitivo.
Para coleta de material é necessário trabalhar da forma mais limpa possível, a fim de diminuir a contaminação ambiental. Para evitar o desenvolvimento de alterações cadavéricas que podem confundir a avaliação macroscópica é importante realizar o mais rápido possível post mortem.
O exame microbiológico consiste no uso de meios específicos para isolamento de agentes que possibilitam futura caracterização e seleção de isolados para realização de testes de suceptibilidade antibiograma.
Para alguns agentes como bactérias anaeróbias, testes de sensibilidade antimicrobiana convencionais não possuem boa confiabilidade podendo ser apenas realizados pelo método de Concentração Inibitória Mínima (CIM).
Como nem todos os agentes são facilmente cultiváveis, por vezes não é aconselhável o isolamento. Como exemplos podemos destacar a Lawsonia intracellularis e Mycoplasma hyopneumoniae e nesse caso, a combinação de técnicas histológicas e moleculares é aconselhável para diagnóstico definitivo.
Para uma correta interpretação dos resultados bacteriológicos é fundamental identificar a microbiota saprófita normal e possíveis bactérias contaminantes por manipulação incorreta da amostra ou contaminação ambiental.
Técnicas de biologia molecular se popularizaram nos últimos anos e tem por princípio a amplificação de material genético para pesquisa de genes específicos ou determinação de padrões de bandas. Alguns exemplos frequentemente utilizados na rotina laboratorial são:
As técnicas sorológicas determinam o nível de anticorpos provenientes tanto por exposição natural quanto por vacinação. É uma ferramenta importante para soroperfil, verificação da eficiência de programas vacinais e de erradicação.
A detecção de anticorpos é proveniente de uma exposição prévia e podem não ter correlação com doença, dessa forma, agentes endêmicos são em sua maioria positivos e a interpretação desses resultados deve ser realizada com cautela.
A histopatologia consiste na avaliação microscópica para determinação de padrões que identificam a natureza, a gravidade, a extensão e a evolução das lesões sugerindo ou confirmando a causa.
Com o material fixado, é possível a realização de técnicas de imuno-histoquímica, imunofluorescência, hibridização in situ para localização de antígenos ou material genético em tecidos por princípio da ligação específica no material por marcação.
Abaixo nesse organograma é descrita a conduta diagnóstica laboratorial:
Figura 2. Organograma descrevendo etapas do diagnóstico laboratorial.
Referências bibliográficas sob consulta da autora.