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Manejo de micotoxinas: Como reduzir impactos no desempenho e o estresse oxidativo

Escrito por: Bruno A. N. Silva , David V. Jacob - Gerente Regional de Desenvolvimento Técnico; Adisseo Latam

Manejo de micotoxinas: Como reduzir impactos no desempenho e o estresse oxidativo

Todos os anos, a indústria de produção animal sofre com perdas econômicas decorrentes da presença de micotoxinas nas dietas. As micotoxinas são metabólitos secundários de fungos que têm propriedades tóxicas e, são comumente encontradas em grãos de cereais (Binder et al., 2007).

As mesmas se desenvolvem nos alimentos quando encontram condições favoráveis (Hussein e Brasel, 2001).

Embora existam mais de 300 micotoxinas conhecidas (Binder et al., 2007), realizamos o monitoramento de apenas algumas que tem vários estudos comprovando sua toxicidade. Um aspecto importante é que elas podem ocorrer juntas, potencializando seus efeitos.

Entre as principais micotoxinas podemos citar que a Aflatoxina (AFLA), Deoxinivalenol (DON), Fumonisina (FUM), Ocratoxina (OCH) e Zearalenona (ZEA) tem uma maior frequência de observação (Araújo e Takishita, 2007).

 

AFLATOXINAS

As AFLAs são as toxinas mais amplamente distribuídas no mundo. Os fungos responsáveis por sua produção têm preferência por ambientes quentes e úmidos (Devegowda et al., 1998).

A ingestão de AFLA por animais pode resultar em muitos problemas, incluindo taxas de crescimento diminuídas, danos no fígado e supressão imunológica. A redução na imunidade pode resultar em uma maior suscetibilidade a doenças infecciosas, como coccidiose, salmonelose e candidíase (CAST, 2003).

A AFLA é conhecida pela atividade hepatotóxica e carcinogênica (Araújo e Takishita, 2007).

Um dos resultados da aflatoxicose é o estresse oxidativo; o metabolismo da AFLA desencadeia esse tipo de reação nas células de animais intoxicados (Garalevičien, 2003).

Eraslan et al. (2005) encontraram níveis alterados nos eritrócitos de frangos de corte de malondialdeído (MDA) e das enzimas superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GSH-Px), que são indicadores dos processos de oxidação celular.

 

DEOXINIVALENOL

A DON, ou vomitoxina, conhecida por seu efeito de provocar refluxo (Dawson et al., 2000), faz parte de um grupo de micotoxinas chamado Tricotecenos e é produzido fungos da família Fusarium, incluindo F. graminearum e F. culmorum (Hussein e Brasel, 2001).

A ingestão de DON também pode causar supressão imunológica resultando em apoptose (morte celular programada) em tecidos como timo, medula óssea e linfonodos (Pestka, 2007). O resultado é que essa toxina aumenta a suscetibilidade de um animal a bactérias e vírus patogênicos (Fink-Gremmels, 2006).

 

FUMONISINAS

As fumonisinas são de compostos originalmente produzidos pelo Fusarium moniliforme e são encontradas seis toxinas diferentes (FA1, FA2, FB1, FB1, FB2, FB3 e FB4). A fumonisina B1 é a forma molecular mais produzida
pelo fungo (Santurio, 2000).

Nos suínos, os sinais clínicos de toxicose incluem:

ocorrendo cinco dias após a ingestão de alimentos contaminados (Pozzi et al., 2002). Oferecendo dietas contaminadas com Fumonisinas para leitões machos e fêmeas, Marin et al. (2006) observaram imunossupressão em ambos os sexos; no entanto, os machos apresentaram maior imunossupressão.

 

ZEARALENONA

O principal fungo produtor de Zearalenona é o Fusarium graminearum. A Zearalenona interrompe o efeito dos hormônios esteróides (Murphy et al., 2006). Esses fungos são encontrados principalmente em milho, aveia, trigo, sorgo e arroz (Malekinejad et al., 2006).

O principal efeito das Zearalenona é a queda na fertilidade (Murphy et al., 2006). Essa queda pode ser explicada pela similaridade de sua molécula com estrógenos que causam hiperestrogenismo (Malekinejad et al., 2006)

 

MICOTOXINAS E O ESTRESSE OXIDATIVO

Micotoxinas podem gerar radicais livres, reduzindo a proteção antioxidante e causando peroxidação de lipídios e danos em outras moléculas como proteínas e DNA. (Dvorska e Surai, 2011).

Não está claro se as micotoxicoses estimulam a peroxidação lipídica diretamente, pelo aumento da produção de radicais livres, ou se a maior suscetibilidade tecidual à peroxidação lipídica é resultado da redução da proteção antioxidante.

É provável que ambos os processos estejam envolvidos.

Os efeitos das micotoxinas na peroxidação in vivo têm sido relatados por diversos autores. Muitas das micotoxinas são substâncias lipofílicas, prontamente absorvidas pelas membranas, provocando uma série de alterações estruturais nas mesmas. Isso desencadeia a estimulação da peroxidação lipídica da membrana.

Ocratoxina A, toxina T-2, fumonisinas e aflatoxinas apresentam propriedades pró-oxidantes. Existem dados recentes que indicam também propriedades pró-oxidantes da zearalenona e citrina.

Na maioria dos casos, a peroxidação lipídica tecidual causada pelas micotoxinas foi associada a concentrações reduzidas de antioxidantes presentes no soro sanguíneo, fígado e ovário.

Por exemplo, os níveis sanguíneos de α-tocoferol, γ-tocoferol, carotenoides e ácido ascórbico diminuem significativamente como resultado de micotoxicoses (Dvorska e Surai, 2011).

O estresse oxidativo causado pela ação das micotoxinas pode levar a apoptose e outros efeitos citotóxicos. Várias são as micotoxinas associadas a este processo de peroxidação (Hoehler e Marquardt, 1996; Hasinoff et al., 1990; Abel e Gelderblom, 1998; Abado-Becognee et al, 1998).

 

AVALIANDO A EFICÁCIA DE UM INATIVADOR DE MICOTOXINAS

Devido à grande ocorrência destas toxinas, diversas estratégias têm sido estudadas para reduzir seus efeitos deletérios.

A inclusão de inativadores em dietas tem como objetivo sequestrar as micotoxinas e/ou promover sua inativação no trato digestivo, como por exemplo pela ação de alguns tipos de enzimas produzidas pela microbiota já presente no trato gastrointestinal dos animais. Outras ferramentas também podem ser utilizadas, como antioxidantes, leveduras e extratos botânicos.

O experimento apresentado a seguir, teve como objetivo avaliar o efeito do Unike® Plus (inativador de micotoxinas) sobre o desempenho de leitões recebendo dietas contendo altos níveis de micotoxinas. Também no mesmo estudo, foi avaliada a ação do produto na prevenção do estresse oxidativo através da análise dos níveis séricos de diferentes indicadores metabólicos.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no setor de suinocultura da Universidade Federal de Minas Gerais, campus de Montes Claros. Foram utilizados 90 leitões (45 machos castrados e 45 fêmeas) alojados em grupos de três animais por baia, de acordo com o peso corporal, origem da leitegada e sexo.

Os animais entraram no experimento ao desmame (em média 24 dias de idade) com aproximadamente 7 kg de peso corporal e permaneceram no teste até os 67 dias de idade em média (total de 43 dias de teste).

O estudo consistiu em cinco tratamentos dietéticos e seis repetições por tratamento. Os tratamentos foram:

As dietas foram formuladas de acordo com o estágio de crescimento dos animais:

 

RESULTADOS

Ao desmame, os leitões tinham em média 24 dias de idade. O peso médio do leitão nas baias no início não foi influenciado (P> 0,10) pelos tratamentos (7,1 kg em média; Tabela 1).

Tabela 1. Efeito do uso de Unike® Plus no desempenho de leitões recebendo dietas contendo micotoxinas purificadas na fase geral de creche (24-67 d). (Manejo de micotoxinas: Como reduzir impactos no desempenho e o estresse oxidativo)

Os dados de desempenho coletados durante o experimento e apresentados na tabela 1 mostram que o peso médio final (PF) do leitão foi influenciado (P = 0,0001) pelos tratamentos.

Os tratamentos também influenciaram o consumo médio total de ração durante a fase de creche. Leitões expostos aos níveis baixo e alto de desafio sem o inativador mostraram um consumo total menor em kg (tabela 1) quando comparados aos tratamentos com o Unike® Plus; 24,2 vs. 25,2 (T2 vs. T3) e 12,1 vs. 14,4 (T4 vs. T5).

Os tratamentos influenciaram estatisticamente o ganho médio diário (GPD) e o ganho total (GP) durante a fase de creche (P=0,0001). Os leitões do grupo sem Unike® Plus apresentaram taxas de crescimento reduzidas (400 e 267 vs. 418 e 284 g/d; respectivamente baixo e alto desafio).

Da mesma forma, o Unike® Plus mostrou-se capaz de manter o desempenho dos animais similar ao controle, quando desafiados, com um GPD de 418 g/d vs. 423 g/d, respectivamente para T1 e T3.

Os níveis de micotoxinas e o uso de Unike® Plus influenciaram ou tenderam a influenciar os parâmetros do metabolismo antioxidante como mostram os resultados da tabela 2. A atividade da superóxido dismutase tendeu (P = 0,08) a ser influenciada pelos tratamentos; 1,58 vs. 1,27 vs. 1,74 vs. 1,11 vs. 1,78 U / mg de proteína; respectivamente para T1, T2, T3, T4 e T5; Tabela 2.

Tabela 2. Efeito do uso de Unike® Plus sobre os indicadores de estresse oxidativo em leitões recebendo dietas contendo micotoxinas purificadas na fase geral de creche (24-67 d). (Manejo de micotoxinas: Como reduzir impactos no desempenho e o estresse oxidativo)

Indicadores de estresse oxidativo (parâmetros sanguíneos): Superóxido dismutase (SOD), Glutationa peroxidase (GPx), malondialdeído (MDA), Vitamina C (Vit.C), Vitamina E (Vit.E) e Vitamina A (Vit. A).

A atividade da glutationa peroxidase foi influenciada (P = 0,0326) pelos tratamentos; 197 vs. 178 vs. 187 vs. 139 vs. 219 U/mg de proteína; respectivamente para T1, T2, T3, T4 e T5.

Embora os níveis de malondialdeído (MDA), um índice de peroxidação lipídica, não foram significativamente diferente, ainda os tratamentos mostraram uma diferença numérica; 4,82, 5,94 , 5,22, 4,82, 6,18 e 5,41 μMol / L MDA; respectivamente para T1, T2, T3, T4 e T5.

Da mesma forma, os níveis de vitamina C (ácido ascórbico), também onde não foram significativamente diferentes, mas os tratamentos mostraram diferenças numéricas; 48,56, 33,20, 37,98, 24,59 e 43,28 μMol / L de vitamina C; respectivamente para T1, T2, T3, T4 e T5.

Os diferentes níveis de desafio e inclusão do inativador de micotoxinas influenciaram visualmente os leitões, que apresentaram taxa de crescimento reduzida ou preservada (foto 1).

Foto 1. Diferença visual na taxa de crescimento dos leitões. (Manejo de micotoxinas: Como reduzir impactos no desempenho e o estresse oxidativo)

As lesões de edema de vulva provocadas por Zearalalenona em fêmeas foram evidenciadas também em diferentes graus (foto 2).

Foto 2. Lesões de edema de vulva provocadas por Zearalalenona em fêmeas. (Manejo de micotoxinas: Como reduzir impactos no desempenho e o estresse oxidativo)

 

CONCLUSÕES

As micotoxinas influenciam diretamente o desempenho e o bem-estar dos animais. Elas também influenciam o sistema imunológico resultando em maior vulnerabilidade a infecções com impacto econômico negativo.

Esses efeitos podem ocorrer em diferentes níveis de contaminação e o uso de inativadores de amplo espectro é essencial para garantir o desempenho e a longevidade dos animais.

Os resultados deste estudo demonstram claramente a importância de usar o Unike® Plus para evitar e/ou minimizar as perdas de desempenho e distúrbios metabólicos provocados pela presença de micotoxinas na dieta de suínos.

 

REFERÊNCIAS:

Para ter acesso às referências ou a mais detalhes do experimento descrito neste artigo, entre em contato com a equipe Adisseo.

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