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15 maio 2025

Mortalidade de porcas: 70% dos casos podem ser resolvidos com necropsia simples e bem feita

Para os palestrantes, a suinocultura ainda falha em algo fundamental: entender com clareza por que as porcas estão morrendo.

Mortalidade de porcas: 70% dos casos podem ser resolvidos com necropsia simples e bem feita

Mortalidade de porcas: 70% dos casos podem ser resolvidos com necropsia simples e bem feita

A capacitação da equipe e a execução correta de necropsias simples podem transformar a gestão sanitária das granjas. Essa foi a principal mensagem do painel apresentado durante o SINSUI 2025 por Jean Menegatt, médico-veterinário, mestre e doutorando em Patologia Veterinária pela UFRGS, e Giovani Trevisan, professor assistente na Iowa State University.

Segundo eles, mesmo diante de tecnologias sofisticadas e softwares de gestão, a suinocultura ainda falha em algo fundamental: entender com clareza por que as porcas estão morrendo. Foi esse o ponto central do painel “Mortalidade de porcas: do diagnóstico à solução do problema”, realizado na tarde de 14 de maio no SINSUI 2025.

  • Segundo Menegatt, em diversos estudos realizados no Brasil, sete causas de morte concentram cerca de 70% dos óbitos de matrizes. A maior parte dessas causas, segundo ele, pode ser identificada por meio de necropsias simples, desde que bem conduzidas.

Para o pesquisador, esse diagnóstico pode ser feito com técnica adaptada, usando ferramentas básicas, em um procedimento que leva em média quatro minutos — tempo suficiente para se chegar a conclusões valiosas, desde que o responsável esteja treinado para observar os padrões anatômicos mais relevantes.

Estudos conduzidos em diferentes sistemas de produção apresentados por Menegatt reforçam a efetividade dessa abordagem. Em um levantamento com 128 necropsias, 95% dos casos tiveram diagnóstico confirmado com base apenas nos achados macroscópicos.

Em outro, com 446 necropsias realizadas em 16 sistemas, o índice de resolutividade foi de 91%, sendo que 67% das mortes estavam ligadas a sete condições recorrentes. Em sistemas menores, a proporção de diagnósticos a partir de um número reduzido de causas também se repetiu, indicando que a estratégia é aplicável em diferentes escalas de produção.

Menegatt foi enfático ao criticar a prática comum de registrar causas genéricas, como “fêmea caída” ou “morte súbita”, sem investigação complementar. Para ele, isso compromete a eficiência dos sistemas de gestão, atrasa as correções necessárias e perpetua os prejuízos sanitários.

O pesquisador defendeu que os sistemas de gerenciamento incluam apenas causas bem definidas e compreensíveis para os colaboradores treinados, permitindo que os dados coletados de fato orientem medidas corretivas.

“É melhor ter 15 causas bem definidas e compreendidas pela equipe do que 40 opções imprecisas que não dizem nada. Diagnóstico ruim gera dado ruim, e dado ruim leva a decisões ruins”, afirmou.

A palestra ainda abordou a importância da seleção correta de quem realiza a necropsia. Segundo Menegatt, a tarefa não pode ser atribuída a quem apenas faz o descarte das carcaças.

É preciso envolver alguém com perfil analítico e treiná-lo para reconhecer alterações que, à primeira vista, podem passar despercebidas. A necropsia adaptada, proposta pelo pesquisador, é baseada em seis passos simples e pode ser facilmente replicada com o apoio do extensionista técnico.

EUA: lições para o Brasil

Na sequência, Giovani Trevisan apresentou dados do cenário americano, onde a mortalidade de matrizes também preocupa e tem crescido continuamente nos últimos anos. Segundo ele, esse aumento está relacionado, entre outros fatores, ao maior tamanho dos plantéis e ao aumento do peso e volume dos leitões ao nascimento.

Entre as causas mais frequentes observadas nos Estados Unidos, segundo Trevisan, estão morte súbita, prolapsos e colapsos na fase final da gestação — especialmente entre os dias 113 e 117. O professor compartilhou um projeto-piloto realizado em 40 granjas norte-americanas, no qual a simples identificação de porcas que deixaram de se alimentar, aliada a um protocolo básico de intervenção terapêutica, resultou em uma redução de 13% na mortalidade.

A ação, segundo ele, envolvia apenas o treinamento de funcionários para reconhecer esse comportamento e marcar os animais com fichas visuais para posterior atendimento, demonstrando que estratégias acessíveis podem ter impacto relevante.

Outro ponto de atenção apresentado por Trevisan foi a alta prevalência de anemia em matrizes suínas, um problema que vem sendo monitorado com mais atenção. Dados recentes indicam que porcas anêmicas, embora não apresentem queda no número de nascidos, têm partos mais longos — o que pode gerar impactos indiretos no desempenho da leitegada e nas taxas de sobrevivência.

Esse achado, segundo Trevisan, tem mobilizado grupos de pesquisa nos EUA, que investigam formas de mitigar o problema. O painel terminou com forte repercussão entre os participantes, que elogiaram a objetividade dos dados e a aplicabilidade das estratégias apresentadas.

Formação e Investimento

Para Jean Menegatt, o avanço começa com a disposição de investir na formação da equipe e com a valorização dos dados de campo coletados com critério e método.

“Não adianta querer que o colaborador faça diagnósticos confiáveis se ele não foi treinado para isso — ou pior, se nem o extensionista sabe o que deve ser observado”, salientou. “Mas quando o time entende o porquê e o como, o resultado aparece”, completou Menegatt.

A mensagem final, reforçada pelos dois palestrantes, foi unânime: a mortalidade de porcas pode ser enfrentada com técnica, foco e ações simples — e tudo começa com um diagnóstico bem-feito.

“É melhor ter 15 causas bem definidas e compreendidas pela equipe do que 40 opções imprecisas que não dizem nada. Diagnóstico ruim gera dado ruim, e dado ruim leva a decisões ruins.”

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