11 set 2020

Mortalidade neonatal, como problema econômico e de bem-estar animal

A mortalidade neonatal dos leitões é o resultado de um conjunto complexo de interações entre a porca, os leitões e o ambiente, de tal forma que a identificação de uma única causa costuma ser muito difícil. Confira os aspectos relacionados à mortalidade neonatal, aqui!

Mortalidade neonatal, como problema econômico e de bem-estar animal

A mortalidade neonatal dos leitões é um grande problema econômico e de bem-estar animal. A porcentagem de mortalidade neonatal varia muito entre as granjas, variando entre 5 e 35%. As mortes ocorrem principalmente durante as primeiras 48 horas após o parto, sendo o esmagamento pelas porcas a principal causa de mortalidade.

No entanto, a mortalidade neonatal dos leitões é o resultado de um conjunto complexo de interações entre a porca, os leitões e o ambiente, de tal forma que a identificação de uma única causa costuma ser muito difícil.

Interações que ocorrem no complexo hipotermia – fome – esmagamento (modificado de Edwards, 2002).

Embora vários estudos identifiquem o esmagamento como a principal causa de morte de leitões, o esmagamento é muitas vezes o resultado dos efeitos combinados de hipotermia perinatal e fome.

 

Os leitões desnutridos passam mais tempo perto da porca e têm maior probabilidade de serem esmagados.

 

O sistema imunológico do leitão recém-nascido é imaturo, então a ingestão de colostro (que é uma fonte de energia e imunoglobulinas) antes de 36 horas após o parto é essencial para sua sobrevivência.

 

A fome, que geralmente é secundária à hipotermia neonatal, torna os leitões ainda mais letárgicos e menos capazes de competir com seus irmãos de ninhada pelo acesso ao úbere.

A temperatura crítica mais baixa dos leitões recém-nascidos é de 34ºC e quando a temperatura ambiente é mais baixa, os leitões tentam se aquecer amontoando. Uma das razões pelas quais os leitões recém-nascidos são tão sensíveis ao frio é a falta de tecido adiposo marrom.

Importância do vigor do leitão e do peso ao nascimento

Garantidas as reservas corporais e a capacidade de termorregulação, o fator mais importante para a sobrevivência do leitão é o seu vigor logo após o nascimento.

 

O vigor do leitão recém-nascido pode ser medido por observações comportamentais, como o tempo que leva para acessar o úbere, e parâmetros fisiológicos como o tônus muscular.

 

O vigor pode variar consideravelmente entre os leitões da mesma leitegada e essa variabilidade depende muito do grau de hipóxia no nascimento. Os leitões que nasceram por último e os que nasceram com partos mais longos são mais propensos à hipóxia. A asfixia neonatal pode causar acidose grave e tem consequências negativas significativas.

Leitões com baixo peso ao nascer apresentam maiores riscos de mortalidade e crescimento reduzido durante a lactação. Assim, os leitões com menos de 1 kg ao nascer têm maior risco de morrer antes do desmame.

ALEITAMENTO

O aleitamento dura entre 2 e 3 minutos, enquanto a ejeção do leite é concluída em 10 a 20 segundos.

Leitões da mesma leitegada amamentam simultaneamente a cada 30 a 70 minutos e até 20 vezes ao dia. O aleitamento inclui cinco fases diferentes:

Nas três primeiras fases, é estabelecido um processo de comunicação entre a porca e sua leitegada para garantir que os leitões estejam no úbere quando começa a ejeção do leite.

 

A porca deita-se, expõe o úbere e solta uma série de rosnados com frequência crescente.

 

 

 

Os leitões competem para obter acesso ao úbere;

 

 

 

massageiam o úbere ritmicamente;

 

 

 

estimulam a liberação de oxitocina da mãe por meio de movimentos lentos de sucção;

 

 

 

consiste na ejeção do leite. Durante esta fase, a porca aumenta a frequência dos grunhidos e os leitões realizam movimentos rápidos de sucção.

 

ocorre após a ejeção, os leitões massageiam o úbere e realizam movimentos lentos de sucção. Sugere-se que nesta fase os leitões estimulem a síntese do leite que irão consumir na próxima mamada. Durante a quinta fase do aleitamento, a porca diminui a frequência de seus grunhidos.

 

Tanto a vitalidade quanto o peso ao nascer determinam o grau de estimulação do úbere e, consequentemente, a quantidade de leite consumida.

 

A falta de vigor do leitão e um reduzido comportamento materno são as principais causas da mortalidade neonatal.

COMPORTAMENTO MATERNO

Vários elementos do comportamento materno são relevantes para a sobrevivência do leitão. O comportamento de nidificação é importante não apenas para o parto em si, mas também para a expressão de um comportamento apropriado durante e após o parto.

 

A expressão correta do comportamento de nidificação tem sido associada a uma menor taxa de mortalidade durante a lactação e a um aumento na duração dos episódios de amamentação.

 

A porca inquieta tem maior probabilidade de esmagar os leitões, que também têm mais dificuldade em localizar o úbere e ingerir colostro ou leite, com consequente aumento da mortalidade neonatal.

O esmagamento geralmente ocorre quando a porca se deita a partir de uma posição em pé ou sentada, quando se senta depois de se deitar ou quando se vira.
A velocidade e a natureza dos movimentos feitos pela porca dependem muito da “qualidade” de seu comportamento materno. As porcas que não esmagam nenhum dos leitões apresentam um comportamento materno mais desenvolvido.

realizam o comportamento de nidificação por mais tempo ou com mais intensidade,

 

respondem mais rapidamente às vocalizações emitidas pelos leitões e farejam com maior frequência.

 

A percentagem de porcas agressivas com os próprios leitões varia entre 1 e 15%. Esse comportamento agressivo é mais comum em primíparas do que em multíparas e parece ser de caráter genético.

A produção de leite varia entre as porcas, especialmente durante os primeiros dias de lactação.

A produção insuficiente de leite pode explicar entre 6 e 17% das mortes durante a lactação.

 

As falhas na lactação podem ser decorrentes de:

estresse calórico,

problemas metabólicos,

desequilíbrios endócrinos ou

doenças da porca como metrite, por exemplo.

 

Deve-se considerar a possibilidade de um problema de agalactia quando mais de três leitões da mesma leitegada  morrem.

 

 

Fonte: Redação SuínoBrasil.

 


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