Reconhecimento sanitário abre caminho, e São Paulo inicia exportação de carne suína em 2025

Em entrevista à suínoBrasil durante o Encontro Técnico Comercial da APCS, presidente Valdomiro Ferreira Júnior destaca avanço inédito com frigorífico paulista exportando para Ásia, fortalecimento do Consórcio estadual e foco em biosseguridade para garantir novos mercados.

O reconhecimento do Brasil como país livre de febre aftosa sem vacinação, oficializado em maio de 2025 pela OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), começa a gerar frutos diretos também para a suinocultura paulista 

Pela primeira vez, um frigorífico do Estado — a unidade da Gran Corte, em Cerqueira César — fechou contratos de exportação de carne suína para destinos como China e Filipinas. 

Reconhecimento sanitário abre caminho, e São Paulo inicia exportação de carne suína em 2025

“Eu não imaginava que em 2025 nós iríamos iniciar a exportação por São Paulo. Foi uma grata surpresa”, afirmou Valdomiro Ferreira Júnior, presidente da APCS (Associação Paulista de Criadores de Suínos), em entrevista exclusiva à suínoBrasil durante o Encontro Técnico Comercial realizado pela entidade em Campinas, no dia 30 de maio. 

Para Ferreira Júnior, a nova condição sanitária é uma conquista coletiva que deve beneficiar todas as cadeias de proteína animal no país.  

“Isso é uma luta de décadas. Conquistar essa certificação vai nos garantir acesso a novos mercados, com maior valor agregado. É uma vitória não só do governo, mas de todas as cadeias produtivas de carne, e a suinocultura ganha junto”, afirmou. 

Biosseguridade como prioridade 

Com a suspensão da vacinação contra a febre aftosa, o presidente da APCS alerta para a necessidade de reforçar as medidas de biossegurança nas granjas.  

“Estamos conscientes do que foi feito até aqui, mas é hora de intensificar o trabalho de prevenção. Precisamos agora ficar mais atentos, com orientações técnicas coordenadas por nossas entidades nacionais. Fazer da granja um ambiente produtivo e seguro é um ganho para todos.” 

Ele destacou que o setor tem se mostrado receptivo às novas exigências, mas que ainda há um caminho de conscientização a ser percorrido. 

“Sempre é bom fazer o preventivo. A biossegurança precisa ser rotina.” 

Reconhecimento sanitário abre caminho, e São Paulo inicia exportação de carne suína em 2025

Crises sanitárias 

Ao comentar os impactos da Influenza Aviária sobre o mercado da carne suína, Ferreira Júnior ressaltou que o comércio de proteínas está interligado.  

“O mercado funciona muito por notícias. Tivemos queda na arroba, de R$165 para R$158, e o setor sofreu pressão.” 

Apesar disso, ele avalia que o cenário é temporário e deve se reverter.  

“Isso é uma bolha. Vai passar. O mundo continua demandando proteína animal, especialmente os países asiáticos. O Brasil está muito próximo de ultrapassar o Canadá e se tornar o terceiro maior exportador mundial de carne suína.” 

Consórcio 

Um dos pilares da estruturação da suinocultura de São Paulo é o Consórcio organizado pela APCS desde 2011, criado durante uma crise de abastecimento e preços.  

“Achamos a fórmula: uma central de compras. No início, o foco era só reduzir custos. Depois, evoluímos para exigir também qualidade. Hoje, todos os produtos incluídos na lista são certificados e homologados”, explicou. 

Atualmente, o consórcio movimenta cerca de R$300 milhões por ano, e cobre praticamente tudo o que compõe a alimentação dos animais.  

“Eliminamos empresas que sequer tinham registro no Ministério. Hoje temos fornecedores de primeira linha, principalmente na área de nutrição, que representa 66% do nosso custo.” 

A força do consórcio também se expressa em números: das 75 mil matrizes do Estado, 54 mil estão no consórcio e 62 mil são representadas pela associação.  “Isso mostra o grau de organização e representatividade que conquistamos.” 

 

Mercado interno 

Embora o início das exportações seja um marco, Ferreira Júnior reforça que o foco da produção paulista continua sendo o mercado interno.  “São Paulo produz cerca de 240 mil toneladas por ano, mas consome mais de 1 milhão. Ou seja, 800 mil toneladas vêm de fora — do Sul e Sudeste.” 

A vantagem, segundo ele, está na logística.  

“Estamos ao lado do maior centro consumidor do país. O produtor abate na madrugada e no mesmo dia a carne já está nas gôndolas do supermercado. Isso é uma vantagem competitiva.” 

Ainda assim, o setor quer estar pronto para aproveitar oportunidades externas. “Exportar será sempre nossa segunda opção, mas para isso precisamos estar preparados, com sanidade e frigoríficos adaptados às exigências internacionais.” 

Planejamento e qualificação 

O presidente da APCS vê 2025 como um ano de reorganização e aposta na combinação entre planejamento estratégico e investimento em mão de obra.  

“Com a atual lucratividade, o momento é de garantir estocagem de insumos. Já compramos farelo até setembro, e em breve vamos fechar o ano.” 

Além disso, ele defende que os produtores retomem os investimentos dentro das granjas, após crises que atrasaram modernizações. “Precisamos identificar onde atacar: climatização, estrutura, eficiência. Isso impacta diretamente a produtividade.” 

Por fim, fez um apelo à qualificação profissional: “O mercado não aceita mais o ‘mais ou menos’. Precisamos da melhor mão de obra, mesmo que mais cara. Estamos nos aproximando dos colégios agrícolas e das universidades. Essa integração é essencial para o futuro da suinocultura paulista.” 

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