Tecnologia, dados e decisões: o que realmente interessa na nova era da suinocultura
Com estética de impacto, o Agriness Next 2025 reuniu apresentações sobre inteligência artificial, digitalização e produtividade no agro. Realizado nos dias 8 e 9 de maio, em Balneário Camboriú (SC), o evento se propôs a discutir o futuro da produção animal, com foco em transformação tecnológica.
A equipe da suínoBrasil acompanhou as sessões e selecionou, com olhar crítico, os conteúdos mais destacados para o setor suinícola, buscando valorizar o que, de fato, pode fazer diferença na tomada de decisão técnica.
A programação começou com uma abordagem introdutória sobre inteligência artificial e seu uso crescente no agro brasileiro. O tema foi tratado como ponto de partida para as demais discussões sobre aplicações práticas e decisões baseadas em dados.

Tecnologia, dados e decisões: o que realmente interessa na nova era da suinocultura
Débora Lalo, executiva da Google Cloud, trouxe reflexões sobre o papel do agro diante de desafios globais como:
- Mudanças climáticas
- Insegurança alimentar e
- Aumento de resíduos.
Em vez de se ater à apresentação de ferramentas da empresa, chamou atenção para o impacto que soluções baseadas em IA podem ter na rastreabilidade, na logística, no uso eficiente de insumos e no desenvolvimento de variedades mais resistentes.
Segundo ela, levantamentos com produtores apontam que 70% dos usuários dessas tecnologias já relatam ganhos de pelo menos 20% em eficiência operacional.
Sanidade Animal
Na apresentação mais voltada à suinocultura, Edson Magalhães, professor da Iowa State University, detalhou aplicações reais de modelos de precisão em sanidade animal. Com formação em veterinária e especialização em epidemiologia e ciência de dados, Edson mostrou como sensores, softwares e câmeras estão transformando a rotina de análise de desempenho em granjas nos Estados Unidos.
Ele citou tecnologias capazes de:
- Estimar o peso de mais de dois mil suínos com alta precisão
- Identificar variações de consumo de ração por fêmea
- Monitorar sinais de tosse e
- Cruzar dados ambientais com indicadores de saúde animal.
“Coletar dados já não é mais o problema. O desafio agora é integrar todas essas informações para gerar alertas precoces e orientar decisões assertivas”, explicou.
Para ele, ainda se usa demais a média como referência, quando a análise preditiva — baseada em padrões e correlações — já está ao alcance.
Edson também alertou para a importância de os profissionais da suinocultura entenderem como funcionam os modelos preditivos, já que sua eficácia depende da qualidade dos dados e da frequência das atualizações.
“O modelo não substitui o técnico, mas amplia a capacidade dele de antecipar problemas. Quanto mais cedo a informação chega, maior a chance de intervir sem comprometer o desempenho do lote”, explicou.
Para ele, a integração entre biosseguridade e inteligência artificial será um dos pilares da produção suína nos próximos anos.

Tecnologia, dados e decisões: o que realmente interessa na nova era da suinocultura
Mercado Financeiro
Raony Rosseti, ex-diretor da XP e hoje à frente da Melver, fez uma apresentação didática sobre as formas de inserção do agronegócio no mercado financeiro. Segundo ele, embora ainda pouco representado na Bolsa brasileira, o agro tem conquistado espaço com instrumentos como os Fiagros e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), que permitem captar recursos de investidores com isenção fiscal.
Raony também abordou estratégias de proteção contra riscos de preço, mostrando como o mercado futuro pode ser usado como ferramenta para estabilizar margens e reduzir a exposição do produtor às oscilações.
“Ainda é um tema distante da maioria das granjas, mas que pode se tornar fundamental em um cenário de custos voláteis”, pontuou.
Suinocultura Chinesa
Representando a Cargill na Ásia, Zing Yang trouxe uma análise profunda da suinocultura chinesa, destacando as particularidades de um mercado que consome internamente cerca de 55 milhões de toneladas de carne suína por ano — praticamente metade da produção mundial. Segundo ela, o consumo per capita, de 41 kg, ainda é dominado por carne fresca, o que dificulta a centralização produtiva.
Zing abordou os efeitos duradouros da Peste Suína Africana, que levou a prejuízos consecutivos em 2023 e afetou profundamente a estabilidade do setor.
Segundo ela, o foco atual está na busca por eficiência e na contenção da volatilidade, e não mais na expansão de volume.
“Após um ciclo de perdas, muitos produtores de menor escala estão deixando o setor. A sustentabilidade econômica agora depende de gestão e estabilidade sanitária”, afirmou.
Fechando a programação, Ricardo Cavallini, da Singularity University, trouxe uma abordagem provocadora — e necessária — sobre o impacto das novas tecnologias no futuro do trabalho. Com linguagem acessível, falou sobre impressão 3D, algoritmos de predição e inteligência artificial com base em exemplos já disponíveis no mercado, incluindo sensores portáteis que analisam alimentos e softwares que desenham bebidas a partir da composição molecular.
“A IA não é apenas um novo software. Ela representa uma mudança de paradigma, como sair da carroça para o carro com piloto automático. Tudo ao nosso redor terá algum grau de inteligência digital, e quem não se adaptar ficará para trás”, afirmou.
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