Controle Sanitário

Vacinação contra a Peste Suína Clássica no nordeste

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Bruno de Moraes

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Charli Ludtke

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Nina M de Oliveira

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Vacinação contra a Peste Suína Clássica no nordeste

A Peste Suína Clássica (PSC) é uma doença viral, altamente contagiosa, que afeta apenas os suídeos, ou seja, não afetam os seres humanos ou outras espécies. É causada por um vírus da família Flaviviridae, gênero Pestivirus.
A transmissão da PSC ocorre, principalmente, a partir do contato direto entre animais infectados, mas também pode ocorrer através do contato com alimentos contaminados, equipamentos ou objetos contaminados, conhecidos como fômites.

Figura 1: Possíveis vias de transmissão do vírus da PSC entre os suídeos. Fonte: ABCS (2024) [Vacinação contra a Peste Suína Clássica no nordeste]

A PSC tem um impacto significativo na produção suína, causando prejuízos econômicos consideráveis devido à mortalidade dos animais infectados, redução de produtividade e restrições comerciais. Sendo uma doença de notificação obrigatória ao Serviço Veterinário Oficial, conforme a Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), por não ter cura e tratamento.

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Atualmente o Brasil está dividido em Zona Livre (ZL) de PSC, abrangendo 16 estados (AC, BA, ES, GO, MG, MS, MT, PR, RJ, RO, RS, SC, SE, SP, TO e DF, além de quatro municípios amazonenses); e a Zona não Livre (ZnL) de PSC, abrangendo 11 estados (Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Pará, Amapá, Roraima e parte do Amazonas).

Figura 2: Zonas livres e não livre de PSC no Brasil. Fonte: OMSA, adaptado pela ABCS (2024) [Vacinação contra a Peste Suína Clássica no nordeste]

Nos últimos seis anos, 87 focos da doença foram confirmados, resultando em prejuízos milionários em indenizações, conforme demonstrado pela Figura 3.

Figura 3: Focos de PSC confirmados nos estados de CE, PI e AL. Fonte: ABCS (2024). [Vacinação contra a Peste Suína Clássica no nordeste]

Os focos ocorreram nos estados do Ceará, Piauí e Alagoas, todos resolvidos devido a rápida atuação do Serviço Veterinário Oficial (SVO), com o sacrifício dos suínos afetados e indenizações aos produtores rurais. Conforme a Tabela 1, os onze estados que compõem a Zona Não Livre de PSC no Brasil representam um total de 309.413 propriedades, abrigando, aproximadamente, 5,6 milhões de suínos.

Tabela 1 – Comparativo entre número de propriedades com suínos, o rebanho e a população presente nos estados que compõem a ZnL. [Vacinação contra a Peste Suína Clássica no nordeste]

Considerando que esses estados somam uma população de cerca de 52 milhões de habitantes, e que o consumo per capita (2023) de carne suína no Brasil foi de 20,68 kg (ABCS, 2024), há um significativo potencial para o aumento da produção e do consumo na ZnL. Se a produção for aumentada para atender a demanda local, fortaleceria a economia e reduziria os custos de logística entre os estados, assegurando a produção de proteína dessas regiões.

Fonte: ABCS (2024)

Tornar o Brasil livre dessa doença de alto impacto econômico e avançar com as regiões livres de PSC é o desafio, em especial para a suinocultura nordestina, onde a criação de suínos desempenha um papel importante no sustento das famílias locais, caracterizada por sistemas de produção de pequena escala, com foco na comercialização local ou subsistência, e também, embora em menor escala, por sistemas tecnificados.

Em 2019, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) em conjunto com a iniciativa privada do setor, devido aos alertas de focos recorrentes na zona não livre, criou um grupo de trabalho (GT) para estruturar o Plano Estratégico para erradicação da PSC no Brasil, no qual foram estabelecidas ações para fortalecer e promover a vigilância sistemática contra a PSC e a necessidade do desenvolvimento de um programa de vacinação de forma regionalizada na ZnL.

Assim, visando verificar a melhor estratégia de vacinação e de mobilização do programa de vacinação gratuita, se elencou o estado de Alagoas para o projeto piloto, devido ao apoio dos parceiros locais (Governo de Alagoas, SEAGRI e ADEAL), por sua extensão da área geográfica e rebanho de suínos, somado à preocupação quanto a ocorrência do foco registrado em 2019 estar localizado na região limítrofe com a zona livre da doença.




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