Vacinação oral reduz positividade por Salmonella para 2,5% no abate, mostra estudo apresentado no SINSUI
Pesquisas destacadas por Luciana Hernig e Jalusa Deon Kich no evento da Boehringer Ingelheim reforçam papel da prevenção precoce ainda na maternidade

Vacinação oral reduz positividade por Salmonella para 2,5% no abate, mostra estudo apresentado no SINSUI
A vacinação precoce por via oral vem se consolidando como uma estratégia eficaz para conter a contaminação por Salmonella spp. ainda nas granjas. Foi essa a principal mensagem do Lunch and Learning promovido pela Boehringer Ingelheim durante o SINSUI 2025, que contou com a participação da pesquisadora Jalusa Deon Kich, da Embrapa Suínos e Aves, e da médica-veterinária Luciana Fiorin Hernig, coordenadora técnica responsável pelas vacinas vivas da empresa.
Luciana apresentou os resultados de um estudo que demonstrou redução expressiva da positividade nos linfonodos e nas fezes de suínos vacinados, com apenas 2,5% dos animais apresentando presença de Salmonella no momento do abate. Os dados incluem sorovares diversos, como Typhimurium, Derby e 4,[5],12:i:-, e reforçam o potencial das vacinas para reduzir riscos não apenas sanitários, mas também comerciais no frigorífico.

A pesquisadora Jalusa lembrou que a Salmonella ainda é o principal patógeno envolvido nos alertas sanitários internacionais e que, embora os dados nacionais sobre atribuição de risco por alimento sejam escassos, estudos europeus apontam a carne suína como a terceira principal causa de infecção por Salmonella em humanos.
“Falta ao Brasil um sistema nacional integrado de informações. Sem isso, continuamos dependentes de dados externos para entender a real dimensão do problema”, pontuou.
Durante sua fala, Jalusa reforçou que ações de controle sanitário no campo são indispensáveis para atender às exigências internacionais de segurança dos alimentos. “A responsabilidade do campo não se encerra na produção. O que entregamos no frigorífico é o que vai chegar ao consumidor, aqui ou fora do país”, destacou.
As duas vacinas da Boehringer Ingelheim — Enterisol® SC54 e Enterisol® Salmonella T/C — são vivas, atenuadas, administradas por via oral e podem ser aplicadas a partir do primeiro dia de vida dos leitões. Ambas estimulam a produção de imunoglobulina A no intestino, promovendo defesa local no ponto mais crítico da infecção.
A Enterisol® SC54, disponível há mais tempo no mercado brasileiro, é baseada em Salmonella Choleraesuis e tem sido empregada principalmente para controle de quadros clínicos, como diarreia e septicemia. Já a Enterisol® Salmonella T/C combina os antígenos de Choleraesuis e Typhimurium, com foco mais amplo — tanto em problemas clínicos como na redução da positividade no frigorífico.
“A inclusão do sorovar Typhimurium atendeu a uma demanda do campo por soluções que impactem também os resultados no abate”, explicou Luciana.
Acidificação da água de bebida
A apresentação também abordou os desafios relacionados à acidificação da água de bebida como estratégia complementar no pré-abate. Segundo Jalusa, os resultados ainda são limitados, especialmente quando a contaminação está presente na cavidade oral dos animais.

Ao final, a pesquisadora reforçou que não se deve descartar nenhuma tecnologia, mesmo aquelas que hoje não demonstram eficácia plena.
“Talvez quando a contaminação estiver mais controlada, algumas dessas ferramentas comecem a mostrar seu valor. Por enquanto, o caminho mais sólido está na prevenção, com estratégias bem planejadas ainda na maternidade”, concluiu.
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