Em janeiro deste ano, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) previa um crescimento na produção brasileira de carne suína de 5% de 2019 para 2020. Além disso, o USDA também estimou aumento de 15% nas exportações brasileiras. Porém, o cenário é bem diferente (positivamente) das estimativas apresentadas. Apenas nos nove primeiros meses o setor […]
Em janeiro deste ano, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) previa um crescimento na produção brasileira de carne suína de 5% de 2019 para 2020. Além disso, o USDA também estimou aumento de 15% nas exportações brasileiras.
Porém, o cenário é bem diferente (positivamente) das estimativas apresentadas. Apenas nos nove primeiros meses o setor já gerou à balança comercial brasileira US$ 1,664 bilhão. O número já é superior 66% a 2019 (US$ 936,2 milhões, tendo exportado 750 mil toneladas). No saldo do ano (janeiro a agosto), as vendas de carne suína totalizaram 678,3 mil toneladas, volume 44,37% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, com 469,8 mil toneladas. Para analisar e debater sobre este cenário, o Diretor Executivo de Agropecuária da JBS SEARA, José Antônio Ribas Jr. foi o convidado da Live no intagram da SuínoBrasil no dia 08/10/2020.
Engenheiro Agrônomo formado em 1992 pela Universidade de Passo Fundo – RS, Ribas atua a 27 anos na produção agropecuária de Aves e Suinos (com passagem pela Sadia/BRF durante 20 anos; e a 7 anos na JBS Seara) atualmente Diretor Executivo de Agropecuária na JBS Seara, possui experiência na gestão de projetos, liderança e formação de equipes em produção de aves e suínos é Presidente da ACAV (Associação Catarinense das Industrias de Aves), Diretor do Sindicarne/SC (Sindicato das Industrias de Suinos de SC), Vice Presidente do Sindiavipar (Sindicato das Industrias de aves do PR) e Membro do Conselho Consultivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
Ribas pondera a atenção que deve ser dada ao crescimento da suinocultura nacional, que nos últimos anos apresentou um “crescimento tímido” em participação de mercado, tanto no mercado doméstico quanto das exportações. E destacou o crescimento da suinocultura nacional em 2020 em detrimento dos obstáculos sanitários que comprometeram a suinocultura chinesa, Peste Suína Africana.
Na visão do Diretor, os profissionais da cadeia suinícola devem se atentar ao cenário nacional, antes de se preocupar com os acontecimentos na China,
há muito dever de casa a ser realizado!
Sobre as projeções para os próximos anos, Ribas explica que os agentes da cadeia devem ter um “otimismo realista” que os próximos 10 anos serão bons anos para a suinocultura brasileira, e ressalta alguns pilares relevantes para o setor, tais como:
A cadeia necessita de porta-vozes que mostrem as competências do setor, que mostrem as boas práticas, que deem relevâncias às coisas boas. A gente precisar ensinar à sociedade o que é a Suinocultura brasileira!
Ribas ressalta que o grande desafio para o setor se chama: BRASIL! E destacou momentos históricos para a cadeia suinícola como, a “Carne fraca”, a “Greve dos caminhoneiros”.
Outro ponto abordado por Ribas diz respeito ao bem-estar animal, e o Presidente da ACAV destaca o aculturamento do bem-estar animal, “todos nós temos que honrar e respeitar o animal que nos dá a vida para nos alimentar!”. Entender a interação do homem com o animal!
Diante desses dados quais são as estratégias da agroindústria para atender a demanda de mercado, interno e externo? E pensando em mercado externo, houve mudanças para atender diferentes tipos de demanda (Exemplo: Rússia que adquiria, carcaça inteira ou meia carcaça e Países asiáticos que têm preferências por cortes).
Na ocasião o Diretor Executivo de Agropecuária da Sera/JBS destacou o cenário recorde de exportações de carne suína, ressaltando a dependência do mercado chinês. E ressaltou, que a visão dependência de mercado externo – principalmente China – deve ser feita por um olhar mais amplo, e afirma a impossibilidade de recuperação e autossuficiência da China em carne suína para os próximos cinco anos, devido a aspectos biológicos que seriam:
Ribas faz a seguinte reflexão:
“Existe outro país no mundo em condições de produzir suínos em quantidade, qualidade, com a sanidade, livre dos principais problemas que o mundo enfrenta que não seja o Brasil? Existe hipótese da China de prescindir do Brasil como fornecedor de proteína animal (Aves ou suínos)? Não há essa possibilidade! Exceto se nós não fizermos o dever de casa!”
Ribas também explanou sobre o atual cenário dos grãos, em que milho e soja atingiram valores históricos. E enfatiza sobre a apropriação dos recursos e valorização dos produtos de exportação pela lógica do seguinte raciocínio: “Ao invés de exportar milho e soja, matéria prima bruta, gera-se 1 dinheiro, ao exportar cortes, cortes básicos há uma geração 7 vezes maior do faturamento para o país. E isso tem um valor enorme para gerar empregos e riquezas internas, ressaltando que a exportar milho e soja é abastecer competidores do Brasil.”
Ribas conclui dizendo que a suinocultura brasileira deve aproveitar o momento de grandes volumes e ficar atenta que esse mundo rapidamente irá migrar, aumentando a exigência e, o país precisa se preparar para abastecer o mercado mais exigente. E finaliza com o tema de que está na hora de elaborar um plano estratégico do agronegócio brasileiro, de reunir um grupo notável de profissionais do setor para construção de um planejamento estratégico.
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