Nutrição e Alimentação

Efeitos da suplementação de ácidos orgânicos e mananoligossacarídeo na saúde de suínos em fase de creche desafiados por Salmonella Typhimurium

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Eduardo Miotto Ternus Vetanco

Eduardo Miotto Ternus

Furtado J.C.V.

Furtado J.C.V.

Ines Andretta Professora e Pesquisadora da UFRGS

Ines Andretta
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Efeitos da suplementação de ácidos orgânicos e mananoligossacarídeo na saúde de suínos em fase de creche desafiados por Salmonella Typhimurium 

A fase de creche é um dos períodos mais críticos na vida dos suínos, uma vez que ocorrem mudanças abruptas incluindo:

  • Separação da mãe
  • Troca de uma dieta líquida (leite) para dieta sólida e
  • Mistura de leitegadas de diferentes origens.

Além disso, quando o desmame é realizado precocemente, o trato gastrointestinal dos suínos ainda é imaturo o que compromete os processos de digestão e absorção dos nutrientes. 

Esses fatores resultam em um desequilíbrio na microbiota intestinal dos animais, o que pode comprometer a saúde, bem-estar e desempenho zootécnico.

Associado a esses fatores, existe uma crescente demanda para substituição do uso de antibióticos promotores de crescimento nos sistemas de produção. Portanto, diferentes aditivos são testados para modular a microbiota intestinal e minimizar os efeitos dos desafios sanitários na saúde de leitões nessa fase da produção, como ácidos orgânicos (AO) e prebióticos. Contudo, as informações disponíveis sobre a interação destes aditivos com desafios com Salmonella ainda são escassas. 

O experimento foi dividido nas fases de adaptação (pré-desafio) e experimental (pós-desafio), cuja duração de cada uma foi de 5 e 14 dias; respectivamente. 

Vinte e oito leitões machos não castrados (Large White × Landrace) desmamados aos 28 dias foram aleatoriamente distribuídos em um dos quatro tratamentos: 

Após o período de adaptação, os animais foram inoculados oralmente com uma dose de 5 mL contendo 2×109 UFC/ml de Salmonella Typhimurium.

Durante o período experimental, a temperatura retal foi monitorada duas vezes ao dia. 

Amostras de fezes foram coletadas diretamente do reto dos leitões nos dias 1, 3, 5, 7 e 14 pós-desafio a fim de verificar a excreção e a quantificação de Salmonella Typhimurium, de acordo com a metodologia de Número Mais Provável (NMP). 

Durante todo o período experimental os animais foram mantidos sob temperatura controlada com água e ração ad libitum. Os animais foram considerados a unidade experimental. 

Os procedimentos estatísticos (análise de variância) foram realizados utilizando o procedimento GLIMMIX do software SAS 9.3. Diferenças foram avaliadas pelo teste de comparações múltiplas de Tukey ao nível de 5%.

Não houve diferença entre os tratamentos para a temperatura retal (P=0,44). A ocorrência máxima de leitões com febre (temperatura retal maior que 39,8 °C) aconteceu 3 dias após o desafio, com redução gradual até o final do experimento. 

Fabà et al. (2020) observou que a prevalência máxima de febre em suínos foi no quarto dia após desafio por Salmonella spp. No presente estudo, foi observado uma maior frequência de febre (P<0,05) para animais do tratamento CON (75% dos animais), seguido pelo tratamento SBD (25%), SAD (15%) e STAD (0%) no terceiro dia pós desafio. 

Ao final do experimento (dia 14), a ocorrência de leitões positivos para excreção de Salmonella Typhimurium foi de 63% para o tratamento CON, 25% para o SAD, 13% para o STAD e 0% para o grupo SBD (Tabela 1). 

Durante todo o período pós-desafio, a frequência média de leitões excretando Salmonella Typhimurium foi maior para os animais do grupo CON (P<0,05), quando comparado aos outros tratamentos. Além disso, houve maior quantificação de Salmonella Typhimurium nos animais do grupo CON (P<0,05) em relação aos demais.

Tabela 1: Frequência e quantificação de Salmonella Typhimurium (NMP) em amostras fecais de leitões suplementados com ácidos orgânicos e mananoligossacarídeo em diferentes períodos e doses.

Por mais que a ênfase no controle da salmonelose se dê na fase de terminação devido ao risco de contaminação das carcaças no abate, minimizar a excreção de Salmonella spp. na fase de creche é uma estratégia eficiente para reduzir a sua prevalência nas próximas fases da produção, principalmente por conta da principal forma de transmissão ser fecal-oral (2)

Alguns estudos corroboram com o efeito positivo de AOM encontrados neste trabalho, como em Ternus et al. (2022), no qual comprovou que a suplementação desses aditivos em conjunto traz resultados semelhantes ao de APC, podendo ser alternativa na nutrição de suínos em fase de creche. 

As ações benéficas do AO e do MOS incluem:

Esses mecanismos de ação podem explicar a menor excreção de ST, menor frequência de animais positivos para ST e menor ocorrência de animais com febre nos tratamentos suplementados quando comparados ao tratamento CON.

A suplementação de ácidos orgânicos combinados com mananoligossacarídeo na dieta de leitões na fase de creche pode reduzir os efeitos negativos causados pelo desafio de Salmonella Typhimurium.

Efeitos da suplementação de ácidos orgânicos e mananoligossacarídeo na saúde de suínos em fase de creche desafiados por Salmonella Typhimurium | Referências sob consulta aos autores. 

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