Genética de alta eficiência, resiliência e nova prevenção redesenham a produção de suínos ‘dentro da porteira’
Genética eficiente, resiliência sanitária, biosseguridade rigorosa e tecnologias integradas fortalecem a competitividade dentro da porteira, com prevenção orientada por dados.

Genética de alta eficiência, resiliência e nova prevenção redesenham a produção de suínos ‘dentro da porteira’
No painel “Dentro da Porteira” do Pork Pinnacle 2025, realizado pela suínoBrasil com apoio do Sindicarne-SC e do ICASA, líderes da suinocultura discutiram como manter a competitividade da suinocultura brasileira em um cenário de margens apertadas e novas exigências sanitárias e de mercado.
O debate foi moderado por Osvaldo Miotto, diretor-executivo do ICASA, e reuniu Alexandre Furtado da Rosa, Diretor Superintendente da Agroceres PIC; Delair Bolis, CEO da MSD Saúde Animal; Fernando Yukio Yoshida, sanitarista da COOASGO, Peter der Linde, CEO da Leeo Precision Farming, e José R. Goulart, da Alibem.

Painel ‘Dentro da Porteira” Pork Pinnacle 2025.
Se, no painel da manhã, o https://www.gov.br/agricultura/pt-brMinistério da Agricultura destacou a meta de, até 2027, avançar no pleito para que o Brasil seja reconhecido como livre de PSC (Peste Suína Clássica) pela OMSA, à tarde os debatedores mostraram o que precisa acontecer dentro da granja para que a combinação entre genética de ponta, sanidade e tecnologia se converta em eficiência real e acesso a mercados.
Alexandre Furtado da Rosa ressaltou que a genética hoje disponível no Brasil já coloca o país em um patamar de desempenho comparável (e, em alguns casos, superior) ao dos Estados Unidos, desde que a estrutura de granja e a saúde do plantel permitam que esse potencial se expresse.

O executivo destacou também que a discussão deixa de ser apenas “quanto o animal produz” e passa a incluir resiliência e padronização de carcaça. Ele citou a necessidade de estreitar bandas de peso, hoje ainda largas em muitos sistemas brasileiros, e de estruturar fluxos que permitam retirar antecipadamente os animais mais pesados, reduzindo a variabilidade sem recorrer sistematicamente a ferramentas como a ractopamina.
Nesse contexto, Alexandre apontou dois eixos de investimento para os próximos ciclos, que incluem biosseguridade mais rigorosa (incluindo tecnologias de secagem rápida de caminhões, já usadas há mais de 15 anos em sistemas de referência) e automação integrada com leitura individual dos animais, câmeras para seleção física e uso de algoritmos para monitorar comportamento e peso com precisão superior à balança eletrônica.
Prevenção

Bolis trouxe ainda exemplos de uso de sensores em bovinos leiteiros que individualizam decisões de tratamento, quando o colar indica alteração de comportamento, o animal é medicado; quando o dado mostra estabilidade, o caso é apenas monitorado. Esse tipo de abordagem, defendeu, tende a se consolidar também na suinocultura, reduzindo o uso de antimicrobianos, encurtando o tempo de recuperação e fortalecendo o vínculo entre bem-estar, produtividade e sustentabilidade.
O executivo lembrou que investimentos industriais recentes – como plantas dedicadas a soluções de rastreabilidade e identificação animal em Joinville (SC) – buscam justamente reduzir o custo unitário dessas tecnologias e torná-las mais acessíveis ao produtor, ampliando o uso de dados ao longo de toda a cadeia.
Biosseguridade
Do ponto de vista da operação de campo, Fernando Yukio Yoshida apresentou o caso da COOASGO, que reestruturou sua pirâmide sanitária para conviver de forma controlada com micoplasma. Com apoio técnico, a cooperativa passou a aclimatar fêmeas de reposição ainda jovens, controlando a transmissão na fase de reprodução e ajustando os fluxos para evitar contaminações cruzadas entre sistemas.

Yoshida destacou ainda que, depois da fase mais dura de implantação, a estabilidade sanitária torna o trabalho diário menos pesado e mais produtivo, o que também melhora a qualidade de vida de quem está dentro da granja.
Tecnologia e pessoas


Ao longo de todo o debate, ficou claro que genética de alta eficiência, resiliência sanitária, programas de prevenção baseados em dados, biosseguridade disciplinada e tecnologia integrada formam hoje a base da competitividade “dentro da porteira”, com impacto direto na capacidade do Brasil de sustentar sua presença em mercados externos e responder às novas agendas de bem-estar, rastreabilidade e sustentabilidade discutidas ao longo do Pork Pinnacle 2025.
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