O prolapso não é apenas um problema de produção, também tem um impacto negativo sobre o bem-estar dos animais e, na verdade, é um dos parâmetros a serem avaliados de acordo com o protocolo Welfare Quality®. Clique aqui e confira mais um artigo da SuínoBrasil!
O prolapso do tecido retal e vaginal tende a ocorrer esporadicamente em suínos, frequentemente associado ao parto, e a verdade é que normalmente não damos mais importância a isso. Às vezes aumenta o número de casos, comportando-se como um surto e aí passamos um pouco mais de tempo procurando a causa.
O prolapso não é apenas um problema de produção, também tem um impacto negativo sobre o bem-estar dos animais e, na verdade, é um dos parâmetros a serem avaliados de acordo com o protocolo Welfare Quality®.
Quando falamos sobre as possíveis causas do prolapso, a seguinte lista vem à mente:
AMBIENTE
Estresse no transporte: neste caso os leitões se amontoam em caminhões devido ao frio, estresse ou medo.
TRANSTORNOS DIGESTIVOS
O prolapso também pode estar associado a enterite grave por diversas causas, especialmente enterite causada por salmonelose ou ascaridíase em leitões jovens. Outras causas de enterite podem incluir micose intestinal após o uso prolongado de antibióticos.
TRANSTORNOS RESPIRATÓRIOS
Também pode ocorrer devido a uma condição do trato respiratório com tosse intensa.
O prolapso vaginal e/ou retal às vezes ocorre como consequência da flacidez e relaxamento do canal do parto em porcas próximas ao parto. Os partos distócicos também podem ser acompanhados de prolapso.
A constipação ou estenose retal também está relacionada ao prolapso retal, devido a deficiências nutricionais na dieta, tais como dietas com baixo teor de fibras.
A presença de micotoxinas está associada a uma possível causa de prolapso vaginal.
A zearalenona, uma micotoxina encontrada em vários grãos utilizados na produção ração, pode causar edema e irritação vulvovaginal em porcas ou porcas pré-púberes. O esforço frequentemente leva ao prolapso da vagina e talvez do reto.
Uma associação com substâncias estrogênicas também foi observada em cereais e certas gramíneas (incluindo alfafa), mas como em quase tudo relacionado a micotoxinas, mais estudos são necessários para confirmar tal afirmação.
Foi relatado que fatores genéticos contribuem para o prolapso da vagina e do útero em algumas raças, embora, mais uma vez, mais estudos são necessários para comprovação.
Embora esse problema não deva ultrapassar 1% do número total de mortalidade em porcas, nos EUA eles detectaram um aumento nos últimos 5 anos. Isso levou diferentes equipes de pesquisa a analisar possíveis covariáveis.
O Iowa Pork Industry Center da Iowa State University iniciou uma pesquisa em toda a indústria suinícola comercial dos EUA. O objetivo era identificar fatores de risco potenciais que seriam usados para gerar hipóteses e estratégias de teste para mitigação para prevenir o prolapso na porca.
Participaram do estudo 104 propriedades distribuídas geograficamente, com diferentes sistemas de produção e, evidentemente, diferentes taxas de incidência de prolapso. Semanalmente, eles enviaram dados sobre mortalidade e prolapso.
A equipe do estudo desenvolveu um questionário para avaliar instalações, genética, estado sanitário, estratégias de nutrição, estratégias de gestão, como atendimento ao parto e condições ambientais.
Também foram feitas visitas presenciais nas propriedades para mensuração do comprimento da cauda e condição corporal, além da avaliação da área perianal.
Foram estudadas as possíveis causas associadas ao número de prolapsos semanais em 1.000 porcas, aplicando-se vários métodos estatísticos a esses dados, para avaliar os fatores de risco associados à taxa de incidência de prolapso.
A mortalidade anual por prolapso foi de 2,7% com uma oscilação entre propriedades de 0,3% -10,3% entre aquelas com menor e maior incidência. De acordo com os pesquisadores, essa grande variabilidade entre as propriedades foi fundamental para ajudar a entender as possíveis causas do prolapso.
Propriedades com a maior incidência de prolapsos apresentaram mudanças climáticas mais abruptas.
A condição corporal foi avaliada de forma visual, no último terço da gestação, estabelecendo 3 graus:
1. Magras
2. Normais
3. Gordas
O presente estudo relacionou a adoção da estratégia de alimentação conhecida como “Bump feed” ou aumento da alimentação fornecida no último terço da gestação. A adoção do Bump diminuiu a incidência de prolapso, principalmente em propriedades com porcas magras.
Um sistema de escalonamento foi desenvolvido para a região perineal anteparto de acordo com seu aspecto (inchaço e protrusão da vagina e / ou reto) e o risco de prolapso futuro:
1. Risco de prolapso baixo
2. Intermediário
3. Risco elevado
A maioria dos prolapsos ocorreu em animais classificados como 3.
Tratamento da água: O tratamento da água parece reduzir a incidência de prolapso. O mais interessante é que não só foi observada uma menor taxa de prolapso nas propriedades com água tratada, mas também uma diminuição na mortalidade total das porcas.
Não houve diferença no total de leitões nascidos entre as porcas que prolapsaram ou não. As porcas prolapsadas tiveram menos leitões nascidos vivos em comparação às porcas que não prolapsaram.
O manejo durante o parto também foi levado em consideração e o impacto da inspeção manual no subsequente aparecimento de prolapso foi observado. Não foram observadas diferenças significativas entre porcas assistidas e não assistidas, determinando que a assistência ao parto não foi um fator desencadeante de prolapso.
A hipocalcemia (baixa concentração sérica de cálcio) é frequentemente considerada um fator de risco no desenvolvimento de prolapso em porcas. No entanto, os dados disponíveis são limitados para demonstrar que as porcas no periparto sofrem de hipocalcemia.
A hipocalcemia foi amplamente estudada em vacas leiteiras e parece haver uma relação entre vacas alimentadas com dietas ricas em cálcio no final da gestação e uma maior prevalência de hipocalcemia ou “febre do leite”.
Este experimento, conduzido no Centro de Ensino e Pesquisa Suína da Universidade de Wisconsin-Madison entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, teve como objetivo avaliar a relação entre uma alta concentração de cálcio em dietas para porcas multíparas e o desenvolvimento de hipocalcemia durante a lactação.
Inesperadamente, as porcas alimentadas com uma dieta rica em cálcio durante o terço final da gestação mostraram uma concentração sérica de cálcio total constante, mas ligeiramente maior do que as porcas alimentadas com uma dieta controle (10,93 vs 9,75 mg / dL). Ou seja, uma dieta rica em cálcio no período pré-parto não foi associada à hipocalcemia pós-parto.
Seria essa uma estratégia em porcas para minimizar o aparecimento de prolapsos? Mais estudos são necessários para comprovação dos dados.
As conclusões e hipóteses desses estudos marcam um ponto de partida para futuras pesquisas para testar e validar, ou não, os fatores de risco detectados.
As informações sobre as possíveis causas de prolapso, bem como quais estratégias utilizar, são escassas. Portanto, faz-se necessário o investimento em pesquisas para investigar causas e estratégias para mitigar prolapso em suínos.
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