Recordes de exportação e consumo de carne suína: o que muda agora para o produtor
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, detalha a agenda imediata da cadeia suinícola diante de um cenário raro: exportações recordes, consumo interno acima de 19 kg/hab/ano e transição tributária em curso.
Recordes de exportação e consumo de carne suína: o que muda agora para o produtor
No estúdio agriNews Play — iniciativa da suínoBrasil e estúdio oficial do 21º Congresso Nacional da Abraves — o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, detalhou a agenda imediata da cadeia suinícola diante de um cenário raro: exportações recordes, consumo interno acima de 19 kg/hab/ano e transição tributária em curso. A associação também liderou no evento um painel sobre uso racional de antimicrobianos, tema que volta ao centro das exigências de mercado e de saúde pública.
Segundo Lopes, a prioridade é consolidar preço e presença no varejo, sem perder o ritmo de diversificação de destinos. O trabalho com redes varejistas — que inclui formação in loco de colaboradores, visitas a granjas e frigoríficos e ações como a Semana Nacional da Carne Suína — seguirá mirando mais espaço de gôndola, mix de cortes e expansão regional, especialmente no Norte/Nordeste, onde ainda há resíduos de preconceito histórico.
“A grande virada veio quando levamos informação e rotina de produção para quem atende o consumidor. Esse canal de educação sustenta consumo e preço”, resume.
Assista a entrevista completa:
No front externo, a ABCS reforça a estratégia de múltiplos mercados (já perto de 90 destinos), ancorada em estado sanitário robusto e capacidade competitiva. Para 2026, a meta é crescer volumes com melhor remuneração, conectando padrões de bem-estar e programas de redução responsável de antibióticos às pautas de sustentabilidade e acesso sanitário (caso de Japão e países do Sudeste Asiático).
“Sanidade é nosso patrimônio. Se protegermos a casa, a demanda existe”, afirma.
Do lado macro, dois pontos exigem resposta rápida:
1) Crédito e investimento. A ABCS vê juros elevados e dificuldade de liberação travando projetos — com sinais de inadimplência e retração bancária. A entidade atua junto ao governo para destravar linhas, equalizar taxas e recompor prazos, priorizando modernização de granjas, ambiente e logística. O objetivo nos próximos trimestres é reativar o pipeline de capex com custos financiáveis. “Com Selic alta e spread elevado, o investimento não fecha conta; precisamos baixar custo financeiro e garantir acesso”, pontua.
2) Reforma tributária e regulamentação. A agenda no Congresso e no Executivo busca preservar competitividade enquanto se definem alíquotas, isenções e regras de transição. A ABCS trabalhou para incluir carne suína na cesta básica e para isenções específicas (como em reprodutores e registros genealógicos), além de ajustar normas de transporte que, no formato original, elevariam custos em até 30%. O quadro ainda é dinâmico, com textos em votação e pontos a lapidar por medidas provisórias. “Há conquistas, mas persistem riscos; seguimos de perto para evitar aumento líquido de custo na granja e no varejo”, diz.
Assista a entrevista completa:
No campo técnico, a ABCS lançou, ao lado da Abraves, um manual de uso racional de antimicrobianos, alinhado a MAPA e ABPA, com boas práticas, treinamento e indicadores para reduzir uso sem perder desempenho — caminho semelhante ao que o setor trilhou em bem-estar animal desde 2014. A associação também reforça biosseguridade como rotina audível (pessoas, transporte, lavagem/desinfecção e barreiras), conectando menos doença a menor antibiótico e melhor conversão.
Recado final. Lopes é otimista: com a América do Sul consolidando-se como celeiro de proteína e o Brasil ocupando 70% desse protagonismo regional, o ciclo é de crescimento com responsabilidade.
“Temos condição de produzir e mercado para vender. Nosso dever de casa — tributos, crédito, biosseguridade, bem-estar e antibióticos — vai determinar a margem entre agora e 2026.”
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