04 nov

Troca de conhecimentos, DNA da Bretanha Suínos

Confira a entrevista com Pedro Ivo de Quadros Filho – Diretor da Bretanha Suínos, empresa líder em reprodução suína do Brasil, durante a PorkExpo 2022.

Troca de conhecimentos, DNA da Bretanha Suínos

Confira uma entrevista exclusiva com Pedro Ivo de Quadros Filho, Diretor da Bretanha Suínos no estande da SuínoBrasil na PorkExpo 20 anos. 

Durante a PorkExpo 2022, em Foz do Iguaçu (PR), a suínoBrasil recebeu em seu estande, personalidades, empreendedores, estudantes e suinocultores.

bretanha

Na ocasião, realizamos entrevistas exclusivas durante o evento. Um dos entrevistados foi Pedro Ivo de Quadros Filho – Diretor da Bretanha Suínos, empresa líder em reprodução suína do Brasil. Com mais de 20 anos de experiência na suinocultura, a Bretanha atende 1,3 milhão de porcas com sua inseminação artificial e tecnologias de automação e opera quatro centros de produção de sêmen.

bretanhaNo ano em que a Bretanha Suínos completa 21 anos de história foi lançado o Programa de Reprodução Assistida (PRA). Conta pra gente o que é o PRA e quais são os pilares do Programa.

O PRA é um programa de reprodução assistida que nós criamos acompanhando uma mudança no mercado de produção. Se nós voltarmos oito a dez anos, a maioria das granjas de suínos do Brasil tinham sua central de inseminação interna. Houve uma grande mudança no perfil desse mercado e hoje nós temos grandes centrais de inseminação com alta tecnologia que produzem e distribuem sêmen para os produtores.

Essas centrais investem muito dinheiro em tecnologia, em processo, em produtos pra garantir a qualidade da dose de sêmen até o momento da saída da granja. Porém essa dose, na sequência, durante o tempo que ela é transportada e durante o tempo que ela é armazenada na granja, possui pouco ou nenhum controle, e muitas vezes o suinocultor (obviamente temos que confiar em nosso parceiro/fornecedor) não tem ou não conhece a qualidade da dose que ele recebe.

Então a gente estabeleceu o programa PRA (Programa de Reprodução Assistida) que consiste em um segmento de qualidade da dose que o cliente recebe, que o produtor recebe e seu fornecedor. Aliada à um programa de suporte técnico, treinamento, padronização, treinamento de operadores, acompanhamento dos resultados e com relação aos resultados da qualidade da dose com os resultados reprodutivos.

Então é um programa que visa ajudar o suinocultor a identificar eventuais desvios na qualidade da dose o mais rápido possível, após ele ter recebido a dose. Porque o processo de reprodução ele é longo, ele é um processo de 115 dias entre a inseminação e o parto. Se eu esperar esses 115 dias pra saber o resultado que eu vou ter, eu posso ter quatro meses de problema.

Então, o PRA foi criado com o objetivo de ajudar a suinocultura a monitorar a qualidade das doses e também acompanhar treinamentos, resultados e a colocação de tecnologias, como controle de temperatura das conservadoras, pra monitoramento em tempo real da temperatura das conservadoras.

Então é um programa bastante amplo, bastante completo que busca garantir o monitoramento da qualidade da dose que já chega na granja com o parâmetro esperado.

Então não é só criar tecnologia, né Pedro? É tecnologia, dar suporte para o produtor e fortalecer esse elo entre empresa e o produtor, certo?

 Sim, no DNA da Bretanha está a transferência de conhecimento!

No final, a Bretanha trabalha com transferência de conhecimento, com treinamento, com desenvolvimento, com parcerias e pra ajudar a suinocultura a se desenvolver tecnicamente.

Falo muito para nossos profissionais que estão em trâmites de iniciar uma empresa:  O que a gente busca fazer, que a gente faz extensão rural na sua essência!

 

Um marco na história da Bretanha Suínos foi a parceria com a empresa espanhola Magapor em 2010. Comente sobre essa parceria estratégica.

Em meados de 2008/2009 nós da Bretanha começamos a entender que a reprodução dos suínos passaria por grandes transformações. Nós, antes de começar a acontecer estas grandes centrais, percebemos que elas iriam existir. Então nós entendemos que precisávamos de um parceiro tecnológico. Naquele momento nós tínhamos uma parceria com uma outra empresa, mas é uma parceria com uma segunda linha de produto. E nós trazíamos muito produto importado, produto da China. Então, entendemos que precisávamos de um parceiro estratégico, que estivesse desenvolvendo tecnologia e encontramos a Megapor, que tinha um projeto muito similar ao nosso e entendemos que tinha total sinergia e construímos uma parceria que já vai completar pra doze anos.

O mercado de reprodução é um mercado muito dinâmico, então a gente sempre tem que estar com parceiros fortes e farejando aquilo que acontecerá nos próximos anos.

O mercado da suinocultura e mercado de produção passaram por muitas mudanças nos últimos quinze anos. Essa parceria com a Magapor foi muito importante para nós e nos próximos anos a gente também segue em busca de parcerias estratégicas, porque o mercado de reprodução vai continuar mudando.

Eu sempre falo que uma empresa pra ter sucesso ela precisa quatro pilares:

  • Ter um produto de qualidade.
  • Ter uma estrutura de atendimento.
  • Ter um relacionamento com o mercado.
  • Ter uma retaguarda (parceiros que tenham marcas fortes, que tenham conhecimento, que consigam te ajudar a fortalecer e ajudar a suinocultura)

 

Falando em parcerias estratégicas, no último dia 13 a Bretanha anunciou a parceria estratégica denominada Bretanha AMVC Gerenciamento e Serviços. No que consiste essa parceria e quais são os objetivos desse novo negócio da Bretanha?

Essa parceria na verdade ela é uma Joint Venture onde nós criamos uma empresa chamada “Bretanha AMVC” onde 50% das ações são da Bretanha e 50% são da AMVC. A AMVC é uma empresa americana, uma clínica veterinária americana.

Para explicar o que é esse negócio, eu preciso explicar um pouco o que é uma clínica veterinária nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, em torno de 30% da produção de suínos é gerenciada por clínicas veterinárias. Porque? A produção dos suínos americana passou pelos desafios que a nossa suinocultura está passando hoje que é:

  • Aumento do tamanho das granjas,
  • Necessidade de profissionalização,
  • Escassez de mão de obra,
  • Dificuldade de formação de pessoas.

Então, que aconteceu nos Estados Unidos? As clínicas veterinárias, elas entraram no mercado ou passaram a desenvolver e dar esse suporte às granjas, às empresas, profissionalizando a gestão e a operação. É um modelo de sucesso dos Estados Unidos.

O que nós enxergamos aqui no Brasil? No Brasil temos de um lado o produtor de suíno com uma visão de curto prazo, normalmente com baixa profissionalização, com baixo nível de gestão. Do outro lado nós temos a agroindústria: alta organização, com nível de gestão e profissionalização alto e necessitando de uma visão de longo prazo, necessitando ter uma segurança na cadeia de fornecimento.

E no meio essas duas partes não se encontram. Então hoje o que acontece? A agroindústria acaba avançando e indo produzir suíno. Mas esse não é o negócio da agroindústria, dos frigoríficos produzir suíno. O negócio deles é abater, processar e entregar a carga.

Então com a Bretanha AMVC nós pretendemos ajudar a profissionalizar a produção, fazer com que os frigoríficos e as agroindústrias tenham uma um parceiro e possam ter uma profissionalização no segmento de produção, gestão e visão de longo prazo. Então, essa é a essência da Bretanha AMVC.

Em outras palavras nós vamos nós vamos replicar o modelo americano aqui no Brasil. Nós escolhemos a AMVC a dedo. Porque? Como eu falei antes na pergunta anterior a gente de quatro pilares fortes para sustentar o negócio. A Bretanha tem estrutura, tem um relacionamento com o mercado, temos um conceito muito interessante que vamos trazer dos Estados Unidos e precisávamos de um parceiro forte.

A AMVC é a terceira maior clínica veterinária nos Estados Unidos, eles gerenciam uma produção de 155 mil matrizes nos EUA. Então é um parceiro a altura da Bretanha e que vai nos ajudar a promover esse conceito. E o objetivo do negócio é fazer gestão de granja.

Em outras palavras, o produtor, o suinocultor e o investidor terceiriza a operação dele conosco e nós cobramos uma taxa de administração por leitão produzido. É um trabalho onde nós estaremos comprometidos com o cliente em cima da produtividade, se produzimos mais nós ganhamos mais, se produzir menos nós ganhamos menos.

 

A partir da compreensão da estrutura morfofisiológica do animal e da realidade de cada produtor a Bretanha possui em seu portfólio desde equipamentos de envase à diluentes de sêmen e pipetas para idades reprodutivas específicas das fêmeas suínas. Comente um pouco sobre o portfólio da Bretanha.

Além do que você mencionou em equipamentos e produtos, a gente também tem a produção de doses de sêmen.

A gente tem hoje a capacidade de produzir 60 mil doses, estamos produzindo mais de 35 mil doses comerciais mais uma produção que nós temos contratado com uma grande agroindústria.

Pipetas, diluentes são commodities. O produto da Bretanha é conhecimento. nós não vendemos commodities, nós transferimos conhecimento e monetizamos através delas.

Hoje em nosso time de especialistas nós contamos com uma pessoa que é especialista em genética. Nós temos especialistas em reprodução, nós temos especialistas em manejo. Nós temos engenheiro. Nós temos uma área de pesquisa e desenvolvimento.

Tudo isso é para transferir conhecimento e suporte ao nosso cliente. Hoje nós vendemos pipeta, mas talvez em alguns anos a pipeta vai ser substituída por outra coisa porque vêm avançando questões de ESG, de sustentabilidade, de redução do uso do plástico. Mas a Bretanha vai continuar na vanguarda de trazer novas tecnologias e ajudar o produtor e o suinocultor a implementar novas tecnologias na prática.

Então, se você me perguntar qual é o produto da Bretanha? Conhecimento técnico, serviço e suporte.

Como é que nós monetizamos? Na venda da commoditie que hoje é pipeta, diluente, dose de sêmen.

 

Além deste portfolio muito completo, a Bretanha conta com uma infraestrutura composta por 4 UDG’s. Compartilha conosco qual a capacidade e principais tecnologias utilizadas nas unidades.

Nós temos quatro unidades com uma capacidade total de 950 machos, o que dá pra uma capacidade de produção de torno de 150 mil doses mensais. Hoje a gente produz em torno de 80 mil doses por contrato para uma grande agroindústria. Então, duas unidades são dedicadas a essa agroindústria e as outras duas unidades são Open Market (Mercado Aberto).

Nessas outras duas unidades hoje a gente tá produzindo entre 35 e 40 mil doses. E com capacidade e com projeto de crescimento. Em termos de tecnologia, nós temos o que há de mais moderno de tecnologia nessas unidades, especialmente a parte de tecnologia da informação e da conectividade de dados.

Nós buscamos hoje dentro das nossas unidades, dentro da nossas centrais, otimizar a produção e a produtividade dos animais, dos machos de maior valor genético. Então, o nosso objetivo é maximizar a transferência genética dessas centrais. Pra isso nós, além de todas as tecnologias de produção, sistema casa, sistema computadorizado, análise de sêmen, automação de envase, estamos implementando nas unidades o rastreamento de ponta a ponta por código de barra. Em toda a América, do norte ao sul, nós somos os que trabalham com a menor concentração por dose, trabalhamos com 1.5 bilhões em doses pós cervical.

E outro ponto inovador é a intensificação da coleta dos machos jovens. Nós sabemos que o valor genético de um macho é mais alto quando ele é mais jovem. Então os machos de maior valor genético na central são os machos que estão chegando.

Tradicionalmente nós coletávamos esses machos uma vez por semana. Nós rompemos com esse paradigma e hoje nós coletamos até duas vezes na semana. Publicamos um trabalho nos Estados Unidos na Associação Americana Veterinária Especialista em Suínos, mostrando que não existe nenhuma perda produtiva e de qualidade de dose por coletar desses machos mais vezes por semana.

Mas em contrapartida um ganho enorme na qualidade genética que mandamos ao campo. São essas tecnologias aliadas ao nosso conhecimento, ao suporte que nós temos para o mercado, para os nossos clientes, suporte técnico e de conhecimento que faz com que nós garantimos os resultados para os nossos clientes.

Nós somos a única empresa produtora de sêmen que assina em contrato, garantia de qualidade de dose. Se der problema de qualidade na dose, nós repomos os dias não produtivos. Então isso é feito com base em todos os procedimentos, como tecnologias que nós utilizamos.

 

Aproveitando que você comentou sobre tecnologia da informação e conectividade, nos conte mais sobre a novidade da Bretanha, outra parceria estratégica com a DataSwine.

 

A DataSwine é uma start-up que começamos a investir em 2015, investimos primeiramente no desenvolvimento de um software para gestão de centrais de sêmen, que é o software que utilizamos em nossas centrais e em centrais de nossos clientes.

Em meados de 2016 e 2017 houve um “boom” na revolução digital, revolução 5.0 e começamos a olhar e pensar: “Hoje a suinocultura tem muitos softwares trabalhando em caixinhas, em configurações isoladas e um não conversa com o outro, o software da central não conversa com o software UPL, o software da UPL não conversa com o software da terminação que por sua vez não conversa com o software dos frigoríficos.”

Porém, a cadeia está toda conectada. A genética do macho que produz o sêmen impacta diretamente no rendimento da carcaça e talvez até do corte, da qualidade do corte que vai até a gôndola do supermercado. Só que essa informação está desconexa. Então, o projeto, o propósito da DataSwine é conectar essas informações independente do software que venha (pode vim no software desenvolvido por nós, pode vim num software livre de mercado), mas o nosso objetivo é conectar os dados para gerar informações em cinco níveis:

  • Informações de monitoramento;
  • Informações de alerta;
  • Informação analítica/estatística;
  • Informação preditiva e
  • Informação prescritiva.

 

Hoje a suinocultura trabalha nos dois níveis:  monitoramento e alerta. Pouca coisa no nível analítico. Quase nada no nível preditivo. Então o propósito da DataSwine é darmos ao mercado e ao cliente informações no terceiro, quarto e quinto nível.

É uma startup, somos investidores nessa startup, temos parcerias fortes, com um grupo espanhol que está investindo junto. E já contamos com alguns clientes muito interessados em conhecer mais sobre a solução.

 

Pedro, para encerrar o nosso bate-papo, nos fale sobre qual é a grande meta da Bretanha com relação à reprodução suína?

Com relação à reprodução de suínos, acreditamos que continuará evoluindo e se transformando. Eu ainda acredito que novas técnicas de reprodução vão aparecer e serão implementadas. Temos muitas oportunidades no uso da tecnologia de inteligência artificial, algoritmos na inseminação artificial. Então, a grande meta da Bretanha é ser líder no mercado, nós queremos ter em torno de 60% do mercado de produção.

Agora, não me pergunte se vai ser vendendo pipeta, se vai ser vendendo diluente ou vendendo doses. Porque eu não sei se esses qual é o tamanho do mercado dessas commodities lá na frente, mas eu tenho certeza que o que mais a suinocultura e a reprodução dos suínos precisa é: conhecimento, gestão e informação.

E isso que nós queremos prover ao mercado através da Bretanha Suínos que produz conhecimento, tem produtos para inseminação através da Bretanha AMVC que vem com viés de serviço, de gestão e através da DataSwine que vem com o viés de tecnologia e informação.

Então, o nosso plano estratégico prevê uma sinergia de três frentes, essas três companhias, ajudando a suinocultura a ser mais produtiva e mais eficiente e mais competitiva do ponto de vista produtivo.

 

Confira a gravação da entrevista em nosso Canal do YouTube:

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