Biosseguridade que paga a conta: Dr. Maurício Dutra mostra o “como” e “por que” o setor não pode esperar
O médico-veterinário Dr. Maurício Dutra foi direto ao ponto: biosseguridade não é modismo, é infraestrutura de resultado

Biosseguridade que paga a conta: Dr. Maurício Dutra mostra o “como” e “por que” o setor não pode esperar
No estúdio agriNews Play, iniciativa da suínoBrasil e estúdio oficial do 21º Congresso Nacional da Abraves, o médico-veterinário Dr. Maurício Dutra (GFD Consultoria) foi direto ao ponto: biosseguridade não é modismo, é infraestrutura de resultado e, sem ela, não há redução sustentável de antimicrobianos nem estabilidade produtiva. Pesquisador com trabalhos de referência sobre uso de antibióticos em suínos no Brasil, Dutra conectou estratégia e execução no painel Produção e Manejo e antecipou mensagens do debate coordenado pela ABCS.
A provocação inicial explica por que o tema segue no topo da pauta: o Brasil convive com menos enfermidades de alto impacto que mercados como China, Vietnã e Rússia, o que pode relaxar a disciplina no dia a dia.
“Nossa condição sanitária é privilegiada — e justamente por isso tende a ser subestimada. Biosseguridade é cultura preventiva. Se a dor vier primeiro, já será tarde”, alertou.
Assista a entrevista completa:
Do diagnóstico à rotina: o roteiro mínimo viável
Dutra recomenda começar medindo. Checklists estruturados — hoje disponíveis em plataformas e softwares — permitem pontuar riscos por área (introdução de animais e quarentena; transporte e lavagem; água, ração e fábrica; fluxo de pessoas; limpeza e desinfecção) e linkar prática com performance. Exemplo prático: auditorias de limpeza com swab e meta de contagem <1.000 UFC após lavar e desinfetar. “Quando o swab volta com 58 mil, 70 mil, a diarreia do lote seguinte não é surpresa”, resumiu.
A educação da equipe é parte do diagnóstico: procedimentos operacionais padrão (POPs) simples, visuais e treináveis, para que cada recém-chegado saiba o que é certo e por quê.
“Sem POP e sem treinamento, biosseguridade vira opinião — e rotina vira sorte”, disse.
Pilares que não podem faltar (e pagam rápido)
“Quando vem de cima, vira DNA e a resposta é mais veloz do que quando depende da boa vontade”, pontuou.
Assista a entrevista completa:
Antimicrobianos: da cultura do preventivo ao uso racional
Em levantamento de 2017, 72% das granjas avaliadas aplicavam antibiótico preventivo ao nascimento; hoje, a prática tornou-se minoritária onde colostragem, limpeza e assistência ao parto evoluíram. A correlação que importa se repete: mais biosseguridade, menos antibiótico e melhor produtividade — sem perder eficiência técnica ou econômica.
“Precisamos tirar o antibiótico do centro e colocar gestão, vacinas robustas, manejo e verificação no lugar. Queimar munição hoje é ficar sem resposta amanhã”, afirmou.
Pró-ativo, não reativo
Com o Brasil livre de febre aftosa sem vacinação e doenças exóticas à porta dos vizinhos, a mensagem final é de urgência prática: padronize, treine, audite e meça.
“Biosseguridade eficiente é como academia: não resolve em um mês — mas é ela que sustenta o corpo inteiro”, concluiu Dutra.
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