Diferença de até 24 doses por coleta entre centrais da BRF expõe oportunidades ocultas na reprodução suína
Durante apresentação no SINSUI 2025, Rodrigo Moreira, gerente corporativo de reprodução da BRF, compartilhou dados que revelam a complexidade e os desafios da gestão reprodutiva de suínos em larga escala.
Diferença de até 24 doses por coleta entre centrais da BRF expõe oportunidades ocultas na reprodução suína
Durante apresentação no SINSUI 2025, Rodrigo Moreira, gerente corporativo de reprodução da BRF, compartilhou dados que revelam a complexidade e os desafios da gestão reprodutiva de suínos em larga escala. Segundo o palestrante, a companhia coordena 13 centrais de coleta e processamento de sêmen, 22 granjas multiplicadoras e 377 mil fêmeas em produção, com uma média anual de mais de 3 milhões de doses processadas.
As informações apresentadas mostraram que, mesmo dentro de uma estrutura altamente organizada, há variações significativas de desempenho entre unidades — como a diferença de até 24 doses por coleta entre centrais avaliadas. A partir disso, a BRF vem investindo em análises detalhadas para entender o que explica essas diferenças e como reduzi-las.
Diagnóstico além do fenótipo
Entre os dados compartilhados por Rodrigo, um ponto chamou atenção: ao focar em apenas 8% dos doadores com frequência média de coleta superior a 9 dias, foi possível estimar que uma simples redução para 8 dias poderia gerar 122 doses extras por ano na média da UDG (Unidade de Disseminação Genética).
A conta se torna expressiva ao ser projetada sobre todo o sistema da companhia. A análise também revelou que a taxa de extrações aprovadas por unidade variava até 24%.
A frequência de coleta oscilava em até dois dias entre centrais com o mesmo material genético. Em um dos exemplos, a diferença entre duas centrais chegou a 696 doses produzidas, apenas pela forma como os animais eram manejados.
Benchmarking, cluster e plano de ação
Com uma base de dados composta por mais de 69 mil coletas anuais, a BRF utiliza análises por clusters para identificar padrões e exceções. Dentro de uma mesma raça, é possível encontrar desempenhos radicalmente diferentes, dependendo da idade média dos machos, da frequência de coleta e até da organização do calendário de uso dos reprodutores.
Esses levantamentos, segundo Rodrigo, permitem à equipe traçar planos específicos, testar hipóteses e medir o impacto das mudanças implementadas. Ele destaca ainda que as análises também ajudam a determinar quando os gargalos podem ser atribuídos à genética ou à nutrição — e quando o problema está no manejo.
Do dado ao comportamento
Rodrigo compartilhou ainda uma iniciativa prática: um torneio entre operadores de coleta, com base em desempenho técnico. Mais do que competição, o objetivo foi criar engajamento e gerar mudanças sustentáveis na rotina das centrais.
“A gente começa com dados, mas só transforma quando envolve pessoas”, resumiu.
A apresentação demonstrou que, em um sistema com escala industrial, as oportunidades de melhoria muitas vezes estão dentro da própria estrutura — e podem ser acessadas por meio de comparação, análise e ajuste fino na gestão operacional.
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