25 fev

Entrevista com Dra. Janice Zanella: Status sanitário da suinocultura nacional

O Brasil ocupa hoje uma posição de destaque na suinocultura global, devido ao seu criterioso controle sanitário que garante ao país o 4º lugar no ranking mundial de exportação de carne suína. “Para manter o protagonismo na suinocultura global, os profissionais da cadeia suinícola devem estar atentos na preservação do maior diferencial competitivo da suinocultura […]

Entrevista com Dra. Janice Zanella: Status sanitário da suinocultura nacional
agronutri topo janeiro/24

O Brasil ocupa hoje uma posição de destaque na suinocultura global, devido ao seu criterioso controle sanitário que garante ao país o 4º lugar no ranking mundial de exportação de carne suína. “Para manter o protagonismo na suinocultura global, os profissionais da cadeia suinícola devem estar atentos na preservação do maior diferencial competitivo da suinocultura brasileira: a sanidade.

“É essencial que profissionais envolvidos na atividade conheçam as doenças que estão ameaçando mundialmente a suinocultura e, principalmente, adotar medidas de biosseguridade para reduzir o risco da entrada destas doenças no país e nas granjas.” Palavras do Presidente da ABCS, Marcelo Lopes

E para esclarecer todas as dúvidas sobre as doenças presentes na suinocultura global e nacional a Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves, Dra. Janice Zanella que é médica veterinária formada pela Escola de Veterinária da UFMG, com M.Sc. e Ph.D. em Virologia Molecular na University of Nebraska, Estados Unidos concedeu uma entrevista pelo instagram da SuínoBrasil.

Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves, Dra. Janice Zanella.

 

 

Zanella é pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves na área de Virologia Animal. Além disso, participa do Comitê Técnico do Programa Nacional de Sanidade Suídea do MAPA, bem como dos Comitês da OIE: Peste Suína Clássica, Peste Suína Africana e Influenza Suína. De 2008 a 2010, foi cientista visitante no USDA em Ames, Estados Unidos.

Para esclarecimento das principais doenças que acometem o rebanho nacional a pesquisadora esclareceu que as doenças de suínos são divididas em três grandes grupos, sendo eles:

Doenças da produção;

 

Doenças de apoio a defesa, que apresentam grande impacto às exportações; e

 

Doenças de segurança de alimentos, são aquelas transmitidas por alimentos.

 

 

Todas causam grande impacto econômicos ao setor, mas a de maior impacto no plantel do rebanho brasileiro são as doenças da produção, principalmente as doenças do trato respiratório, causadas tanto por vírus quanto por bactérias, destacando:

Outro ponto de destaque, no que tange o controle sanitário da suinocultura nacional, foi a evolução da adoção de medidas de biosseguridade, tanto na avicultura quanto na suinocultura intensiva. E a Chefe Geral da Embrapa destacou a Instrução Normativa 19, que considera a importância econômica da suinocultura e a necessidade de manter um nível sanitário adequado nas granjas que comercializam, distribuem ou mantenham reprodutores suídeos para multiplicação animal, a fim de evitar a disseminação de doenças (Peste Suína Clássica, Aujeszky, Lepstospira, Sarna, Brucelose, Tuberculose) e assegurar níveis desejáveis de produtividade.

Além disso, alguns estados brasileiros tem instituído IN ou Portarias relacionadas a critérios de biosseguridade para animais enviados para o abate, sendo estes critérios:

Embarcadouros

 

Delimitação das áreas com cerca

 

Vestiário

 

Escritório

 

Controle de roedores

 

Tratamento de água

 

Vazio sanitário

 

A pesquisadora também ressalta outras medidas para o controle sanitário no país, tais como:

Controle da entrada de animais no país

 

Controle da importação de material genético

 

E destaca a iniciativa do MAPA que em uma iniciativa público-privada criou a Estação Quarentenária de Cananéias no litoral do Estado de São Paulo, cujo objetivo é a importação de suínos em que é realizado um protocolo de testes e diagnósticos, mantendo assim o controle sanitário da suinocultura nacional.

“Há médicos veterinários atuando no país inteiro, tanto na área do controle quanto na área de inspeção,” ressalta Janice Zanella.

 

 

  • Quais as principais doenças que o Brasil é livre e que estão presentes na suinocultura global?

A pesquisadora destacou a presença da Peste Suína Clássica (PSC) no Nordeste do país e ressaltou os 15 estados brasileiros livres da PSC.

E dentre as principais doenças presente na suinocultura global, o Brasil é livre da PIRRS, destacando o trabalho dos importadores que realizaram testes em animais e material genético que entraram no país, garantindo assim a sanidade do plantel nacional. A diarreia epidêmica (PED) também está ausente na suinocultura nacional. E além disso, a pesquisadora ressalta a ausência das Trichinellas no rebanho nacional.

  • Como está o desenvolvimento da vacina para combater a PSA?

A pesquisadora Janice Zanella que também é membro do Comitê da OIE de PSA ressalta grupos de pesquisas na Espanha, bem como no USDA que estão com os estudos avançados. A pesquisadora reforça que o vírus causador da PSA possui mais de 20 genótipos ou sorotipos diferentes do vírus, dificultando o desenvolvimento de uma vacina segura.

 

  • Quais as diferenças entre Peste Suína Africana e Peste Suína Clássica?

A pesquisadora evidencia quais características as doenças possuem em comum, sendo elas:
São duas doenças extremamente importantes e são classificadas como doenças vermelhas, elas não são zoonoses (o consumo da carne não infecta o homem), e podem apresentar infecção crônica e subclínica.

E as diferenças entre as doenças:

A PSC é uma doença da família Flaviviridae, de genoma RNA. Ao passo que a PSA é uma doença cujo vírus pertence à família Asfarviridae e o genoma é um DNA. A PSC é menos persistente na carne e derivados em comparação à PSA. E outro ponto importante da PSA é que os suídeos africanos o vírus desenvolve o ciclo tanto no animal quanto no carrapato.

Além disso, Janice ressalta a tradição cultural da caça em países com registros de surtos da PSA.

E por fim, o vírus da PSC causa uma infecção persistente, ou seja, uma porca infectada dará origem a leitões também infectados. O sistema imune dos leitões não desenvolve uma linha defesa contra o vírus da PSC.

  • Quais são as medidas adotadas garantem aos demais estados brasileiros como área livre da PSC?

Desde o controle sanitário embasado em inúmeras IN até mesmo a adoção de barreiras, controle no transporte, compartimentação. A Chefe da Embrapa Suínos e Aves faz a seguinte ressalva:

O mais importante de tudo é a educação sanitária!

Janice salientou na ocasião para falar sobre o Projeto Javali, que desde 2012 em uma ação conjunta entre a EMBRAPA, MAPA, IBAMA, Exército estabelece critérios para realização da caça desde capacitação de caçadores até
o mapeamento de regiões com presença de animais asselvajados. Que nas palavras da pesquisadora toda essa conexão garante a segurança dos demais estados.

Por fim, para concluir e conscientizar a população sobre a importância do controle sanitário para manutenção da
sanidade do rebanho suíno, a Dra. Janice Zanella reforça para o turista o risco eminente em trazer para o país produtos de origem animal por tentativa ilegal por meio de bagagens e rechaça a ações em que turistas tentam entrar no país com produtos de caça e carnes e demais produtos de origem animal de países com registros de doenças cujo o Brasil é livre.

As normas brasileiras de
biosseguridade na cadeia
suinícola servem de modelo para
outros países, Janice Zanella!

Fonte: Redação SuínoBrasil.

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