O Brasil ocupa hoje uma posição de destaque na suinocultura global, devido ao seu criterioso controle sanitário que garante ao país o 4º lugar no ranking mundial de exportação de carne suína. “Para manter o protagonismo na suinocultura global, os profissionais da cadeia suinícola devem estar atentos na preservação do maior diferencial competitivo da suinocultura […]
O Brasil ocupa hoje uma posição de destaque na suinocultura global, devido ao seu criterioso controle sanitário que garante ao país o 4º lugar no ranking mundial de exportação de carne suína. “Para manter o protagonismo na suinocultura global, os profissionais da cadeia suinícola devem estar atentos na preservação do maior diferencial competitivo da suinocultura brasileira: a sanidade.
“É essencial que profissionais envolvidos na atividade conheçam as doenças que estão ameaçando mundialmente a suinocultura e, principalmente, adotar medidas de biosseguridade para reduzir o risco da entrada destas doenças no país e nas granjas.” Palavras do Presidente da ABCS, Marcelo Lopes
E para esclarecer todas as dúvidas sobre as doenças presentes na suinocultura global e nacional a Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves, Dra. Janice Zanella que é médica veterinária formada pela Escola de Veterinária da UFMG, com M.Sc. e Ph.D. em Virologia Molecular na University of Nebraska, Estados Unidos concedeu uma entrevista pelo instagram da SuínoBrasil.
Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves, Dra. Janice Zanella.
Zanella é pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves na área de Virologia Animal. Além disso, participa do Comitê Técnico do Programa Nacional de Sanidade Suídea do MAPA, bem como dos Comitês da OIE: Peste Suína Clássica, Peste Suína Africana e Influenza Suína. De 2008 a 2010, foi cientista visitante no USDA em Ames, Estados Unidos.
Para esclarecimento das principais doenças que acometem o rebanho nacional a pesquisadora esclareceu que as doenças de suínos são divididas em três grandes grupos, sendo eles:
Todas causam grande impacto econômicos ao setor, mas a de maior impacto no plantel do rebanho brasileiro são as doenças da produção, principalmente as doenças do trato respiratório, causadas tanto por vírus quanto por bactérias, destacando:
Outro ponto de destaque, no que tange o controle sanitário da suinocultura nacional, foi a evolução da adoção de medidas de biosseguridade, tanto na avicultura quanto na suinocultura intensiva. E a Chefe Geral da Embrapa destacou a Instrução Normativa 19, que considera a importância econômica da suinocultura e a necessidade de manter um nível sanitário adequado nas granjas que comercializam, distribuem ou mantenham reprodutores suídeos para multiplicação animal, a fim de evitar a disseminação de doenças (Peste Suína Clássica, Aujeszky, Lepstospira, Sarna, Brucelose, Tuberculose) e assegurar níveis desejáveis de produtividade.
Além disso, alguns estados brasileiros tem instituído IN ou Portarias relacionadas a critérios de biosseguridade para animais enviados para o abate, sendo estes critérios:
Embarcadouros
Delimitação das áreas com cerca
Vestiário
Escritório
Controle de roedores
Tratamento de água
Vazio sanitário
A pesquisadora também ressalta outras medidas para o controle sanitário no país, tais como:
Controle da entrada de animais no país
Controle da importação de material genético
E destaca a iniciativa do MAPA que em uma iniciativa público-privada criou a Estação Quarentenária de Cananéias no litoral do Estado de São Paulo, cujo objetivo é a importação de suínos em que é realizado um protocolo de testes e diagnósticos, mantendo assim o controle sanitário da suinocultura nacional.
“Há médicos veterinários atuando no país inteiro, tanto na área do controle quanto na área de inspeção,” ressalta Janice Zanella.
A pesquisadora destacou a presença da Peste Suína Clássica (PSC) no Nordeste do país e ressaltou os 15 estados brasileiros livres da PSC.
E dentre as principais doenças presente na suinocultura global, o Brasil é livre da PIRRS, destacando o trabalho dos importadores que realizaram testes em animais e material genético que entraram no país, garantindo assim a sanidade do plantel nacional. A diarreia epidêmica (PED) também está ausente na suinocultura nacional. E além disso, a pesquisadora ressalta a ausência das Trichinellas no rebanho nacional.
A pesquisadora Janice Zanella que também é membro do Comitê da OIE de PSA ressalta grupos de pesquisas na Espanha, bem como no USDA que estão com os estudos avançados. A pesquisadora reforça que o vírus causador da PSA possui mais de 20 genótipos ou sorotipos diferentes do vírus, dificultando o desenvolvimento de uma vacina segura.
A pesquisadora evidencia quais características as doenças possuem em comum, sendo elas:
São duas doenças extremamente importantes e são classificadas como doenças vermelhas, elas não são zoonoses (o consumo da carne não infecta o homem), e podem apresentar infecção crônica e subclínica.
E as diferenças entre as doenças:
A PSC é uma doença da família Flaviviridae, de genoma RNA. Ao passo que a PSA é uma doença cujo vírus pertence à família Asfarviridae e o genoma é um DNA. A PSC é menos persistente na carne e derivados em comparação à PSA. E outro ponto importante da PSA é que os suídeos africanos o vírus desenvolve o ciclo tanto no animal quanto no carrapato.
Além disso, Janice ressalta a tradição cultural da caça em países com registros de surtos da PSA.
E por fim, o vírus da PSC causa uma infecção persistente, ou seja, uma porca infectada dará origem a leitões também infectados. O sistema imune dos leitões não desenvolve uma linha defesa contra o vírus da PSC.
Desde o controle sanitário embasado em inúmeras IN até mesmo a adoção de barreiras, controle no transporte, compartimentação. A Chefe da Embrapa Suínos e Aves faz a seguinte ressalva:
O mais importante de tudo é a educação sanitária!
Janice salientou na ocasião para falar sobre o Projeto Javali, que desde 2012 em uma ação conjunta entre a EMBRAPA, MAPA, IBAMA, Exército estabelece critérios para realização da caça desde capacitação de caçadores até
o mapeamento de regiões com presença de animais asselvajados. Que nas palavras da pesquisadora toda essa conexão garante a segurança dos demais estados.
Por fim, para concluir e conscientizar a população sobre a importância do controle sanitário para manutenção da
sanidade do rebanho suíno, a Dra. Janice Zanella reforça para o turista o risco eminente em trazer para o país produtos de origem animal por tentativa ilegal por meio de bagagens e rechaça a ações em que turistas tentam entrar no país com produtos de caça e carnes e demais produtos de origem animal de países com registros de doenças cujo o Brasil é livre.
As normas brasileiras de
biosseguridade na cadeia
suinícola servem de modelo para
outros países, Janice Zanella!
Fonte: Redação SuínoBrasil.
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AUTORES
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