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16 jun 2020
Resíduos de um ano de aves e suínos contém 20% da demanda nacional de fertilizantes
A quantidade de nutrientes existente nos resíduos produzidos durante um ano pelos suínos e aves do Brasil, representa em torno de 20% da demanda nacional por fertilizantes. A informação foi passada pelo engenheiro agrônomo Vinícius Benites, mestre e doutor em solos e nutrição de plantas e pós-doutor pelo CSIRO Land and Water, na Austrália, durante […]
A quantidade de nutrientes existente nos resíduos produzidos durante um ano pelos suínos e aves do Brasil, representa em torno de 20% da demanda nacional por fertilizantes. A informação foi passada pelo engenheiro agrônomo Vinícius Benites, mestre e doutor em solos e nutrição de plantas e pós-doutor pelo CSIRO Land and Water, na Austrália, durante o episódio de 12/6 da série “Embrapa em Ação”, transmitida durante o programa Giro do Boi, do Canal Rural.
O pesquisador falou sobre o trabalho da Embrapa envolvendo a produção de fertilizante organomineral granuladoa partir de dejetos de aves e suínos no Brasil. Ele lembrou que seu trabalho com pesquisas a esse respeito pela Embrapa começou em 2006 e que hoje o Brasil é referência nessa área.
Segundo Benites, a tecnologia começou a ser testada pela alta produção destes resíduos no estado de Goiás, forte produtor de aves e suínos. Depois de anos de testes em bancadas, a tecnologia foi levada a campoe, atualmente, já se tornou comercialpor meio do processo de transferência de tecnologia da própria Embrapa para o setor privado.
A quantidade de nutrientes existente nos resíduos produzidos durante um ano pelos suínos e aves do Brasil, representa em torno de 20% da demanda nacional por fertilizantes.
Conforme informou o pesquisador, a primeira versão comercial do produto disponível é um granulado feito de uma mistura de cama de frango com fosfato monoamônico – MAP, com uma formulação final de NPK 5-20-2. Pelo seu formato, ele pode ser usado em máquinas que fazem o plantio direto de soja e milho, por exemplo, mas a Embrapa quer descobrir e validar novas fórmulas do composto.
Entre as novas tecnologias sendo testadas está o acréscimo de micronutrientes, além de cálcio, magnésio e enxofre. “Sem medo de errar, é um mercado que vai expandir muito no Brasil nos próximos anos”, afirmou Benites, lembrando que o Brasil importa mais de 90% do potássio e entre 50% e 60% do fósforo que consome.
Além de oferecer uma solução relevante para o cenário de importação de fertilizantes, os organominerais reforçam ainda a bioeconomia nacional, ou seja, criando soluções com sustentabilidadeporque encontra destino para resíduos que poderiam contaminar o meio ambiente.
“São técnicas bem vistas pelo mercado e isso agrega valor ao sistema de produção”, salientou Benites. “A ideia de você produzir um organomineral e ter sistema de produção que utilize este produto vai trazer maior chance deste produto ser considerado produto verde e agregar valor via bioeconomia”, completou.
Benites afirmou que a Embrapa está trabalhando com coleta de dados para quantificara redução de impactos ambientaisque os organominerais trazem às cadeias produtivas em relação a estoque de carbono, não contaminação do meio-ambiente e outras vantagens.
“Nós já fizemos um ensaio em Rio Verde (Goiás) mostrando que quando transformamos resíduos da suinocultura em organomineral granulado, você zera essa emissão (de gases de efeito estufa), então falta agora isso ser computado e adicionado no sistema para gerar valor e agregar valor ao sistema de produção”, ilustrou.